Uma árvore.
Ninguém se lembrava dela como um personagem importante de suas histórias. Ela estivera ali sendo recordada como a árvore do balanço, a árvore próxima da bica, a árvore que até havia recebido riscos de canivete em um momento de revolta.
Suas folhas tinham sido renovadas, e quando as pessoas ao seu redor deram conta do fato foi para dizer o quanto arrumava bagunça pelo pasto.
Mesmo agora quando o atrito da corda em seu galho emitia um barulho um pouco alto, os três personagens, que muito deles sabia, ignorava-a.
— Nosso peão está ficando importante! — Carolina comentou, empurrando a revista para a irmã.
— Um sucesso. Bem, quero saber qual será meu presente de aniversário esse ano.
— Um parabéns é suficiente.
— Poxa, mão de vaca.
— Thamara, eu não vou discutir com uma mulher quarentona e grávida.
— Para seu governo minha saúde é ótima, eu poderia perfeitamente te jogar no chão como fiz muitas vezes.
— Ah! Claro, você nunca fez isso.
— Exatamente, eu só peço a Carolina e ela faz.
— Ei!
Os três sorriram, movendo o balanço.
— Lembram quando escrevemos nossos nomes nessa árvore?
Finalmente algum reconhecimento.
— Eu quis escrever: Carol ama o André.
— Eu adorava pensar nas medidas dessa árvore, e olha que tem outras bem mais exuberantes.
— Muito bom escalar também esse galhos — José Pedro contribuiu.
— Você nunca me respondeu quantas folhas a árvore possui — Carolina lembrou-se rapidamente, franzindo o cenho.
— Jura que eu prometi isso?
— Acho que sim. Lembro que disse que você usaria sabiamente os números.
Nossa, muito tempo havia se passado desde aquela conversa.
— Bom, se eu considerar que em um pequeno ramo, do tamanho do meu braço para ser mais exata possui em média 85 folhas.
— Admita, Thamara, não dá para calcular isso.
— Quieto, JP. Cada galho que você costumava usar como degrau possuir em média 30 desses raminhos, conforme o diâmetro do tronco, as ramificações de pelos menos um terço dos galhos — Thamara interrompeu por um momento seu pensamento em voz alta, embora o cálculo continuasse mentalmente — Uau, seria mais de um milhão de folhas, sem considerar a quantidade que cai e cresce. E se descobrirmos a idade exata da árvore e projetar para a quantidade de folhas já perdidas e possivelmente as folhas que ainda perderá...
— Você é perfeita, Thamara! — a irmã mais velha admitiu com fascínio, tendo apoio do irmão caçula.
— Eu vou anotar isso e colocar na capsula do tempo que o vovô Álvaro está organizando — ela se levantou, ofegando com o chute do bebê — Quem sabe um dos meus três filhos resolva responder esse enigma.
— Ou o meu — José Pedro argumentou confiante — Luan é mini gênio.
— Não vamos esquecer os meus, são os mais velhos — Carolina argumentou.
— Espera tem os do tio Jorge, tio Miguel, tia Vitória.
— Não esquece Yasmin, Davi, o primo Diego.
— Ainda tem os padrinhos das crianças — Thamara completou, enquanto caminhavam em passos lentos — Acho melhor acrescentar uma árvore genealógica, só para ninguém ficar confuso, porque eu já misturei os nomes de todo mundo.
— Sua memória sempre foi péssima, Thamara — JP implicou, abraçando-lhe a cintura — Lembra na quermesse quando cumprimentou o delegado.
— Eu tinha visto o homem na sacristia.
Os irmãos continuaram recordando, entre gritos, risadas e expressões populares.
Sem preocupações de grandes e esplendorosos finais.
Ainda eram dez horas da manhã.
Havia muito a ser contado, discutido, enraizado.
Porque mesmo em pares e sendo os números uma surpresa mirabolante, existia o fato que todos eram em algum momento um número ímpar.
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Em Uma Matemática
RomanceCom a matemática é possível descrever em equações as metas, que podem ser reduzidas ao primeiro número conforme uma convivência se prolonga. A palavra família tem um peso diferente: o casamento perfeito de décadas; os filhos em convivência amigável;...