Gelo e Fogo

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Quando eu estava debaixo d’água, parecia que o mundo parava, você não ouve nada e o instante é apenas um momento e nada mais. Seus problemas vão embora e dão lugar a solidão, a sensação de sufocamento de quando seu pulmão já não aguenta mais.
E você procura desesperadamente ar, você procura a superfície. Você procura uma saída. E qual seria a saída quando você está cercada do seu maior medo? Quando os olhos verdes penetrantes te encaram como você fosse uma arte a ser decifrada. O que fazer quando o desejo impulsiona nossas vontades? Ceder ou lutar? A pergunta socrática perdurava em minha mente.

- Gizelly, você passou protetor? – Rafaella me repreendeu já fora da piscina.

Balancei a cabeça em negação. Rafa fez sinal para que eu saísse da piscina e procurasse uma sombra. Ela me aguardava fora da piscina com uma toalha. Demorei alguns segundos para sair, mas me dei por vencida. Respirei fundo indo em direção a escada de acesso. Ela me entregou a toalha e esperou eu me enxugar.

- Você quer ficar toda queimada. Sua louca?

Ela disse pegando uma quantidade de protetor esfregando na mão e passando nos meus ombros, depois suavemente passou nos meus braços e me fez virar de costas. Suas mãos em meu corpo provocava sensações nada agradáveis em regiões adormecidas. E estávamos em público, todo aquele movimento era observado por Manu e Marcela, já que Igor e Marcus estavam absortos na churrasqueira debatendo sobre a forma correta de assar um peixe.

Suas mãos em minhas costas ardiam como se eu estivesse exposta ao sol. Respirei fundo. Ouvi gargalhadas no fundo e me virei a tempo de ver Marcela e Manu rindo da minha situação.

- Obrigada. – disse num murmuro. Ela me ofereceu o que seria o segundo drink do dia.

- Caipiroska de uva verde com água de coco.

- Você quer me embebedar, Rafaela? – ela riu e mordeu o lábio inferior, olhando pra mim.

- Só estou testando drinks. É do meu curso de mixologia.

- Está passada, por mim tirou dez. Pronto, pode ‘tá parando de mandar drink. – ela negou com a cabeça.

- Eu quero ver como você é bêbada. Agora fiquei curiosa. – ela disse isso e virou de costas indo na direção de Marcus. Claro, seu namorado.

Eu fui até às meninas com o drink na mão. As duas não paravam de rir.

- Você tinha que ver sua cara. – Manu disse entre gargalhadas.

- E a gente ainda duvidou que ela fizesse isso. – eu olhei para Marcela querendo matá-la nesse momento. Então foi ela que armou a situação toda para confirmar e provar o ponto dela.

Revirei os olhos e sentei ao lado delas sem dizer nada. Queria demonstrar o quanto estava brava. Não levava aquilo na brincadeira, eu sentia atração pela única mulher que prendeu o interesse de Marcus, depois de todos esses anos. Eu me sentia culpada e traindo meu melhor amigo. Como se não fosse digna de ser amiga dele.

- Desculpa, Gi. Nós te amamos. – Marcela disse acariciando a minha mão que estava em cima da mesa.
Marcus e Igor serviram aos poucos as carnes. E a tarde foi super divertida. Rafa fez outros drinks, e bebia tudo que fazia, ficando facilmente alterada. Ela começou ensinar as meninas a dançar acompanhando os vídeos do Fit Dance.

Eu só comia, bebia cerveja e observava elas dançando. Apesar de me chamarem várias vezes. A noite foi chegando e estávamos todos na piscina, bêbados, brincando de Marco Polo. Foi hilário.

Depois fomos tomar banho e nos juntamos, mais tarde, na mesa da área externa para brincar de algum jogo estúpido de bêbado. Bebíamos ainda mais e não tínhamos limites, afinal, era nossa folga das nossas vidas exaustivas na capital.

FaíscasOnde histórias criam vida. Descubra agora