0.5 𝓔𝓷𝓬𝓸𝓷𝓽𝓻𝓸

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PRESENTE
16 de maio de 2019, Inglaterra.
O clima não parecia amigável, uma tempestade estava prestes a surgir e Stella tinha de correr para encontrar um lugar para se abrigar. Se molhar e pegar uma gripe não era uma boa idéia. Já faziam 2 dias que ela tinha saído de Londres e sua idéia era de ir até uma pequena cidade próxima em busca de sua avó materna. Ela era corajosa e cuidadosa, não tinha medo de caminhar sozinha no meio do caos que estava se tornando o mundo, mas já estava caminhando a horas e ainda não tinha chegado ao seu destino, cada minuto perdido era uma angústia a mais de não saber como sua avó estava. A estrada estava vazia, havia apenas dois carros batidos um no outro, uma tentativa fracassada de fuga. Avistou de longe um grande posto de gasolina, uma felicidade se instalou em seu peito, estava na entrada da cidade, começou a correr na direção do posto e parou bruscamente quando viu dois homens, da distância que ela estava não conseguia ver se estavam infectados, mas eles claramente perceberam a chegada dela, seu cabelo era chamativo, "maldito momento que fui pintar meu cabelo de vermelho" dizia para si mesma. Eles não pareciam hostis então Stella foi chegando mais perto do posto, talvez eles pudessem ajudá-la.

- Vou lá dentro ver se a Janice já achou algo - disse um homem moreno que ignorou completamente a presença de Stella no local

- Está perdida, docinho? - perguntou o homem mais alto, ele tinha uma tatuagem no rosto, uma frase que Stella não conseguiu compreender e um piercing em sua sombrancelha esquerda

- Não - disse ela ríspida, enquanto ele se movimentavam na direção dela - Estou indo encontrar minha avó na cidade - ajeitou sua mochila nas costas e começou a andar de volta na direção do asfalto

- Espera um pouco aí - disse o homem tatuado pegando no braço dela e a levando para perto de seu corpo - já vai tão cedo? - disse cochichando em seu ouvido

Stella chutou seu órgão reprodutor tão forte que chegou a ouvir um tipo de estralo.

- Qual é o seu problema? - ouviu o homem moreno gritando da porta do pequeno estabelecimento que era conjunto ao posto de gasolina, ele correu na direção de seu colega que agora estava ajoelhado no chão grunindo se dor

A única reação de Stella foi correr para direção da cidade, estava assustada, não queria passar por isso, não mais uma vez. Ao chegar na cidade perdeu o pouco da esperança que tinha em reencontrar sua avó, a cidade estava infestada de infectados, não conseguia entender de onde tinham vindo pois o caminho todo desde Londres estava livre. Um carro passou em alta velocidade chamando a atenção dos infectados, eles eram ridiculamente atraídos por sons altos, isso até soltou uma risada dos lábios de Stella. Aproveitou que o caminho havia sido liberado e foi em direção da casa, não era longe da entrada da cidade, chegando lá muitas lembranças voltaram a mente de Stella, o cheiro das rosas que havia na entrada, a maneira que adorava escorregar no corrimão da escada que levava até a porta, o cheiro do perfume de sua avó que era doce como mel, ela detestava aquele perfume, mas nesse dia lhe trouxe saudade. Ela foi entrando devagar na casa, só por precaução pegou o facão que havia roubado de seu pai, foi até a sala, as lembranças surgiram novamente, fazia anos que não via aquele abajur cor salmão ao lado do seu sofá verde, ela detestava essa combinação, foi a cozinha e ao banheiro, mas não encontrou nada, nem sinal de sua avó, resolveu ir ao segundo andar da casa onde ficavam os quartos, chamou por sua avó mas nada foi ouvido de volta. Entrou no quarto que era seu, ela nunca havia mexido em nada, as paredes continuavam cor de rosa e aquela mancha de tinta continuava no chão ainda estava lá, sua avó nunca conseguiu remover, ela era uma mulher muito boa, nem ficou zangada com Stella. Levada por emoções ela foi até a janela e ficou olhando para fora na esperança de ver sua mãe chegando do trabalho com o uniforme todo sujo de tinta. De repente Stella ouve um passo vindo da porta, se vira lentamente e vê o que mais temia, sua avó infectada, lágrimas começaram a escorrer em seu rosto mas ela tentou manter silêncio na esperança de sua avó não perceber a presença dela ali, ela começa a se aproximar parecendo um vai farejando o ar sentindo algo diferente, Stella segurou o ar e tentou não mover nem um milímetro sequer, sua avó passou perto dela mas não a encontrou e começou a caminhar na direção da porta, Stella suspirou aliviada dando um passo para trás se encostando na parede, infelizmente quando se encostou na parede acabou mexendo um chaveiro que tinha em sua mochila, chamando a atenção imediata da avó para direção dela, ela não teve outra saída que não fosse dar com o facão no meio da cabeça de sua avó, a matando na hora. Ela se sentou na cama que um dia era sua e começou a chorar, como nunca havia antes, ela sabia dessa possibilidade mas sua esperança a convenceu de que sua avó ainda estava vida, as lembranças começaram a vir em sua mente, o cheiro de mel agora era podre, e seu coração estava em mil pedaços, seus pensamentos foram cortados com um som estrondoso de um tiro vindo de muito perto, ela correu para janela tentar ver o que era mas não viu nada além de muitos infectados indo na direção de um grande prédio que se encontrava na frente da casa de sua avó. Ela resolveu ir até lá e checar o que havia acontecido.

