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Harry quase preferia poder odiar o cara. Havia chegado a Casa de audiências pronto para proteger Louis e defender sua família.

Era uma espécie de guerra e o campo de batalha seria a natureza contra a criação. Um casal de pais adequados. Não biológicos, seria melhor do que um pai não adequado, mas potencialmente biológico?

Afinal, mesmo que Ruhn tivesse dinheiro, não havia a menor possibilidade de morar em uma casa mas segura ou em um ambiente melhor do que Harry e Louis.

Porque, convenhamos, os dois moravam com a Primeira Família. E Ruhn era solteiro. Não recebeu muita educação formal e não tinha experiência alguma com crianças de qualquer idade.

Portanto sim, Harry chegou naquela biblioteca pronto para brigar. Mas, ao invés disso, se viu sentado diante de um vampiro tragicamente calmo, respeitoso e sensato.

Desejou o tempo todo poder encontrar algum defeito, qualquer coisa, no tio de Morgan, para assim ter uma desculpa para odia-lo. Não havia nada!

__ O próximo passo talvez seja Ruhn conhecer Morgan. - Marissa disse de modo suave.

Harry expôs as presas mas se apressou em esconder.

__ Como sugere que façamos isso? - Louis perguntou.

__ Creio que precise ser um encontro supervisionado, mas não por um de vocês. - Marissa murmurou - Acredito que seja melhor que a lealdade de Morgan não esteja dividida nesse primeiro encontro. E ela vai querer ficar do seu lado e de Harry, por lealdade. Ruhn é um estranho pra ela.

__ Há quanto tempo ela está com vocês? - Ruhn quis saber.

__ Dois meses. - Louis sorriu sem notar.

__ Mas parece que faz a vida toda. - Harry completa sem pensar - nós a amamos como se fosse nossa filha biológica. E ela sente a mesma coisa a nosso respeito...

__ Ninguém duvida do amor de vocês. - Marissa comentou com delicadeza.

__ Que bom! - Harry se levantou em um rompante e começou a andar de um lado pro outro antes de encarar Ruhn como uma fera prestes atacar sua presa - esse amor existe entre nós e não vai a lugar nenhum.  E mesmo que você a leve de nós, ainda assim a amaremos. Morgan ainda vai estar no nosso coração e na nossa alma. Estou dizendo isso apenas para que fique bem claro que, se você for embora com ela...não vai haver uma noite em que Louis e eu não pensaremos na garota, e não nos perguntaremos como ela está, nos preocupando com ela...

__ Harry, amor...se acalme. - Louis pediu.

__ E quero que se lembre disso, se você a machucar...

Vishous se aproximou e segurou Harry.

__ Ok. Vamos recuar...

__...faço de você um tapete enquanto ainda estiver vivo. E devoro seu coração direto do peito...

E não, aquilo não era uma metáfora!

Um assobio foi ouvido. Zsadist e Butch apareceram na sala. Se aproximaram pela frente e por trás de Harry, que logo percebeu seu erro. Achava que os Irmãos estavam ali para impedir um ataque externo. Mas estava claro que estavam mais preocupados com um homicídio interno, sendo ele o agressor.

E Harry precisou dar algum crédito a Ruhn. Em vez de se encolher no sofá como um covarde, ou partir para um ataque precipitado, o vampiro simplesmente se levantou e se colocou em posição defensiva. Assim como havia feito duas noites atrás.

__ Está tudo bem - disse calmamente enquanto Harry era levado para longe - ele pode bater em mim se quiser.

Isso fez todo mundo parar e Vishous encarou o vampiro desacreditado.

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