Blood

22

Payne foi despertado pelo médico quando já estavam diante de sua casa. Estava meio atordoado e se moveu com alguma dificuldade.

Estava dolorido em partes do corpo que nem sabia que era possível doer. Teria mesmo sido uma insanidade se tivesse vindo sozinho pra casa.

Desceu do carro como se fosse um velhote humano muito velho. Bem, ele era velho, mas para os padrões vampiricos, ainda era um garoto.

Espera!

Por que havia fumaça saindo pela chaminé do chalé?

Eram só três da manhã...

Deixando todas as dores de lado, se concentrou em quem poderia estar em sua casa...

Ah sim... seu Zayn...

Não que o lindo moreno fosse dele, mas pelo visto resolveu chegar mais cedo.

Merda!

Bem que gostaria de ter tido um minuto, para pentear os cabelos e escovar os dentes, antes de ver Zayn.

E ainda tinha todos aqueles curativos por todo o seu corpo.

E se Zayn achou que um pequeno corte no supercílio foi um problema...o que acharia agora ao vê-lo todo enfaixado quase como uma múmia?

Pelo menos não podia ser acusado de não manter as coisas entre eles apimentadas.

Ou no mínimo... surpreendente!

Emoções eram diabinhos traiçoeiros. Muitas vezes...

Sentado diante do fogo da lareira que acendeu algumas horas antes, fitava as labaredas amarelas e alaranjadas, repetindo em sua cabeça aquele monólogo materno da tia.

O confronto. O abuso. A notícia ruim. O acidente que foi culpa da pessoa ou talvez de outro alguém. E o sentimento de alívio porque a situação havia acabado.

Era como se seu cérebro fosse um disco enroscado na vitrola e seus pensamentos fosse a agulha preso no disco.

Mesmo depois de ter invadido aquela casa que não era sua. E apesar de estar sentado no exato lugar em que quase fez amor com Payne na noite anterior, só conseguia ver e ouvir o que aconteceu dentro daquele closet.

O som de um motor do lado de fora do casebre , fez com que se levantasse e, por um momento, entrou em pânico. Pensou que seu pai o havia descoberto de alguma forma ali.

Mas logo sentiu a presença de Payne, o sangue que tomou dele mais uma vez agindo como um farol. Estava feliz por ter essa conexão com o guerreiro.

Mas e se ele ficasse bravo por ter chegado antes do combinado?

Nem sabia que horas era, porque havia chegado ali muito antes da meia noite.

E tinha esperanças que Payne não se zangasse com sua invasão.

A porta se escancarou e quando o enorme vampiro cambaleou pra dentro, Zayn cobriu a boca com a palma da mão, apenas para não gritar.

Payne estava vestindo apenas uma camisola de hospital. As pernas nuas, ligadas a um par de chinelos. Andava como se sentisse muita dor. Havia curativos visíveis nos bíceps e no ombro. Sem dúvida em outros lugares também.

Mas isso nem era o pior. O rosto estava coberto de cicatrizes, como se tivesse chegado perto demais de uma série de facas ou talvez de arame farpado.

__ Está ruim assim? - Payne parou ao ver a reação do outro.

__ Ah Deus! - Zayn correu pra ele de braços estendidos e então parou de repente - onde não está machucado? O que aconteceu com você? Apoie-se em mim.