Capítulo XI

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Robert

Eu estava doente de preocupação com Jamie, todo dia havia conversa sobre os soldados que estavam morrendo no hospital com a gripe. Eu queria ficar com ele, do mesmo modo que ele havia ficado comigo nos meus momentos difíceis. Tinha medo das pessoas abandonarem ele com medo de pegar a doença, e ele ficar sozinho, sofrendo.

— Você parece distante hoje, lorde Somerset — disse doutor Gable.

Afinal eu estava ainda tendo minhas sessões de terapia com ele. Que eram horríveis e constrangedoras, me dava vontade de gritar em alto e bom tom ''eu não vou mais me suicidar, caramba''.

— Em o que você está pensando? — insistiu.

Exalei profundamente, irritado.

— James Dawson — respondi.

Um momento de hesitação no ar.

— Sim, enfermeiro Dawson, vocês são amigos não? — perguntou retorico — Você está preocupado com a situação dele — decretou.

E isso eu odiava nele, esse tom ditatorial, eu não sabia se eram todos os psiquiatras, mas esse em especifico ouvia uma palavra de minha boca e já julgava um texto sobre mim, como se eu não tive individualidade, como se eu fosse como todos os outros pacientes que já vieram ou vão vir.

Sempre anotando em seu caderninho o que eu falava para avaliar-me no fim da tarde como um rato de laboratório.

Para ele eu era nada mais do que um 'alfa nobre que agora que perdi a visão eu não queria mais viver' toda a minha personalidade, todos os meus gostos, minhas repulsas, apagadas, para ele eu era somente essa frase. Somente mais um experimento.

Exalei novamente de forma pesada e bati a ponta da minha bengala contra o chão. Decidido as mostrar que ele estava errado ou ao menos chocar ele, disse.

— Não, eu estou apaixonado por ele — e então o longo silencio que eu desejei, sorri para mim mesmo.

Ele não sabia o que falar, pela primeira vez o brilhante médico que sabia tudo sobre a mente humana...não sabia tudo sobre mim.

Após um longo minuto de reflexão, onde meu sorriso crescia mais e mais, ele disse em um tom leve.

— Você está apaixonado ou somente interessado sexualmente nele?

— Doutor...eu sou cego, eu não sei como ele é fisicamente para ter uma atração, estou completamente atraído por sua personalidade, sua alma pura e abnegada. Eu estou apaixonado por cada palavra que sai da boca dele, eu quero cada vez mais e mais estar junto a ele, e agora que ele está doente eu sinto como se uma parte de mim tivesse sido roubada — naquele momento eu não quis choca-lo, somente fui honesto, sentindo-me feliz de tirar todos aqueles sentimentos do meu peito.

Era tão bom simplesmente dizer que ama alguém, sem precisar fingir ou esconder.

— Ele está me curando doutor, eu não tenho mais medo ou vergonha de ser cego, nem quero morrer, eu quero viver e viver ao lado dele, dia após dia. Quero cada vez mais ser independente para poder prover para ele a vida que todo ômega merece de seu alfa.

Uma pausa, estranhamente ou não ouvi o som do lápis escrevendo em seu caderno. Ele não estava anotando isso.

— Eu acho que você está confuso — falou ele afiado — Você está confundindo ele fazendo o trabalho dele com um relacionamento, muito típico em relações médico paciente. Você não deve persistir nesses sentimentos!

Senti ele brandir aquelas palavras e fiquei curioso.

— E por que isso lhe interessa tanto doutor? É algo tão simples.

O Amor Vendado (livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora