19 - Passé

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Chasteté

Dezenove

Felícia.

Manhattan continuava tão majestosa quanto era quando tive que deixá-la, o vento em meus cabelos era muito bem-vindo e eu estava feliz por estar em casa novamente.

Felicidade essa que se cessou assim que Anne apareceu em meu campo de visão, pra mim ela sempre seria um ser realmente desprezível.

Cega pelas suas vontades e crenças nunca se importou com a felicidade do filho. As coisas sempre eram do jeito dela, e Harry tinha apenas que abaixar a cabeça e dizer sim.

- Cadê a minha mãe? – perguntei puxando a mala para perto de mim e Anne abaixou seus óculos.

- Javier irá deixá-la no apartamento que aluguei para vocês, gostaria de conversar com você a sós. – sorriu abrindo a porta do carro.

O caminho foi feito em um silêncio excruciante e em tão pouco tempo já sentia que poderia morrer sufocada a qualquer momento.

- Você sabe por que está aqui certo?

- Por que eu sou uma pessoa livre e posso estar onde bem entender? – sorri falsamente.

- Não, por que ao contrário do que diz, você não tem nenhuma capacidade de se estabelecer em Manhattan novamente. Por isso eu estou te ajudando.

- Ajudando?

- Sim, você vai se casar com Harry. – afirmou e olhei para ela sentindo um frio na barriga.

- Não o vejo há anos, isso é impossível.

- Sei que ainda se interessa por ele, sei que sempre pesquisa sobre ele.

- Isso é pessoal.

- Como eu ia dizendo, não é impossível, tenho certeza que assim como você ele também ainda pensa naquela época. Você tem grandes chances de reconquistar o meu filho e deve investir nisso.

- E se eu me negar? – a olhei, era óbvio que tudo aquilo estava estranho, se eu ainda tinha sentimentos por Harry? Sim, eu tinha, mas nada que vinha com ajuda daquela mulher era algo bom.

- Você estará em Manhattan com a sua mãe doente, sem teto e sem dinheiro. – sorriu. – E acredite, eu farei de tudo para que você não consiga trabalhar nem mesmo como garçonete de uma espelunca qualquer e claro, não pagarei um centavo do tratamento para a sua mãe.

- Eu farei. – afirmei rapidamente e Anne sorriu ainda mais. De fato não seria um sacrifício, me casar com Harry era algo que pensávamos para o futuro que queríamos juntos, mas Anne e seus objetivos sempre me assustaram.


Harry.

Emília se virou jogando o cabelo em meu rosto e sorri tirando os fios da minha boca antes de afastar seu corpo do meu. Procurei pela minha cueca pelo tapete e coloquei junto com a calça.

Depois de jogar uma água no rosto e passar um pouco de pasta nos dentes deixei o quarto para preparar o café. Coloquei a cafeteira para funcionar e tirei o pão e a geleia do armário.

Chequei alguns e-mails respondendo-os rapidamente e apagando alguns outros e a porta do apartamento abriu. Jasper entrou com algumas sacolas e me encarou.

- Temos um inquilino novo agora? – sorriu colocando as sacolas na bancada.

- Bom dia. – sorri. – Como Júlio está?

Chasteté H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora