Frustrações

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Rafa irrompeu a porta com a expressão apreensiva. Será que ela tinha esquecido alguma coisa?

Larguei meu copo na mesa e fui ao seu encontro. Seu olhar cruzou o meu. Eu tentava desvenda-lo, mas era cada vez mais difícil. Aqueles olhos eram um mistério pra mim.

- Eu precisava voltar. Deixei algo aqui. – ela disse.

- O quê? – questionei olhando para o sofá onde ela estava sentada minutos atrás.

Ela tomou meu rosto entre suas mãos. Seus olhos se voltaram para minha boca. Ergui a sobrancelha.

- Eu queria isso desde a primeira noite. – ela sussurrou e seus lábios encostaram nos meus. A surpresa deu lugar ao desejo. O desejo de ter aqueles lábios junto aos meus. Meu coração batia como se eu tivesse corrido uma maratona. Uma maratona para os braços de Rafa. Sua língua pediu passagem a minha boca e eu concedi satisfeita. Um gemido escapou dos meus lábios quando ela estreitou mais a distância entre os nossos corpos. Nossas línguas se encontraram e foi como se meu corpo queimasse por inteiro. Apertei sua cintura trazendo-a pra mim.

Ela se afastou de mim e sorriu. Eu não pude evitar de sorrir também.

- Por que você fez isso ?

- Porque eu te quero, Gizelly. Sua covarde.

Acordei do sonho. Estava em minha mesa com os braços apoiando minha testa, agora amassada. Cochilei na minha sala. A sensação dos lábios de Rafa pareciam tão reais que eu me deixei levar por uma fantasia.

- Puta que pariu. – pensei alto demais.

Isso tinha que acabar. Mas como? Como não imaginar os lábios de Rafaella toda vez que eu a visse a partir de agora. Imaginar que esses lábios agora tocavam os lábios do meu melhor amigo.

Marcus era um puta de um sortudo. Mas ele não percebia isso.
Ele amaldiçoava sua própria existência a todo instante me contando do encontro quando chegamos em casa. Eu não queria ouvir, mas teria outra escolha. Era sua melhor amiga.

- Você tem ideia do que é ver aquela mulher lamber os lábios depois de se melar com o chocolate da sobremesa e não poder... Você sabe. – ele me contou depois de voltar da sua corrida. Ele teve que correr para aliviar o estresse que sentiu durante o almoço.

Imaginei Rafaella lambendo o chocolate da sobremesa com a colher, limpando o canto da minha boca com o dedo e lambendo o chocolate após. Meu Deus, de onde surgiu isso?

- Eu vou ficar louco. – saí do meu transe quando Marcus gritou.

- Mas você conseguiu a conexão mental?

- Sim, ela tem três irmãos. É ariana. Gosta de admirar as estrelas ao anoitecer. Seu encontro perfeito é um cinema dentro do carro, uma espécie de drive in, seguido de assistir um show da sua banda preferida e comer cachorro quente da banca da esquina no final. Ela tem uma sobrinha por quem é apaixonada. Gosta de cachorros, inclusive tem quatro. O que é ruim, porque eu sou alérgico.

- Você fez o teste há cinco anos atrás, Marcus. Pode ser que seja não reagente agora, inclusive. – revirei os olhos.

- Ela gosta de sertanejo, mas quando cozinha gosta de ouvir um blues. Ajuda ela a se concentrar. – ele continuou.

- Você descobriu muito sobre ela. Tiveram uma conexão mental. Como você se sentiu?

- Excitado, triste, estressado. – disse ele. Eu desisti daquele homem, Marcus era muito confuso. – tive que correr muito hoje pra compensar.

- Estou orgulhosa de você. Está a um passo de se tornar um ser humano melhor.

- Eu não sabia como agir sem flertar o tempo todo.

FaíscasOnde histórias criam vida. Descubra agora