Sétimo Capítulo: Análise Combinatória

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Publicado: 02/07/2017


— Eu apoio o forrojá.

Pensei seriamente que jamais diria estar arrependida, e analisando as possibilidades eu não cheguei a contrariar esse pensamento. No entanto, eu buscava demonstrar ânimo na penúltima ou seria última reunião para definir a festa junina da escola.

— Qual sua opinião, Thamara?

Meu raciocínio estava uma bagunça, os alunos tinham se saído péssimos nas provas finais do semestre e eu teria que pensar numa substitutiva ou todos ficariam nas aulas de recuperação antes das férias. E sinceramente eu não gostaria de receber mais nenhum olhar hostil.

Além disso, Rodolfo não havia ligado novamente e Priscila apenas me disse que tudo estava sobre controle. O problema é que eu revivia o choro de Luan,  não era manha, minhas mãos pareciam sentir sua temperatura elevada e meus olhos pareciam presos no show de vômitos daquela madrugada.

Ninguém conseguiu dormir, o pediatra disse para ficarmos observando quando liberados para casa. Uma verdadeira barbaridade, tínhamos que ter permanecido no hospital onde havia pessoas capacitadas e não dois tios desesperados que a cada movimento de Luan se preocupavam.

— Thamara, o que você acha? — a professora de História indagou.

— Sobre?

Eu queria ir para casa e não ter que ir além do meu expediente por isso.

— A festa junina.

Em todos meus anos como professora eu insistia em definir minha participação na festa como uma figurinista. Se formos pensar numa expressão matemática eu diria que nessa análise combinatória eu me adequava à permutação com elementos repetidos.

E sendo um elemento repetido minha opinião era dispensada.

— Estamos pensando em inovar nas quadrilhas. Já sabe qual ficará sob sua responsabilidade?

— Nenhuma. Eu não consigo ensaiar nem a mim mesma.

Tudo bem! Admito que diga uma mentira. Mas, em que momento seria capaz de ensaiar uma quadrilha? Eu queria ir para casa, pegar Luan no colo e enchê-lo de beijos e cafuné. Era horrível ficar doente, e ele precisava de total atenção.

— Vamos demorar mais? — eu perguntei logo, ganhando apoio silencioso, pelo visto não era a única masoquista a olhar para o relógio de parede como uma tábua de salvação.

— Você precisa ensaiar ao menos um grupo de quadrilha.

Para mim a análise combinatória estava completamente errada, que cálculos usaram para permitir a formação desses grupos? Que contagem absurda na distribuição de professores para a quantidade realista de alunos que desejavam dançar!

— Depois me repassem o que decidirem, eu preciso ir para casa. Meu sobrinho precisa de mim — falei rápido, guardando todos os materiais, respondendo com educação algumas despedidas. 

Mas, engoli em seco e não olhei para trás quando disseram que sobrinho não era a mesma coisa que filho.

Eu não desabaria por algo tão baixo!

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A combinatória possui sete procedimentos principais, embora a real preocupação seja aprender ou decorar, no final acaba-se resumindo nos arranjos, permutações e combinações. E ao se pensar numa analogia da vida real costumo definir os arranjos como aquela pessoa que para você é insubstituível, as permutações é aquela hierarquia de amigos, tendo um grupo reservado, e por fim, talvez o mais importante haja as combinações que se distingue pela espécie.

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