Master and Slave

Capítulo 3 : "Meu lobo"

Boa leitura

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Todoroki, ao longo do tempo que ficou ao lado de Bakugou, fez algumas descobertas à respeito da tribo dos lobisomens que o fizeram agradecer mentalmente por haver "sequestrado" o loiro de lá.

Viu com seus próprios olhos, uma vez, o líder daquela tribo negociando alguns de seus ômegas que, segundo o chefe dos lobos, eram de baixo nível e dispensáveis para sua equipe. Eram feitas trocas, seja por terras ou por mercadorias, em que o comprador deveria "simular" um sequestro, visto que os lobisomens eram convencidos de que nada poderia ser feito após aquilo para recuperar o integrante levado.

O momento em que Shouto presenciou tal cena foi no exato dia em que levaria um ômega para si, porém desistiu da idéia ao ver tal situação daquele povoado, mesmo custando um pouco a crer que o líder dali de fato fazia aquelas negociações envolvendo os integrantes mais frágeis de sua tribo. Se retirou daquelas terras no mesmo instante.

Foi nesse ponto em que Shouto foi seguido pelo pequeno Katsuki, percebendo tal fato apenas quando já se encontrava consideravelmente distante do território dos lobisomens. O loiro baixinho ficava a todo instante sorrindo para o homem de cabelos bicolor, e somente insistia em o seguir. Quando o vampiro se ofereceu para levar de volta o pequeno, viu-o se desesperar com aquilo, o lobisomen apertava as orelhinhas contra os cabelos loiros e ficou com a cauda para baixo, tremendo de medo, como se, independente de onde fosse parar, não quisesse voltar para o próprio território.

Naquele momento Shouto não compreendeu o porquê daquela reação. Seu pensamento inicial foi o de que um de seus seguidores havia, de alguma forma, convencido Katsuki a agir de tal modo porém ignorou esse pensamento, se preocupando com a evidente negação do loiro em voltar para casa. Shouto decidiu o levar consigo para o castelo, vendo os olhos de Katsuki brilharem em pura felicidade com a aceitação.

Todoroki não pretendia seguir aquele plano, desconhecido pelo lobisomen, e que seus seguidores e conselheiros insistiam em lhe pôr na cabeça: a de "usar" aquele ômega como reprodutor. No fim, o vampiro somente imaginava cuidar daquele garoto foragido, mesmo "assumindo" que se tratava de seu escravo, e continuou educando o loiro durante seu crescimento.

Foi pouco depois de Bakugou completar seus 10 anos que Todoroki descobriu o que era feito com os lobisomens da classe ômega, na tribo de origem do loiro. Esteve, mais uma vez, passando pelo território dos lobisomens, em busca de informações sobre o crescimento de seu pequeno lobo para o ajudar quando chegasse o momento, e viu alguns lobisomens crianças — provavelmente ômegas, em idade próxima a de Katsuki quando deixou aquela tribo — sendo guiados por um par de lobisomens adultos para uma espécie de grande gualpão.

Não viu o que seria feito com aquelas crianças, porém pessoas que conhecia bem lhe garantiram que, de alguma forma, os pequenos passavam por modificações em seus corpos — quase mutilações — que os deixariam ainda mais incapazes de fugir quando alcançassem a puberdade e, além disso, para que não fossem capazes de "apreciar" o que precisaria ser feito no momento de procriarem, tudo para as chances de fuga e traição serem reduzidas drásticamente. Quem passou as informações à Shouto havia garantido saber de tais detalhes somente por haver comprado um daqueles ômegas, então pôde ver o estado em que os "sob encomenda" chegavam.

Shouto nunca mais pensou tanto naquelas revelações porém a descoberta mexeu com o vampiro, ao que jamais esqueceria os conhecidos que lhe passaram as informações dizer que "os ômegas modificados viviam com medo", pois lembrou de como Katsuki reagiu à possibilidade de voltar para a tribo, em outras palavras, tinha razões para acreditar que algo cruel era feito com os tais ômegas.

Voltando ao agora, já que sua atual prioridade era Bakugou, Todoroki somente conseguia pensar no quão bem o loiro havia crescido, e agora, estando o lobisomen com 15 anos, o vampiro não poderia negar se sentir atraído pelo loiro. Não conseguia o encarar da mesma forma que fazia à 10 anos atrás.

Além de ter amadurecido fisicamente, Bakugou diversas vezes mostrava comportamento rebelde e selvagem, principalmente com os conselheiros e seguidores de Todoroki. Quanto ao vampiro, o lobisomen não havia o deixado de respeitar, somente já não o chamava de "Todoroki-sama" como fazia quando mais novo. Agora simplesmente o chamava de "Metade", provavelmente em piada à dupla coloração de seus cabelos. Todoroki não se incomodava com aquilo, na verdade, ser chamado de outra forma somente o ajudava a ver Bakugou de outra forma também.

Há alguns dias o ômega tem agido de forma peculiar, e os estudos que Shouto fizera para cuidar melhor do loiro não lhe deixaram dúvidas. Como Katsuki parecia estar montando uma espécie de ninho acolchoado feito com travesseiros e lençóis no próprio quarto, era um sinal instintivo de que seu período reprodutivo se aproximava e o loiro tentava, sem perceber, arrumar um lugar confortável para descansar quando o tal ciclo se iniciasse.

Em dado momento, o loiro simplesmente deixou de sair do quarto e após sentir a ausência de seu lobo por metade de um dia, Shouto foi até o quarto que Katsuki ocupava, sozinho, por opção própria. Entrando no cômodo viu que Katsuki estava encolhido sob a cama, coberto por diversos lençóis e afundado entre muitos travesseiros, suspirando com a face levemente corada sem querer se mover daquele "conforto".

O vampiro se sentou na cama, olhando para o loiro fixamente até ser encarado de volta.

— Bakugou, como estás a sentir-se? — perguntou o maior.

— ... Estranho... — respondeu, repousando uma mão à do bicolor. — ... Metade...

— Diga.

— Eu ainda... Sou uma criança... Pra você? — perguntou, se esforçando para erguer a cabeça como podia.

— Não, és um belo homem agora. — respondeu, levando a outra mão à face do loiro. — Meu lobo.

Bakugou ergueu mais o corpo, conseguindo se aproximar de Todoroki, desejando ser tocado pelo vampiro.

Todoroki se limitou a beijá-lo, coisa que à um bom tempo queria fazer, e o contato naturalmente se aprofundou. Somente aquilo deixou Bakugou implorando por mais, pois depois de tanta espera, finalmente poderia pertencer àquele vampiro por completo.

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Até a próxima