Blood

25

Enquanto olhava a árvore de natal, Harry lamentava a grande perda que havia impedido que ele e Louis realmente aproveitasse esse feriado humano. A árvore estava rodeada de vários presentes colecionados desde que Morgan veio morar com eles. 

Havia tantas coisas que Morgan precisava e mais que isso, havia muitas coisas que Harry  queria lhe dar. Havia acrescentado algumas surpresas para Louis também, não que seu pequeno fosse aprovar.

Louis era minimalista. Não se apegava a coisas materiais. Não gosta de joias, carros ou roupas extravagantes. Gostava de seu Kindle e dos livros que baixava nele. Todos sem ilustrações e com letrinhas minúsculas, repletos de palavras que ele nunca tinha ouvido antes.

Louis não colecionava nada. Preferia usar seus sapatos até que se desmanchassem. Suas bolsas eram funcionais e não uma expressão de moda. 

Imagine o que acontece quando alguém se torna totalmente realizado como pessoa, não tem mais que se preocupar em ser definido por outro aspecto, além de quem é. Nada de comer ou beber compulsivamente. Nenhum vício em jogos. Nenhuma disfunção sexual. Nem dívidas no cartão de crédito.

Era lindo e frustrante, se quisesse cobrir seu companheiro de presentes.

Mas com a chegada de Morgan...estava ansioso para ter um novo receptáculo para sua exuberância em presentear. No entanto, nenhum pacote foi tocado debaixo da árvore.

Harry e Louis saltaram do sofá quando viram Vishous entrar. Ele havia voltado cedo da Carolina do Norte. E era impossível interpretar aquele rosto tatuado e de cavanhaque. E o vampiro sentou-se de frente para eles.

__ Ele está falando a verdade. - o Irmão disse - sobre tudo. Sobre quem diz que é. De onde vem. Quem eram os pais de Morgan e sobre os dois estarem mortos. Também conversei com as pessoas na casa onde ele trabalha. Faz décadas que trabalha lá. É confiável, bem empregado, nunca falta. Mora sozinho na propriedade. É bem conhecido na comunidade. Ninguém sabia da existência de Morgan até Louis postar no Facebook. E demorou um pouco mais para o sujeito saber porque não fica on line.

Harry podia sentir a tensão crescer no corpo de Louis a cada frase. Era como se o pequeno estivesse sendo golpeado por punhos. De sua parte, ele queria rugir, mas com quem exatamente iria gritar? Com  Vishous que era apenas o mensageiro de sua desgraça? Com o tio de Morgan que está apenas tentando fazer a coisa certa?

O pobre vampiro não havia feito nada de errado, exceto se apresentar quando soube que tinha uma sobrinha sozinha no mundo. Uma pobre órfã que não tinha mais ninguém.

__ Pedi a Ruhn que fosse até a Carolina do Sul e me encontrasse ontem a noite. O cara me levou pessoalmente até a casa dele, apesar do patrão já ter me deixado entrar. E se dispôs a me apresentar a quem eu quisesse. Todos gostam dele, mesmo ele sendo meio solitário.

__ Mas ele está pronto para cuidar dela? - Louis se impacientou - uma criança...o que estou dizendo? O sangue está acima de tudo.

Uma batida na porta da biblioteca fez Harry se sobressaltar mas era Marissa chegando. Ela abraçou Louis e então se sentou perto de Vishous, falando sobre algum tipo de plano para avaliar, outro para decidir...alguma porra do tipo.

A mente de Harry recuou, seus olhos desviando para a árvore de natal e se demorando nas luzes piscando no meio dos galhos verdes, em como algumas das embalagens dos presentes refletiam o dourado do fogo da lareira.

__ ...Harry? - Louis o chamou.

__ Desculpe. O que foi? - ele voltou a sua triste realidade.

__ Você concorda com tudo? Irmos até a casa de Audiência para nos conhecermos lá?