publicado: 28 de maio de 2020
O goiano tinha muitas qualidades, características que se destacaram ainda cedo e o impulsionaram a transformar a capital em seu novo lar. Inicialmente Rodolfo não sabia o que responder sobre o que queria ser quando se tornasse adulto.
Vivendo em um sítio e toda a subsistência vindo da terra ele poderia ter se tornado um agrônomo como a mãe um dia sonhara, poderia ter seguido uma carreira mais simples como sua irmã.
A verdade é que Rodolfo queria muito mais.
— Você seria um bom advogado, menino.
Rodolfo contava com dez anos e aquele elogio de um dos compradores das verduras o fez se sentir importante. Ele tinha conversado com um professor, que com tranquilidade o explicara todo processo para ser advogado.
Mas, muito difícil passar em um vestibular em faculdade pública e muito caro o curso numa particular.
— Vou fazer a prova, Samara — ele dissera aos dezoito anos, feliz por ter concluído o ensino médio. Ele trabalharia para pagar se fosse necessário.
E como esperado o goiano se mudou para a capital, ocupando um quarto pequeno, que conseguia pagar com seu primeiro emprego em um supermercado. Existia o cansaço de pegar o ônibus de madrugada, as aulas noturnas, as horas na biblioteca já que não conseguia comprar todos os livros.
Ao menos uma vez na semana ele ligava para a irmã, e um ou outro final de semana voltava para o sítio. Até aquela noite quando chegou e encontrou Samara agredida.
— Você não devia ter se intrometido, Rodolfo — um dos tios disse, quando o buscou na delegacia.
O goiano estava com as mãos machucadas, talvez um costela quebrada, a parte direita do rosto inchada. Mas, ele teria feito tudo novamente para defender a mulher que o ajudara a crescer.
— Onde está Samara?
— No sítio com sua avó.
Ele encarou o tio incrédulo:
— Ela devia estar no hospital! — afirmou enquanto seguiam a trilha — Precisa fazer uma denúncia agora.
— Você está tentando piorar a situação, rapaz. Foi só uma briga entre marido e mulher.
— O que? Eu não acredito que estou ouvindo isso.
— Não pode se intrometer nos assuntos dos outros.
— Ah, claro! Eu tenho que esperar a minha irmã se transformar em um número de homicídio?
— Ele já pediu desculpas.
Rodolfo balançou a cabeça:
— É melhor que ele não esteja naquela casa.
— Amanhã cedo a gente senta todo mundo e conversa — o tio argumentou assim que chegaram ao sítio — Ninguém com o sangue quente vai conseguir resolver alguma coisa.
Assim que entrou, Rodolfo observou a irmã sentada no velho sofá, com uma expressão de dor. Ele fechou as mãos, respirando fundo, tendo ciência de que talvez aquela não fosse a primeira vez, e que Samara não tinha confiado nele para buscar ajuda.
— É bom cada um ir para sua casa, Samara tem que descansar.
— Nós vamos embora amanhã — Rodolfo disse, notando os tios e a avó interromperem os passos.
— Não é hora de decidir alguma coisa — uma das tias falou, apertando as mãos.
— Samara? — ele pediu a irmã.
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Em Uma Matemática
RomanceCom a matemática é possível descrever em equações as metas, que podem ser reduzidas ao primeiro número conforme uma convivência se prolonga. A palavra família tem um peso diferente: o casamento perfeito de décadas; os filhos em convivência amigável;...