Blood

18

Zayn se foi...

Payne ficou parado nos degraus da entrada do chalé por um bom tempo, mesmo depois do jovem vampiro já ter se desmaterializado.

Tudo em sua cabeça dava voltas. Tudo que havia compartilhado com Zayn, estava fora da norma do que ele costumava fazer com as pessoas com quem transava.

Pra ser honesto, com qualquer pessoa em sua vida! E isso o abalava de uma maneira assustadora.

Fazia tempo demais que não se conectava a outra pessoa dessa forma.

Talvez não gostasse muito do que sentia no momento. Os relatos feitos pelo moreno grudaram nos seus pensamentos. Foram processados e reprocessados. Exigindo todo tipo de emoção sem as quais ele vivia muito bem.

Era bem ruim que agora só conseguisse pensar em sair para encontrar briga em algum lugar. Ele sabia como lutar. Sabia o que fazer, como atacar, como evitar ser atingido. E já sabia de tudo isso muito antes de entrar no programa de treinamento!

Mas o que aconteceu ali, diante da lareira?...

Não fazia a menor ideia de como lidar com isso. Ou com as com sequências de cada um de seus atos.

Era muito mais fácil quando olhava Zayn e apenas queria foder aquele garoto rico e mimado.

Mas, naquele momento, algo mudou. Zayn era uma pessoa! Uma pessoa fascinante e surpreendente. Com sentimentos e com um caráter pouco visto naqueles de sua classe.

Voltou para dentro do chalé porque o frio o estava castigando. Sentiu o estômago roncar, mas não havia nada na casa para comer.

Olhou a pobreza do lugar e pensou em seu pai, por mais que tentasse afastar as lembranças...

Seu pai era um homem gentil...sem nenhuma educação formal, mas com uma alma gentil.

E proporcional a sua natureza, não lidou bem com a traição de sua mãe. Bebia demais e se tornou violento. Virou um mulherengo  e passou a maltratar o garoto deixado para trás.

Simplesmente foi definhando, tornando-se um fantasma que entrava e saia dos cômodos. E acabava assombrando esse espaço ali embaixo.

Payne odiava sua fraqueza! Talvez uma parte dele ainda odiasse isso.

Mas a tragédia daquela noite dos ataques, acabou com sua raiva justificada. Acrescentou uma marca divisória de ódio próprio e  de culpa.

Precisava afastar isso de sua cabeça. Precisava de alguma coisa, qualquer coisa na qual se concentrar. Algo que o afastasse de seus sentimentos.

Pegou o celular e franziu o cenho com uma mensagem deixada ali.

" Boa noite, Payne. Aqui é o pai de Zayn. Há um serviço adicional que eu gostaria que fizesse pra mim. E ficarei imensamente grato se vier ao meu encontro amanhã a noite. Uma hora após o por do sol. Obrigado."

Que diabos era aquilo agora?

Seu celular começou a vibrar em sua mão. Uma chamada de Novo.

__ Oi. Onde você está?

__ Uma boate. Aquele lixo europeu onde Peyton vai toda hora.

__ Está bêbada e precisa de carona? - questionou depois do silêncio do outro lado - sabe que não tenho carro, certo?

__ Só queria te perguntar uma coisa...

__ Pode falar.

__ Quer trepar?

Liam levantou uma sobrancelha. E por uma fração de segundo cogitou a possibilidade da fêmea vir até sua casa, e os dois foder igual coelhos, pela casa inteira.