🔫 Ret 🔫
O médico repetiu um monte de parada, mas a única que entrou na mente foi quando ele falou que Yasmim perdeu o bebê por conta de alguns chutes e que era provável que ela não poderia ter mais filhos.
Cássia tava fodida na minha mão, papo reto.
Preciso nem dizer que a doidona chorou até dormir né? Chorar era tudo que ela fazia nessas últimas semanas.
Tava feliz com a ideia de ser pai, mesmo que a cria não fosse do meu sangue. Ia criar como se fosse meu filho e ia fazer dele meu herdeiro.
Mas Yasmim já tava puta com autas paradas e juntou com as provocações de Cássia né, formou fight!
Yasmim não era de se estressar a toa não. Só tinha uma parada que fazia ela sair da pose: falar da dona Edna. Mermão, era caminho sem volta falar da coroa. Eu mesmo já perdi a conta de quantas vezes a Ya me bateu pelas brincadeiras que eu fazia quando a mesma tava viva.
Aquela sim era uma mulher boa. Ela era a única que não me olhava com nojo, desprezo ou pena. Parando para pensar é normal Yasmim ter o jeito doce que tem... é tudo herança da mãe.
Perto dela eu deixava de ser o Ret e virava o Gean que os de antigamente conhecia. Sem fama de cachorro, putão, matador ou cuzão. Eu era só o Gean, morador de Manguinhos.
Morte dela foi foda. Meu irmão, não lembro de um único dia que tenha chorado tanto com uma notícia de morte.
Sei que ela está lá em cima cuidando de todos nós.
Ret: Você tem que comer, Yasmim - Ela me olhou, sentou na cama e só bebeu o copo de água, deitando de lado. Nós já tínhamos voltado para casa fazia dois dias e nesses dois dias ela tava assim.
Não comia, não bebia nada, não tomava banho... resumidamente ela tinha perdido a vontade de viver.
A única que fazia ela agir era Thaynara.
Outra mulher forte para caralho que tem 100% do meu respeito e admiração. A mina faz autas paradas, trabalha dia e noite e ainda tem disposição para ajudar a amiga.
Ret: Tu tem que comer cara.
Ya: Eu tô sem fome - Murmurou baixo. Olhei pro teto respirando fundo e olhei a porta sendo aberta.
Thay: Cadê? Vai comer sim - Thaynara entrou no quarto e colocou a bolsa em cima da cadeira perto da porta e pegou o prato de comida das minhas mãos. Era por volta das oito, era sempre nesse horário que ela chegava aqui. - Engole isso aqui, Yasmim. Bora!
Ya: Eu não to com fome, cara!
Thay: Eu não perguntei se você está com fome. Falei pra engolir - Ya fez careta e engoliu a colher cheia de comida. - Ela já tomou banho?
Ya: Já.
Ret: Não.
Thay: Depois que terminar aqui você vai tomar banho - Falou autoritária. Depois que ela terminou eu fui descendo para a sala ficando um pouco por ali enquanto fumava um baseado. Mente tava a milhão e eu sabia que Yasmim ia precisar da minha ajuda mais do que nunca. Subi e encontrei com as duas dentro do box. Yasmim tava sentada no chão; Thaynara de frente para ela enquanto a água caia sobre as duas que choravam olhando uma a outra. - Eu te amo. E eu tô aqui, pro que der e vier. Nunca vou te largar escutou?
Yasmim concordou e recebeu um beijo na testa e elas ficaram daquele jeito por um bom tempo, com Thaynara cantando uma música qualquer que não consegui saber qual era.
VOCÊ ESTÁ LENDO
BANDIDAGEM
Teen Fiction➝ Rio de Janeiro, Manguinhos 📍 || Quem nasce guerreiro não morre covarde, sou filho do amor, herdeiro da maldade. iniciada em: 24/05/2020 concluída em: 16/06/2020