-Alô?- Atendo o telefone enquanto sinto as ondas geladas tocarem meus pés.
-Já tenho um jeito pra sua carta de alforria, Anna- Aura diz do outro lado da linha.
Ouvir essas palavras me deixaram mais esperançosas quanto ao meu futuro, só me resta saber que sacrifício terei que faz pra conseguir minha liberdade, mas eu não me importo, pago o mais caro preço por ela.
-Qual é esse jeito?- Pergunto
-Você vai fazer o seguinte...-
Me surpreendo com sua resposta.
Mas como disse, vale a pena correr o risco de fazer algo tão perigoso e que tem 99% de dar errado.
Desligo o telefone.
As duas semanas de "férias" foram por água abaixo, não existe nenhuma possibilidade de ficar no mesmo ambiente que o meu inimigo, agora declarado. Minhas malas já estão feitas e acredito que as dele também, só vim me despedir da praia, ao voltar para a Rússia, só vou sentir o cheiro do mar em minha memória, ou na pequena concha que vou levar pra casa de lembrança.
O pior é saber que nunca mais verei Thomas, somente em meus pensamentos, talvez nos mais obscuros, todos os momentos com ele foram intensos e íntimos demais para se esquecer em uma noite, há alguns anos atrás jamais poderia imaginar que eu estaria vivendo isso, eu sendo uma assassina profissional, já querendo me aposentar do ofício em que me encarrego.
Caminho por mais um tempo até avistar Thomas de malas em mãos caminhando em minha direção.
Quando nos encontramos ele decidi dizer que já está de partida.
-Preferia que não viesse se despedir- Sem medo, digo a verdade.
-Eu preferia que não tivesse que ser desse jeito, Anna. Seria tão mais fácil para nós dois se você aceitasse trabalhar pra Cia.- Ele me confessa.
-E você vai fazer o que se eu continuar negando? Vai me matar?- Ouso perguntar.
Ele suspira fundo e eleva seu olhar pro horizonte do mar enquanto busca uma resposta.
-É assim que vai ser Thomas? Quando sairmos daqui, vamos iniciar uma caçada mortal? Pra matarmos um ao outro?- Pergunto irritada.
-Se fosse qualquer outro agente, sim. Mas é você, Anna, eu não vou caçar você, nem te matar.- Ele olha bem no fundo dos meus olhos.
-Será mesmo? Isso é só papo furado, e você sabe, não vamos ter escolha, seremos obrigados a isso Tommy-
-Eu não vou me sujeitar a isso, eu me importo com você Anna-
-Eu também me importo Thomas, mas isso não quer dizer nada para as pessoas que são superiores a nós nessa merda, você acha mesmo que Vasiliev vai se sentir comovido com o amor que eu sinto por você e vai nós deixar viver felizes para sempre?- Cuspi as palavras e só percebo que praticamente disse que o amo quando o vejo me olhar um pouco surpreso.
-Amor? Você me ama, Anna?-
Não sei o que responder, qualquer coisa que eu diga vai o fazer desconfiar que tudo é um plano, ou talvez eu esteja sendo muito paranoica em achar que ele pensaria desse jeito, mas mentes brilhantes como a do Tommy pensam assim, e eu não o culpo por ser tão esperto e pensar isso, eu não sou confiável, do mesmo jeito que ele me espionava eu fazia o mesmo.
-Eu amo- Respondo sincera e inesperadamente recebo um beijo, ouço ele jogar suas malas na areia e me envolver com suas mãos. Eu não posso viver sem ele, não mesmo.
Ele animado beija meu pescoço e sorri
-Eu também te amo, Anna-
Meus pensamentos estão a milhão por hora neste segundo, estou em êxtase e nem consigo acreditar nisso, bastou dizer que o amo que vi um Tommy alegre e diferente do e eu havia visto há dez minutos atrás que caminhava com um olhar triste, assim como o meu, bastou um "eu também te amo" para que eu me alegrasse e me sentisse diferente e esperançosa novamente .
Eu o abraço sentindo seu cheiro, o melhor cheiro do mundo, nesse abraço quente, nem parece a Anna de dias atrás quando acabara de matar um homem em um quarto luxuoso de um hotel 5 estrelas, naquele dia, o abraço dele, o cheiro dele, o beijo dele e sua voz me fizeram esquecer do mundo e imaginar como nós dois seriamos felizes se não fosse por toda a sujeira.
Ele me solta do abraço e começa a dizer algumas palavras que eu mal consigo entender no começo
-Não precisamos contar a ninguém que estamos sabendo de tudo, vamos fingir que está tudo normal até descobrimos um jeito de fazer dar certo, mesmo que custe nossas cabeças no final, vai valer a pena.- Ele surge com essa ideia.
-Eu acho boa, mas assim como você é inteligente demais e muito eficiente, seus colegas de trabalho também são, eles vão desconfiar, e pode acreditar, meus compatriotas também não são nada burros, não vão nos deixar em paz-
Eu tenho um plano com Aura pra conseguir minha liberdade, mas não sei se posso confiar nele e contar, sinto verdade nele, mas prefiro não arriscar, melhor guardar pra mim e deixar acontecer normalmente, não sei até que ponto Tommy está disposto a enfrentar para estar do meu lado.
-Nós vamos dar um jeito- Ele diz por fim me beijando.
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ANNA
RandomFoi insano e devastador. Apertei o gatilho e tive a minha frente a primeira morte. Foi assim, que passei a matar para a organização secreta da qual não tive escolha de negar participar. Anna Poliakova, uma assassina a qual o medo encoraja todas as n...