Capitulo 4

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—Chegamos lindinha—Benício puxou o freio de mão, do seu opala diplomata seis cilindros "não disse que entendia de carro antigo!"deu um sorrisinho de canto de boca, aquele que fazia as meninas da faculdade arrancarem as calcinhas!—Mais tarde eu volto te buscar, não esquece o Martin!
—Sinceramente eu ainda acho que vocês só gostam de mim por causa do meu violão!
—Não esquece que também gostamos de você porque sabe fazer o melhor miojo gourmet do mundo! Gargalhou
—Tá bom filho do capiroto! Te vejo mais tarde! falei já batendo à porta do carro.

Subi os degraus do prédio de cinco andares, com um pesar de rachar os ossos, me digam de quem foi a idiota ideia de morar no último andar de um prédio sem elevador, claro que da Rafaela, de quem mais? Até que eu gostava da minha casinha compartilhada, era bem mobiliado, com coisas que não eram caras mas de muito bom gosto, nada excepcional mas aconchegante! O problema era a dona, mas como dizem, cavalo dado não se olha o dentes, o que eu podia fazer?

Abri a porta, e pra minha surpresa encontro a gêmea do satanás sentada no colo de um cara com um baseado na mão, outros três caras mal encarados e duas piranhas. Sério isso? O chão repleto de latinhas de cerveja, meu Deus, eram somente seis da tarde e essa garota já tava aprontando e ainda com esses caras esquisitos— não me levem a mal não sou preconceituosa do tipo que julga o livro pela capa, mas senti um arrepio na coluna desagradável, daqueles pressentimentos ruins que a gente tem de vez em quando, e que se ignorados causam problemas?
—O que você está fazendo? Quais são as regras da casa, nada de trazer gente estranha pra cima, além de tudo homem... a voz saiu tão estridente que quase gritei, nessa hora ela já havia levantado do colo do sujeito e vinha pra cima de mim
—se toca garota, se não fosse pela bondade dos meus pais em abaixar o aluguel, você nem teria onde morar, vai gritar com outra sua vadia!gritou sibilando veneno.

Aquele foi o ápice, liguei pro Benício na mesma hora
—vem me buscar!
—o que aconteceu Bia?
—Aquela idiota de uma figa, chamou quatro caras esquisitos aqui pra cima, e ainda por cima veio jogando na minha cara que eu tenho que ficar quieta, porque se não fosse o pai dela eu nem morava aqui... pode isso produção? Como se essa merda fosse um hotel cinco estrelas chiquérrimo!
— Calma que eu tô voltando. Chego em cinco minutos.

Tranquei a porta do quarto pra que ninguém entrasse e disquei o número da Sara que no terceiro toque atendeu.
—Ta onde?
—To na biblioteca, porque?
—A imbecil da Rafaela trouxe uns caras esquisitos aqui pra casa, to indo pra casa dos meninos, não precisa me esperar voltar, e a propósito nem volta cedo também, eles estão fumando maconha na sala, na salaaa! —TOC, TOC! — tenho que ir Sara, qualquer coisa me liga, beijos!
—oook! Desligou.

—Bia sou eu, abre a porta por favor?
Abri a porta pro Bê, que foi tirando as malas de cima do guarda roupa
—Se importa se eu não dobrar?
—nem um pouco, pode jogar tudo aí dentro!

Arrumamos minhas malas, dei uma última olhada pro meu quarto minúsculo, não tinha nada especial, mas o que havia me chamado atenção fora a estante que ficava na parede contrária à cama. Todos os meus melhores livros e bonequinhos Funko ficavam ali.
Tchau quartinho lindo, sentirei falta!
—Pronta pra morar com os mais gostosões da USP?
—pra morar com os mais "porcalhões" da USP você quer dizer né! Aaaai! Não precisa socar meu braço!
—vamos logo antes que eu me arrependa e te deixe embaixo do viaduto!
—você não faria isso, ama o Martin demais pra isso!

Quando saímos pra fora a vaca estava parada na porta
—Sabe que não precisa disso né Bianca? Eram só uns amigos e ninguém ia te fazer mal!
—Não me interessa, você quebrou uma regra importante, que se eu me lembro bem, era a que seu pai disse pro meu que você jamais faria!
— A não você não vai contar pra ele vai?
Olhei pra mão que ela agarrava meu braço e disse:
— Talvez eu conte!—claro que não! Mas ela não precisava saber disso!
— Por favor não! Ele me mata se souber o que aconteceu, eu suplico por favor não conta! Faço o que você quiser!
— mesmo é? —sorri
—Qualquer coisa!—suplicou
Dei um suspiro, como quem está pensando olhei pro teto e falei:
— então não mexe mais comigo, vai parar de me perseguir, de mostrar fotos constrangedoras minhas e o mais importante, parar de tirar sarro de mim na frente das pessoas, isso é ridículo, não estamos mais no ensino médio Rafaela!
— eu paro, fica tranquila, mas nenhuma palavra, ou vai se arrepender!
— está bem, agora me solta!
—vamos princesa?—Bê pegou as últimas coisas colocou meus livros em uns sacos de lixo preto e saímos porta a fora.

E foi assim que passei a viver com meus melhores amigos da vida!

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