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LOUIS

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LOUIS

Louis observava enquanto Morgan refletia sobre qual casaco devia usar. Um deles era uma parka acolchoada, vermelha e negra, que havia sido presente do Rei.

Quase podia-se dizer que era uma bolha. Inclusive Harry brincava dizendo que feita feita da mesma matéria daquela bolas  de hamster para seres humanos, onde se metia lá dentro e ficavam ricocheteando colina abaixo.

A outra opção era um sedoso jaquetão, azul marinho, antiquado e com botões de marinheiro na lapela, que ainda podia ser levantada como a de Drácula.

Uma parte do coração de Louis lhe doía, por saber que essa era a primeira vez na vida de Morgan, em que a garota tinha que tomar esse tipo de decisão. Antes, saindo da pobreza, teria sido afortunada por ter alguma coisa para escolher vestir.

E a ideia de que a menina tinha passado tantos invernos com frio, era mais que o suficiente para fazer Louis se sentir mau. Mesmo que não fosse culpa dele.

__ Não vejo porque preciso ir até a clínica. - disse Morgan, colocando a parka de volta no armário.

Louis sabia desde o início que o casaco de lã seria o escolhido. Havia sido um presente de Harry. E Wrath pode ser o Rei de toda a raça, mas não chegaria a sola do sapato do pai. Não na opinião de Morgan, que era absolutamente louca por Harry.

E essa noite ia ser assustador.

__ Você acha que há algo de errado? - Morgan encarou o pai enquanto voltava do armário.

__ Não. - Louis afirmou - não acredito. Mas é melhor saber com segurança ao invés de esperar que seja verdade.

__ Ainda não estou doente. - Morgan se aproximou da penteadeira e sentou-se diante do espelho - e todos os pretans são pequenos.

__ Eu concordo. - Louis odiava falar sobre o abuso que Morgan sofreu - mas a realidade é que seu corpo passou por muita coisa. Não significa que não vá passar por uma transição e ser alta e forte. Mas e se houver algo que possamos fazer agora, para nos assegurar que isso aconteça de fato?

__ Diz isso por causa dos ossos quebrados?

__Sim.

Morgan ficou em silêncio, agarrando a escova e passando através das largas ondas castanhas que lhe caíam sobre os ombros.

Louis deu a menina espaço para assimilar as coisas do seu jeito. Passou algum tempo olhando ao redor do quarto e se perguntando o que mais poderiam fazer para tornar o ambiente mais confortável para uma menina de treze anos.

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