Como disse pro Tommy, realmente estou na Rússia, eu vim porque não engoli a história daquele garoto no jatinho, era pra eu ter saído do aeroporto, pegado aquele táxi e voltado pra Londres e me jogado nos braços do Tommy dizendo que o voo tinha sido cancelado, mas aquele garoto ali pra mim foi uma surpresa, pra Aura não, ela já sabia dele. Foi por isso que eu dei uma volta no quarteirão dentro do táxi e pedi pra que ele parasse novamente em frente ao aeroporto, foi assim, que eu peguei um voo pra Rússia, e aqui estou eu.
-Anna- Vasiliev diz contente ao me ver.
-Agora não- Digo muito nervosa e entro na sala dela sem bater.
-Não era pra você estar em Londres?- Ela me pergunta calma, sua frieza me assusta.
-Não era pra não ter nenhuma criança naquele jatinho?- Pergunto me sentando e ela respira fundo antes de dizer qualquer coisa.
-Eu não sabia do garoto- Ela diz, pega um charuto, acende o mesmo e da a primeira tragada.
-Mentirosa- Eu cuspo as palavras com ódio e ela me olha com o mesmo olhar de repreensão -Você sabia do garoto sim, não tenta mentir pra mim, Aura, você sabia dele mas não queria perder a oportunidade de matar Jaime Portman porque possivelmente uma oportunidade dessa nunca mais iria surgir- Digo
-Eu sabia do garoto sim, Anna-
-Eu não mato inocentes, Aura- Digo segurando toda onde de raiva dentro de mim, eu vou carregar essa culpa pro resto da vida por causa dela.
-Ninguém disse pra matar inocentes- Ela diz
-Mas testemunhas sim, não é? Eu não matei o garoto que era a única testemunha-
-Você fez bem- Ela diz e eu não posso acreditar, ela está tentando me manipular.
-Você acha que eu vou acreditar nisso? Se eu tivesse matado ele estaria me dizendo que eu fiz certo também, não tenta me enganar- Digo eme altero um pouco.
-Como vai Thomas?- Ela quer me ver perder a linha, não vou cair nesse jogo baixo dela.
-Não muda de assunto, Aura- Digo mais alma -Eu já estou no meu quarto ano de treinamento, no quinto e último quando eu sair, eu preciso ficar na Rússia ou posso viver em outro lugar?- Quando Vasiliev me abordou, ele me disse que seriam um ano de treinamento militar e quatro anos de trabalho de campo em eu estaria livre depois.
-Isso foi papo furado, Anna, não tem essa de depois de cinco anos você estará livre- Ela me informa. Então eu fui enganada essa merda de tempo todo.
-Vocês pensaram que eu estaria morta antes disso, não foi?-
-Exatamente- Ela é bem sincera.
-Eu não estou aguentando mais, Aura, não aguento mais matar, eu tô cansada disso, de toda essa mentira- Ela me ouve pacientemente -Eu quero ser uma pessoa normal, parar de viver no disfarce, quero amar livremente, quero não precisar carregar culpa e remorso por um garoto que viu o pai morto-
-Infelizmente, Anna, não tem jeito, Orlovskiy nunca vai deixar você sair, até por quê, isso não é tão fácil assim.-
-Então me mata, eu não quero mais trabalhar assim, eu já matei muitos homens pra SGB, já consegui muitas informações, mas agora já chega, eu não tô bem-
-Anna, eu te conheço como se você fosse minha própria filha, e por isso eu tenho que ser sincera e verdadeira com você nesse momento, o único jeito de você sair da SGB é morta.- Ela diz me olhando nos olhos.
-Pode até ser que seja assim, mas eu vou tentar, eu não quero matar pro resto da vida-
-E está me contando assim, facilmente que vai tentar fugir, escapar de algum jeito?-
-Eu confio em você.- Digo por fim e ela muda de assunto.
-E o Thomas, Anna? conseguiu mais alguma coisa?- Ela volta pra esse assunto.
