Feitos De Pedra

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Por HR

Acordo com a cabeça latejando, parecendo que vai explodir para ser mais exato. Não devia ter bebido tanto, mas o negócio do cara com a Mel me tirou do sério

Eu fiquei mal por deixar ela assustada daquele jeito, nunca tinha acontecido antes, ao menos não com ela sendo o motivo. Mas não podia simplesmente ignorar

Acordei no meio da noite — quase dia para ser mais exato — No sofá da sala com a Mel enroscada em mim. Trouxe ela para o quarto, onde está dormindo até agora

Tomo banho e um remédio para dor de cabeça antes de ir acordar a Mel.

Ela tá deitada de bruços na cama, o cabelo cacheado espalhado no travesseiro, e veste só o sutiã — quase dou risada, eu tava meio apressado ontem — deixando as costas livres

Subo com cuidado em cima dela para não machucar, distribuindo beijos na base da sua coluna e subindo em direção ao pescoço.

Ela começa a se remexer na cama, indicando que acordou. Sorrio e dou um beijo demorado no seu ombro

Mel: não encosta em mim! — grita

A Mel dá um pulo na cama, se virando para mim e me olhando assustada.

Eu também me afasto rápido e a encaro assustado, me amaldiçoando por fazer isso sabendo que ela podia se assustar

HR: desculpa, eu não... — digo baixo me sentando na cama

Ela continua com a respiração ofegante, me encarando meio atônita mas logo se aproxima de mim, me abraçando com força

Mel: me desculpa — sussurra no meu ouvido — Desculpa, Henrique, não queria te assustar

HR: relaxa — beijo seu rosto — Eu quem te assustei, não devia ter feito — balanço a cabeça

A Mel se afasta um pouco de mim para me olhar nos olhos e fica um tempinho só me encarando, por fim fala

Mel: você sabe... sabe que eu nunca vou ser como elas né? Não é como se algum dia eu fosse superar totalmente... — ela passa a mão no cabelo — Eu não quero te machucar, Henrique, juro que é o que menos quero no mundo, mas não sei se sou o suficiente para você

HR: Ah, Mel... — suspiro fundo — Você sabe o que eu penso disso né?

Mel: as vezes eu acordo vomitando a noite — admite baixinho desviando o olhar do meu —, as vezes eu acordo em pânico, as vezes tenho crises que não consigo respirar. Já é a segunda vez que você me acorda e eu grito contigo porque me assusto. É porque tipo, as vezes ele me drogava, só... Tem dia que talvez eu não consiga nem deixar você tocar em mim, porque se não eu literalmente surto. Talvez não valha a pena você aguentar tudo isso só para ficar comigo

Absorvo cada uma das suas palavras, sentindo meu corpo pesar a cada frase.

Eu odeio o fato do Falcão ter morrido tão rápido. Eu queria ter torturado ele durante semanas. Isso sim ia ser maravilhoso

Mas não posso né. Minha vontade era apagar todo o passado da Mel, eu odeio o fato de terem destruído a vida duma garota tão nova e cheia de sonhos pela frente. Odeio quando ela me olha e posso ver uma sombra nos seus olhos

Mel: eu não sei nem se um dia eu vou conseguir ser mãe de novo — continua — Depois de perder o Nicolas isso parece impossível para mim e eu sei que você quer ter filhos e formar uma familia, mas... porra, é tão difícil!

Mordo o lábio e suspiro, sem saber o que falar. Tento colocar minha cabeça no lugar mas não dá muito certo

Decido ser sincero com ela, talvez funcione

HR: Eu sei que você ainda tá se recuperando, e talvez nunca se cure totalmente. E também sei que por mais que eu fale que te amo e que estou aqui para você, as vezes parecem promessas vazias. Mas eu te quero de verdade, Melissa. Quero você por completo, independente do que te aconteceu e pelo o que você passou. Já te falei isso antes e vou repetir: sinto uma puta vontade de cuidar de você, tá ligado? — sorrio de lado — E se isso inclui as vezes você em expulsar de perto de você porque não tá bem aquele dia, de boa então — dou de ombros — Se isso inclui ficar acordado a noite toda contigo quando não conseguir dormir, de boa — repito — Papo reto, eu só quero você, só quero poder ficar contigo, e o resto a gente resolve junto, beleza?

Só quando paro de falar percebo quanto soou brega, mas acho que resolveu já que os olhos da Mel se encheram de lágrima.

Mel: eu não sei o que eu fiz para merecer você — ela sorri fraco e passa os braços pelo meu pescoço, beijando minha boca de leve — E sobre ser mãe... — retoma o assunto

Passo as mãos na sua cintura e puxo para que ela sente no meu colo, de frente para mim

HR: vou ser sincero, tá? — ela assente — Eu sempre quis ser pai, na moral mesmo, mas não rola fazer isso sem o seu consentimento. E também não quero que você faça só por causa de mim, tá ligado? Mas acho que a gente tem que decidir logo porque eu já to com quase 32 anos né — solto uma risada e ela sorri fraco

Ela deita a cabeça no meu ombro e fica quieta um tempinho até voltar a falar

Mel: acho tão injusto eu te privar disso, mas ao mesmo tempo acho muito injusto eu fazer isso contra vontade — admite — Tem que ter uma saída, não é possível

HR: sabia que entre eu, o Bruno e a Safi, só o Bruno que nasceu da minha mãe ne? Da Alicia, quero dizer — digo tentando fazê-la entender um negócio

Ela ergue o rosto, ficando de frente para mim e me olhando confusa

Mel: tá falando de adotar? — sussurra

Dou de ombros

HR: seu problema é com a parte da gravidez e parto, não é? — ela assente — Então pronto, tá aí uma solução

Mel: tenho que te responde agora? — pergunta nervosa

Sorrio e afasto seu cabelo embaraçado do seu rosto

HR: não né, pensa direito aí que a gente resolve — dou de ombros e beijo sua boca de leve

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