Por Mel
Visto o sutiã e a calcinha e paro na frente do espelho, ficando de perfil e vendo minha barriga — agora começando a ficar evidente.
Espalmo as mãos contra a pele fria e isso me faz lembrar do Henrique. A imagem dele conversando com minha barriga volta à mente e eu me apoio na parede para não despencar.
O Falcão nunca fez aquilo comigo, nunca nem tocava na minha barriga. Não sei porque ainda me surpreendo que o Henrique me trate com o maior cuidado por causa da gravidez. Sei que ele vai conversar com minha barriga mais vezes, sei que vai ser mais zeloso ainda que antes mas eu simplesmente ainda não me acostumei com isso. Já não tinha antes, somado à gravidez então...
O choro veio ontem mais forte do que eu podia aguentar. Sentir os lábios dele roçando minha pele enquanto murmurava quebrou todas as barreiras possíveis.
HR: paixão — Henrique aparece na porta do closet e franze o cenho — Tá bem?
Mel: estou sim — respondo e visto o vestido, me virando para ele — O que acha?
Os olhos dele brilham enquanto percorrem pelo meu corpo e ele se aproxima com aquele sorrisinho no rosto
HR: gostosa para porra — ele segura meu queixo e morde meu lábio inferior — Tu é um pecado, Melissa — fala no meu ouvido
Eu quase enlouqueço sempre que ele faz isso, diz meu nome com a voz baixa e rouca
O Henrique me beija, mas dura poucos segundos. Ele se afasta e passa a mão no cabelo
HR: bora logo antes que eu desista
Solto uma risada, e sigo ele para fora. Hoje tem pagode na Rocinha e é claro que não ia perder a oportunidade de ir encher o saco do Dado né
No caminho, acabo me lembrando do dia que vim para o Alemão porque o Vidigal podia invadir a Rocinha. Quando eu fiz a loucura de atirar com o carro em movimento...
O Henrique coloca a mão na minha coxa, brincando com o tecido do meu vestido enquanto a outra se mantém no volante. Ele fica um puta gostoso quando está dirigindo, chega dá raiva, mas não digo isso à ele porque sei que vai ficar se gabando depois
Chegamos à casa do Dado quase quando anoitece, e a Raquel vem correndo para meu colo
Mel: oi, meu amor — digo sorrindo e me abaixo para abraçá-la. Estava morrendo de saudades
A noite vai rolando e eu dou muita risada. Em algum momento o Davi me puxa para dançar com ele, e eu gargalho toda vez que ele me olha rindo.
Dado: qual foi, doida? Tá rindo por que? — ele me puxa para perto de novo e continuamos a dançar pagode
Mel: só estou de bom humor — digo sorrindo
A música acaba, e o Henrique me rouba do Davi. A Jess se apressa a assumir meu lugar
HR: que sorriso é esse, hein? — ele passa o braço pelo meu ombro quando sento ao seu lado e beija meu rosto
Mel: gosto de dançar — dou de ombros e ele assente
HR: eu sei, você e o Dado dançam bem juntos — comenta
Franzo o cenho, me perguntando se ele ficou bravo comigo por causa disso
Mel: não tem problema, né? Eu dançar com ele
O Henrique para de sorrir, e me olha dum jeito estranho
HR: não to te entendendo, Mel
Mel: to perguntando se tem problema eu dançar com o Dado
HR: por que teria? — pergunta exasperado
Mel: sei lá, Henrique, as vezes tu não gosta desse tipo de coisa...
Ele me encara, parecendo finalmente ter entendido
HR: eu não mando em você, tu dança com quem quiser — diz óbvio — Até porque é o Dado, você mesmo já me disse que se eu for reclamar de vocês dois eu vou quebrar minha cara. E não to afim de ficar me rasgando por ciúmes atoa, tá ligado?
Ele segura meu pescoço e me rouba um beijo, dando o assunto por encerrado. Desisto de insistir com ele, já que não vai dar em nada.
HR: qual é? Cadê o sorriso de antes? — pergunta com um sorrisinho na cara
Dou um tapa no peito dele, que dá risada e bebe um gole da cerveja. Olho para a latinha na sua mão, sentindo minha boca secar
HR: ah não, Mel, nem começa — ele afasta a latinha de mim — Tu não vai beber, e nem adianta me olhar com essa cara aí
Mel: amor — choramingo — Como vou aguentar tanto tempo sem álcool? Vou morrer até lá — dramatizo e ele sorri
Safira: o HR bebe por você — ela aparece e entra na conversa — O Theus fazia questão de jogar na minha cara, acredita?
Mel: acredito sim, é a cara dele
HR: como eu sou um bom homem, eu faço esse sacrifício — ele pisca para mim e eu reviro os olhos
Safira: tu é chato, hein, Ricão
HR: sai daí, pirralha — diz rindo
O Henrique fez por onde, bebeu tanto que eu que acabei dirigindo na volta para casa. Ele tava zonzo para porra
Mel: fala sério, amor — resmungo e pego na mão dele, puxando ele para o quarto — Precisava beber tanto?
HR: eu to mec — diz com a voz arrastada — Nem to tão bêbado assim
Mel: ta sim — rebato — Mal consegue parar em pé
HR: consigo sim — diz rindo e enterra a mão no meu cabelo, fazendo com que erga o rosto para ele — Consigo fazer muitas coisas — diz com a voz rouca e eu reviro os olhos
Mel: a gente não vai transar contigo bêbado, sem chance — falo com a voz firme
Coloco as mãos no ombro dele e o empurro para o banheiro. Ele continua a tentar me provocar, sem sucesso nenhum, e eu acabo é dando risada das tentativas dele.
Mel: para de fogo, a gente vai dormir — digo rindo quando ele desliga o chuveiro — Não adianta me olhar com essa cara
O Henrique capota na cama, pegando no sono quase imediatamente. Deito ao seu lado, começando a fazer cafuné na sua cabeça. Ele se remexe um tempinho depois, deitando a cabeça no meu peito e passando os braços envolta da minha cintura.
Quando o Henrique está assim quietinho, dormindo, quase me esqueço de quem ele realmente é: o dono do Alemão.
Relaxo meu corpo, sentindo seu calor costumeiro contra minha barriga. Sem nem perceber, continuo com o cafuné, até eu também adormecer.
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Feitos De Pedra
Non-Fiction+18|| Ela carrega aquele brilho no olhar, mostra uma certa malandragem pra falar Ela é o sonho de todo homem do mundo, vagabundo para tudo pra olhar ela passar Eu mesmo já vi, ela parando o trânsito completamente Ela é o samba, ela é o Rap, ela é a...