-Tudo que eu consegui de informações eu te passei, não tem mais nada, e eu cansei de espionar ele pra vocês, eu cansei- Confesso a ela.
Ela me olha por alguns segundos sem dizer nada e aproveita pra dar um tragada.
-Cedo ou tarde ele vai fazer uma proposta pra passar informações da SGB pra eles, e vão oferecer proteção caso nós descubramos- Eu já havia pensado nisso, e esse momento está próximo.
-Eu sei- Digo -E eu não quero, Aura, eu cansei, você me entendeu? Cansei de matar, de espionar, de traumatizar crianças, eu cansei merda- Digo farta.
-Tira umas férias- Ela diz me surpreendendo totalmente -E leva o Thomas- Ela diz e eu me levanto, ela não vai me ajudar, não vou conseguir chegar a lugar nenhum assim. Pego na maçaneta da porta e quando estava prestes a abri-la ela me chama
-Anna, só duas semanas, nada mais do que isso- Ela diz e completa -Eu vou pensar em algo-
Pensar em que? Olho para ela procurando uma resposta
-Agora vai- Ela diz e da mais uma tragada no charuto
Eu saio com uma interrogação enorme na mente, isso quer dizer que ela vai me ajudar? Eu espero que sim.
Vou para o meu apartamento aqui em Moscou e está tudo do mesmo jeito que eu deixei, já tomei um banho e estou esperando uma ligação do Tommy quando ouço a campainha tocar, pego minha arma, caminho até a porta e pergunto quem é
-Sou eu- Vasiliev
Abro a porta e quando ela entra eu a fecho. Observo ele em pé e caminho até o sofá novamente, me sento e repouso a arma sobre a mesa de centro.
-Pode sentar- Digo e ele assim faz sentando-se do meu lado.
-Tá tudo bem?- Ele me pergunta com um olhar sincero.
Respiro fundo e ameaço dizer algo mas ele fala primeiro.
-Não deixa eles entrarem na sua mente, Anna- Ele diz
-Você promete que vai me apoiar se algum dia eu tentar fugir?- Pergunto e ele franze a testa na mesma hora.
-Fugir Anna? Isso é suicídio- Ele diz
-Suicídio foi eu ter entrado pra essa merda, Vasiliev, eu pensei que fossem só cinco anos e depois eu estaria livre como você me disse, mas pensaram que eu fosse morrer antes-
-É, não tenho como mentir- Ele diz com o olhar baixo.
-Você promete que vai me apoiar?- Pergunto novamente ele levanta o olhar.
Nossos olhares estão conectados e eu espero que ele seja verdadeiro comigo.
-Eu prometo- Ele se rende
-Obrigada- Digo e tento sorrir.
Ele passa uma das mãos no meu rosto e eu automaticamente fecho meus olhos, nossas bocas agora estão tão próximas, e quando ele ia me beijar meu telefone toca, nos afastamos e ele vê o nome "Tommy" escrito, ótimo momento Thomas.
Pego o telefone e atendo a ligação.
-Ei, tudo bem por aí?- Tommy pergunta
-Tudo sim- Respondo e olho para Vasilev sentado no sofá impaciente. -E por aí?-
-Se você estivesse aqui eu diria que está tudo bem- Ele diz e consigo ouvir seu sorriso através da linha.
-Eu sei- Digo e acabo sorrindo -Posso te ligar mais tarde? Tô meio ocupada agora-
-Pode, tem novidade?- Ele pergunta
-Sim, e inclui você-
-Que ótimo- Ele diz
Depois nos despedimos rapidamente e volto minha atenção a Vasiliev que já está em pé.
-Eu preciso ir, Anna- Ele diz e eu não contesto
Sorrio e ele vem em minha direção e deposita um beijo em minha testa e depois vai embora.
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ANNA
RandomFoi insano e devastador. Apertei o gatilho e tive a minha frente a primeira morte. Foi assim, que passei a matar para a organização secreta da qual não tive escolha de negar participar. Anna Poliakova, uma assassina a qual o medo encoraja todas as n...