Capitulo Um - Past Knocks On The Door

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Nina POV

Daisy Miller.

Eu assinei o nome sem prestar muita atenção no que fazia.

Na verdade, eu não estava prestando atenção em muita coisa, então quando a recepcionista me passou os papeis eu só rabisquei o nome pelo qual eu atendia há uns 12 anos.

Minha mente estava mais focada no que meu fisioterapeuta tinha me dito na sessão de hoje. Sobre eu ter que dar uma pausa na patinação por que a porra da minha coluna não concordava muito com a minha escolha de hobbies.

Teimosa como eu normalmente era, assim que eu vi um bando de garotinhas patinando no gelo quando eu tinha 13 anos eu tinha decidido virar a proxima Tonya Harding, mesmo que naquela época eu ainda tivesse que andar de muletas na maior parte do tempo. A patinação se tornou um objetivo que me fez melhorar quando eu era criança, e eu apenas me aperfeiçoei com o tempo. Fazia fisioterapia uma vez por semana só para controlar os espasmos e as dores, mas depois dos últimos exames parecia que uma das minhas vertebras tinha inflamado outra vez e a patinação já não era uma boa opção.

Finn, meu médico, tinha me garantido que não era uma decisão permanente. Que meu quadro iria melhorar e que eu poderia voltar a patinar, mas que precisava manter em mente que um esporte como esse exigia muito de uma ex-paraplegica.

Fechei meus olhos quando lembrei da palavra. Ela sempre estava associada aquela noite.

Eu ainda podia ouvir os gritos dos meus irmãos. Como eles parecia desesperados para me livrar das ferragens.

"Não pense nisso, não lembre deles", pensei. Se eu continuasse por essa linha de pensamento eu teria mais um dia remoendo meu passado.

Me encarei no espelho do banheiro da clínica onde eu tinha me enfiado e respirei fundo. Grande tentativa essa de se livrar do passado olhando para o espelho, já que meu próprio rosto me lembrava o deles.

Eu não era muito pálida como a maioria dos canadenses. Minha pele era pelo menos dois tons mais escura, "latina alike", como meu pai bem dizia. Tinha cabelos castanhos que desciam rebeldes pelos meus ombros e um par de olhos castanhos maiores do que eu gostaria. As pessoas diziam que me dava um ar inocente, erro delas eu diria, por que isso era umas das poucas coisas que eu era. Eu era esguia, embora não fosse lá muito alta, o que contribuía para o "ar angelical" que me atribuíam, erro número dois, por que quem me conhecia bem sabia que me descrever como "demônio" seria bem mais adequado.

Meu nariz era uma das coisas que eu achava mais engraçado em mim porque era bem arrebitado e pequeno. Logan, um dos meus melhores amigos gostava de me usar como esboço para personagens de anime por causa do nariz e dos olhos. No início eu fiquei emburrada pela comparação, mas depois virou costume.

Ser comparada com um personagem de anime era melhor do que me lembrar da minha irmã biológica. Por que cada vez que eu me olhava no espelho parecia estar vendo uma mini versão dela.

"Não pense nisso", repeti.

Coloquei meus fones de ouvido quando sai da clínica e decidi ir andando para casa dos meus pais. Me hospedar lá essa semana tinha sido uma boa decisão. Minha mãe, Claire, tinha insistido que eu precisava dar uma pausa da faculdade de Toronto para fazer os exames. Meu pai, Morgan, concordou, e ainda disse que seria bom ter a filha por perto pelo menos uns dias.

The Package | Deckard ShawOnde histórias criam vida. Descubra agora