E se por acaso...

Capitulo 8

Por mais que eu tentasse não adiantava. No aniversário da Elza dei de presente pra ela um perfume que eu achei caríssimo, pra mim era uai, e a cobra disse
—Ah esse eu já tenho! Talvez se você tivesse pedido ajuda pra Maria Vitoria, tinha acertado!
Sorri querendo matar aquela bruxa!
—Vou trocar Elza!
Rafael acreditava que a culpa era minha. O vidinha de merda viu!

Um dia antes da minha formatura eu liguei pra ele. Faziam dois anos que estávamos juntos e ele cada vez mais distante. Dava desculpas pra vir em casa, saia mais cedo da faculdade pra não me dar carona e por aí vai.
Naquele dia mais cedo, recebi a uma mensagem dele cancelando.

—Como assim não vai poder?—Disse fazendo um gesto pros meninos fazerem silêncio, estávamos no meio de uma missão de um jogo de guerra.
—A amor, eu sinto muito, mas tenho muita coisa pra fazer e o Leandro vai precisar que eu tome conta do cachorro dele, já que ele vai pra casa dos pais amanhã—Leandro era o cara que ele dividia o aluguel, do qual eu nunca fui com a cara.
—Você está me dizendo que não pode vir na minha formatura por causa de uma porra de um cachorro?—Gritei
—Não fala assim do Brad, ele é da família!
—Ok. Se você não pode estar aqui no dia mais importante da minha vida, você não merece estar nela. Acabou Rafa.
—Amor, espe...—nem deixei ele terminar de falar e desliguei o telefone.
—Me dá o controle Guto—estendi a mão pro Augusto
—Vai com calma pra não arrancar os botões!
—Ah cala essa boca—falei furiosa
—Olha o Rafa ali, morre maldito!—E fui matando soldado inimigo um por um.
—Passei, agora preciso de uma bebida...
Quatro cabeças embasbacadas olharam pra mim
—Me lembra de nunca te deixar com raiva baixinha!—Disse Benício levantando e indo buscar uma cerveja.

Quatro horas mais tarde, vinte e quatro cervejas tomadas...
Nenhuma ligação, nenhuma mensagem... já havia olhado o celular pela setuagésima quinta vez, quando Guto olhou pra mim e disse:
—Foi melhor assim, ele não era bom pra você...

Caí no choro

—Sou tão horrível assim, fui trocada por um cachorro Augusto, um maldito cachorro?!—falei fungando. Gu sentou do meu lado, me abraçou
—chora baixinha, chora tudo, põe tudo pra fora, você é linda é incrível, a garota mais incrível que eu conheço e se esse cara não notou ele é um otário.
—Dorme comigo hoje?—Perguntei chorando
—Claro que sim, mas na minha cama, não quero que você fique naquele quarto.

O fato é que não sei se foi a cerveja ou se foi a fragilidade, mas quando olhei pro Augusto eu vi meu cavalheiro da armadura reluzente, aquele que salva a donzela inocente, e fui dormir, chocada demais pra onde meu pensamento tinha me levado e tentava me lembrar da regra das regras.

Sonhei com Augusto. No meu sonho ele dizia que sempre havia me amado, desde o dia que eu sentei naquela mesa, que ele me beijava e dizia que meu cheiro era o melhor do mundo, e o que ele devia fazer pra que eu enxergasse o que estava bem diante dos meus olhos, não sabia onde eu começava e ele terminava.
Quando acordei ele já havia se levantado. Não pude deixar de sentir um vazio de dilacerar o peito.

Desci pra cozinha
"Pelo menos ele te deixou acordar sozinha, pra evitar constrangimento. Garota burra, o que pensa que tá fazendo? Ele é seu melhor amigo, repita comigo, amiiiiigo!"
Tirei a chaleira do fogão com todo cuidado e quando me virei Guto estava parado na porta me observando
—Falando sozinha baixinha?—Falou sorrindo
—Ah isso? N-não eu estava só pensando alto—gaguejei.
Sorrindo ele veio em minha direção
—fica tranquila baixinha, comprei café da manhã, já os caras acordam, deixa eu te ajudar com isso aí—balancei a cabeça murmurando "uhum"

Encrenca, encrenca, encrenca!