Indistinto Amor

10. Indistinto Amor

•Junmyeon•

Yixing realmente se foi, ele simplesmente desapareceu após toda aquela confusão, já haviam se passado duas semanas, eu o ligava todos os dias, mas o número sempre dava caixa postal. O que mantinha a minha sanidade era Jaewon, eu mantinha minha postura pelo nosso filho, não podia ser dominado por meu estado emocional naquele momento, agora Jaewon só tinha a mim.

Até mesmo Tao havia desaparecido, descobri que a rede de academia havia sido vendida, mais uma vez me senti traído, ele nem ao menos comentou isso comigo, agora eu entendia todo o tempo extra que ele passou a ficar junto de Yifan, deveriam estar acertando os últimos detalhes.

Eu voltava para casa com Jaewon a tira colo naquele fim de tarde, tive que alterar toda a minha rotina, agora eu era pai solteiro, não sabia até quando conseguiria suportar aquilo, era difícil, muito difícil.

Meus pais já estavam ciente da ausência de Yixing na minha vida. Menti, contei a eles uma história sobre como o relacionamento desandou após um tempo, e que ele havia voltado para a China após nosso termino, ficaram chocados com o fato dele ter deixado nosso filho e partido. Eles ofereceram total apoio a mim, já que meu desiquilíbrio emocional era bem claro durante a ligação, eu estava uma pilha de nervos, havia ainda é claro a minha melancolia.

-Senhor Kim. – o porteiro me chamou.

-Boa Tarde Senhor Choi. – o cumprimentei, meio robótico.

-Chegou correspondência. – ele disse. Achei estranho, eu não havia encomendado nada.

-Ah, obrigado. – agradeci, pegando os envelopes, em um deles havia um volume estranho. Após isso voltei a puxar o bracinho do meu filho, em direção ao elevador.

Quando cheguei a minha sala, a qual estava uma bagunça, como nunca esteve antes, minha vida estava de cabeça para baixo, eu tinha vontade de fazer nada, me segurava para não chorar constantemente, sentia um vazio indecifrável, era uma sensação indescritível.

Jaewon sentia falta do pai, perguntava periodicamente sobre Yixing, do jeito dele, mas perguntava, eu apenas o abraçava e dizia que ele não mais voltaria, o pequeno nada entendia, e voltava a perguntar sobre o pai corriqueiramente durante os dias.

-Papai. – me chamava sonolento, coçando os olhinhos.

-Eu sei filho, já vou te dar banho. – sabia que ele queria dormir.

Abri os envelopes com cuidado, um deles vinha do tribunal, o outro não tinha remetente, desde caiu um molho de chaves, algo muito estranho. No primeiro era um documento, li aos dois, mais de uma vez, era quase inacreditável. Aquela era a confirmação de que toda aquela situação era mesmo verdade.

Em um dos envelopes Yixing abria mão dos direitos legais os quais tinha sobre Jaewon, ele realmente havia feito como eu o pedi. No outro havia a escritura do apartamento de Yixing, junto das chaves, havia ainda o esclarecimento de uma transação financeira para a minha conta corrente, Yixing havia deixado todo o lucro recebido da venda da academia nesta, eram muitos zeros, nunca havia visto tantos naquela conta. Senti minha pressão abaixar, então me sentei, Jaewon me encarava assustado.

-Papai! – me chamava novamente.

-O papai já está indo filho, me dê só mais um minutinho. – o pedi, ele por sua vez permaneceu me encarando.

Quando fui juntar todos aqueles documentos dentre de um dos envelopes, um bilhete caiu de dentro de algum deles, era uma carta, escrita por Yixing, só ele teria uma caligrafia desleixada como aquela. Respirei fundo e comecei a ler.

Querido Junmyeon...

Quero que saiba que dentro desses três anos nunca procurei mentir ou lhe enganar, você nem ao menos imagina o quanto arrependido eu me sinto por não ter lhe contado a verdade sobre a minha família desde o princípio.