PASSADO
27 de abril de 2019, Inglaterra
Octávia corria para pegar suas coisas e a coisa do bebê e por em uma grande mala roxa que tinha, Olívia fazia o mesmo tentando ajudar a amiga. Nunca tinham presenciado nada parecido com o que havia acabado de acontecer mas Octávia tentou não ser levada pelo medo, Olívia chorava desde que o vizinho tinha entrado por aquela porta daquela maneira horrenda. As duas pegaram a grande e única mala que tinham feito e correm para a garagem, lá se encontrava o carro do marido de Octávia, era um Jeep Renegade 2019 da cor bronze, ela detestava essa cor, se emocionou por um breve momento lembrando de seu marido que ainda não havia voltado do emprego, ela esperava que o mesmo tivesse conseguido fugir de qualquer coisa que o colocasse em perigo, ela ainda tinha esperança que o encontraria, e pensou que se saísse de casa e ele voltasse ela não estaria lá e ele morreria sozinho, ela não podia deixar, ele faria o mesmo por ela.

- Não podemos ir, Olívia - diz Octávia paralisada em frente a porta do motorista

- Você está maluca? - disse Olívia com um tom sério, Octávia nunca tinha visto a amiga assim - Olha o que acabou de nos acontecer, nós vamos agora - ela é interrompida com uma grave tosse seguida de um desmaio

Octávia corre para cima da amiga quando a vê caindo mas não chega a tempo, ela cai desmaiada no chão, ela tenta carregar a amiga no colo mas fracassa, então pega ela pelos braços e a carrega até o quarto, aquele corredor que dava da garagem ate o quarto nunca tinha sido tão longo.
Depois de ajeitar a amiga na cama ela vai até a cozinha encontrando seu amigável vizinho no chão, ela precisava fazer algo, ele não podia ficar ali, se Olívia estivesse acordada ela com certeza saberia o que fazer, Octávia se sentia fraca sem sua amiga por perto. Ela repete a ação que tinha acabado de fazer, pega o vizinho pelas mãos e começa a arrastar para fora de casa, em seguida pega uma pá e começa a fazer uma cova para ele, mesmo ele tendo tentado matar Octávia ele merecia um final melhor que isso. Depois de seu árduo trabalho, ela vai até o quarto checar como Olívia e o bebê estão, Octávia pega o bebê no colo e percebe que sua amiga está suando muito, ela verifica sua testa e está ardendo em febre, isso era estranho pois algumas horas antes ela estava muito bem. Octávia volta para sala e senta no sofá com seu bebê e o ficou admirando, ele podia não ser planejado mas ela amava cada centímetro de seu corpo, ele tinha trazido uma nova luz para sua vida, um luz diferente de qualquer coisa que ela poderia presenciar. Ela desperta dos seus pensamentos quando ouve Olívia entrando na sala, Octávia se levanta rápido e da um passo para trás, ela estava igual a Carter, uma enorme tristeza habitou em seu corpo, ver sua melhor amiga daquela forma era a pior coisa que poderia imaginar, ela começou a andar lentamente para trás na esperança de chegar a porta e poder correr, Olívia parecia não estar vendo nada ao seu redor, parecia confusa, balançava a cabeça de um lado para o outro tentando captar algum movimento ou talvez sentir algum cheiro. E o pior aconteceu, Octávia tropeçou no pedaço de porta que estava no chão, chamando a atenção de Olívia, Octávia cobriu o bebê com o braços e se movimentou rapidamente com o corpo para o lado como forma de proteção, mas alguém foi mais rápido, um tiro é ouvido. Octávia olha para fora e lá vê alguém, um homem que sem nenhum motivo decidiu ajudá-la.

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⏰ Última atualização: May 19, 2020 ⏰

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