Feitos De Pedra

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Por HR

A Mel vomitou quando viu o resultado do teste. E depois teve falta de ar. E depois uma crise de choro compulsivo que eu achei que eu ia surtar. Uma hora ela simplesmente se afastou e gritou para eu não tocar nela, mas acabou durando pouco. Eu preferia ter levado outro tiro a ver ela daquele jeito

Em algum momento ela capotou no sofá e apagou. Fiquei deitado com ela um tempão, velando seu sono. Ela acordava de tempo em tempo, dava para ver que seu sono estava agitado e ela não tava conseguindo relaxar direito

HR: princesa, vamo para o quarto — digo baixo e passo a mão no seu cabelo

Ela só abre um pouco os olhos e me encara, e é perceptível o quando está exaustas. Passo os braços por de baixo das suas pernas e suas costas, a pegando no colo para subir para o quarto, já que provavelmente ela não ia conseguir nem andar.

A Mel se aconchega no meu peito, fechando os olhos. Deito ela na cama com cuidado, e quando me afasto ela segura meus braços

Mel: fica aqui — diz com a voz rouca e exausta

HR: vou só me arrumar para dormir — explico

Tiro a blusa e guardo ela no closet, depois escovo os dentes e volto para o quarto

Sento na beira da cama e coloco a mão no rosto da Mel, sentindo ela gelada demais para ser normal. Além da sua pele estar super pálida e os lábios sem cor. Por mim, ela já estava no médico desde que começou a vomitar, mas ela me convenceu que as vezes tem crise assim e a única solução é ficar quieta em casa e tentar dormir.

Eu tava quase surtando por ter que ver ela daquele jeito...

HR: não quer tomar um banho? Ao menos para você relaxar e poder dormir

A Mel abre os olhos e nega com a cabeça

HR: tem certeza? Eu te ajudo, amor— passo a mão em seu rosto

Mel: Eu não to nem parando em pé direito... — ela suspira fundo, como se tomasse fôlego para continuar — Eu só preciso dormir, amanhã já vou estar bem de novo

HR: tem certeza? — ela assente e eu me dou por derrotado

Deito na cama e puxo a coberta para cobrir a gente, a Mel vem para perto de mim, se aconchegando no meu peito. Passo os braços em volta dela, sabendo que ela ama quando faço isso

HR: amo você — digo no ouvido dela — Vai ficar tudo bem, tá?

Sinto ela beijar meu rosto, e aquilo ali já foi resposta o suficiente para mim.

Eu sabia que ela não ia ficar bem se o teste desse positivo, só não fazia ideia de que ela ia literalmente entrar em crise. Eu nunca tinha visto ela assim, nem ela nem ninguém.

Só consegui pegar no sono muito depois da respiração dela ficar leve e eu ter certeza que ela tinha conseguido adormecer para valer dessa vez.

Por Mel

Acordei os braços do Henrique ainda em volta de mim. Estava calor e a proximidade dele só me fazia suar mais, porém não me afastei. Eu amo quando ele faz isso, me faz sentir verdadeiramente segura.

Lembro da noite anterior, a bagunça que foi, de como a exaustação me atingiu em cheio. Eu sentia cada celular do meu corpo cansada e pesada e vazia, ainda sinto, por isso nem tento me mexer. Essa era uma das partes ruins de depois das minhas crises, eu me sentia tão tão tão vazia. Parecia que as coisas perdiam o sentido. Não tinha força para andar, nem comer, nem nada.