Capitulo 3

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Quando me mudei pra São Paulo, não esperava arrumar namorado, afinal, estava decidida a me dedicar o máximo aos estudos, pois foi com muito suor que consegui uma bolsa, depois de prestar vestibular pra praticamente todas as faculdades que gostaria de entrar. Foi uma felicidade imensa quando passei na USP, pois meus pais não tinham dinheiro pra bancar a mensalidade, muito menos uma cara como Direito é!
Minha família tem uma pequena padaria na minúscula cidade onde eu morava. Com dois filhos e os gastos, não daria pra bancar as despesas de alojamento e mensalidade do curso, era um ou outro. Então estudei, passei dia e noite acordada estudando e estudando pra entrar e consegui. Papai sempre me disse "nunca deixe ninguém dizer do que você é capaz, se quer algo corra atrás e busque" e foi o que fiz.

Na república em que eu morava, dividia com duas meninas, uma era Sara, uma menina quieta que fazia Estudos Sociais, eu não me preocupava com ela, afinal ela também dava um duro danado pra manter a bolsa. Mas a outra era a Rafaela, siiim aquela Rafaela!
Como foi o meu pai que fez os trâmites do aluguel do apartamento que ele considerou ideal, eu não sabia que encontraria a gêmea loira do saci-Pererê. E quando eu digo que o azar é meu inimigo vocês ainda duvidam!
O problema era que de cara ela não gostou de mim. Fazia piadinha das roupas que eu usava, me deixava trancada do lado de fora da casa, tirava fotos constrangedoras minhas e espalhava pros amiguinhos imbecis dela. E isso só piorou, depois que fiz amizade com os malas. Isso porque desde o jardim de infância a maluca era apaixonada pelo Augusto, pra mim era mais como obsessão. E por mim ela que ficasse com ele, o único problema disso era ter que aturar essa menina até na Toca, apelidinho maneiro da bat caverna dos meninos! O único lugar do mundo que eu podia ir sem ela me perturbar...

-Acredita que aquela vaca pendurou meu sutiã no mural de avisos de novo?
-Eu não sei porque você ainda insiste em manter a sua porta destrancada, aliás porque você mora com ela mesmo?Perguntou Dani abocanhando um punhado de batatas fritas do meu prato.
-Por que não tenho outro lugar pra morar?!
-E se você viesse morar com a gente?Perguntou Guto.
-O que?! Não, sem chance. Já é difícil aturar uma imbecil, aturar quatro é demais!
-Obrigado pela parte que me toca! respondeu Bê com falso ar de ofendido.
-Mas é sério, ia ser bem legal sabe, a gente podia por umas regras, tipo, não deixar ninguém posar em casa, ou cada um lava a roupa que sujar, seria uma boa coisa, considere a minha boa ação de hoje...
-O mais legal vai ser ter uma desculpa no outro dia pra colocar uma garota pra fora!Sorriu Athur.
-Ei, qual a parte da regra, ninguém pode dormir em casa você não ouviu seu tonto?! Falei rindo
-Então você aceita? Perguntou Guto
-Não sei, vou pensar, em todo caso não sei o que meus pais diriam.
-Pensa no lado bom baixinha, a gente podia maratonar filmes de porrada, passar a noite jogando GTA, Free fire e o seu favorito Call of Duty, podíamos fazer revezamento pra ir no mercado, já que você detesta, ou comer podrão todo dia... ia ser maneiro! -Dani me olhou com os olhos suplicantes, tipo o do gato de botas do Shrek -só pensa vai lindinha...

Eles haviam aprendido do jeito mais difícil que uma garota também pode jogar vídeo game, que podia xingar como um marinheiro, que podia ouvir sobre bunda e peito-dessa parte eu não gostava, afinal eles me consideravam um cara e não viam problemas em dividir comigo a foto pelada da vizinha- Que eu entendia de carro antigo, e o mais importante, não dava em cima de nenhum deles.
Em troca me ensinaram a beber varias doses de tequila sem ficar muito bêbada, jogar truco e por saber tocar violão, animava as festas nas repúblicas que a gente ia.

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