Efeito Borboleta

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"Pequenas mudanças em pequenas escalas podem mudar o clima para sempre. "
Bryan Swingle

GIZELLY POV

No dia seguinte, acordei com a ressaca habitual, Rafa dormiu com Marcus e quando me dirigi até a cozinha, nenhum dos dois havia acordado ainda. Fiz meu café e senti o líquido melhorar minha disposição assim que o bebi. Marcus foi o primeiro a acordar. Conversamos sobre a festa e ele entrou no assunto “Rafa bêbada”. No momento que esse assunto surgiu eu quis apagá-lo da mente e não continuar. Mas minha mente era insistente e lembrou-se da Rafa dando em cima de mim e me elogiando o tempo todo. Marcus não gostaria de ouvir isso.

- Você disse uma coisa ontem que me intrigou. – lembrei, tentando mudar de assunto.

- O quê? – ele questionou preocupado.

- Você disse que amava a Rafa.

Marcus não era o tipo de cara que diria eu te amo para uma mulher de modo simples. Ele dizia eu te amo para objetos inanimados e para mim de vez em quando, mas para uma mulher que ele namorava há dois meses? Não. Porém esse não era o Marcus de meses atrás, era outro Marcus, comprometido a fazer sua vida dar certo.

- Eu realmente não sei do que você está falando, Gizelly. Não lembro. Fui precipitado, não fui? Ela deve me achar um idiota. – ele justificou visivelmente nervoso.

- Por você ama-la? Não. Só tenha certeza, porque uma vez dito, não tem volta. – eu argumentei. Ele dizer isso sóbrio deixaria tudo mais real e mais sério, e me afastaria cada vez mais de Rafa. Talvez precisássemos mesmo dessa distância. Afinal, ela e Marcus eram felizes, certo?  E eu tinha Bianca, certo?

Rafa acordou e logo depois foi passar o dia com a família e Marcus, me deixando sozinha no apartamento. Ela me convidou para ir, mas eu não quis, aproveitaria aquele tempo para pensar. Pensar sobre meus sentimentos, meus pensamentos e o quanto eu deixava meu raciocínio dominar minha vida, eu não vivia por instintos. Se vivesse, ontem teria beijado Rafa sem pensar nas consequências, mas fui firme. Será que a nossa amizade daria certo? Eram coisas que só o tempo diria.

SEIS MESES DEPOIS.

Sabe quando sua vida se encaixa e você simplesmente a leva como está? Sabe quando você não questiona nada e apenas aceita de bom grado e vai vivendo no modo automático?

Seis meses se passaram e chegava o dia do meu aniversário. Eu não me encontrava empolgada. Apesar de a empresa estar indo bem, o trabalho preencher todo meu tempo e minha vida amorosa estar progredindo, eu ainda sentia um vazio em meu peito.
Marcus e Rafa cada dia pareciam mais alinhados. Planejavam viagens juntos e Marcus a levou para conhecer sua mãe.

Minha atração por Rafa não acabava. Ela se multiplicava.  Muitas vezes em reuniões me pegava olhando para ela e sua presença em nossa casa às vezes era dolorosa pela parede que dividia meu quarto com o de Marcus.

Tornava-se uma situação insustentável. Seus sorrisos pra mim, ela passeando de camisola pela casa, ela cozinhando para nós de manhã cedo e trazendo comida tarde da noite. Seus doces perfeitos e bem montados. As noites que passávamos compartilhando sonhos de infância e rindo deles, não saía da minha cabeça.

Bianca se tornava cada vez mais presente em minha vida. Mas ainda não definimos termos em nosso relacionamento, quer dizer, ela só ficava comigo e eu só ficava com ela. Dormíamos juntas com frequência na casa uma da outra, cozinhava para ela, assistimos juntas séries da Netflix e eu tinha roupas em sua casa.

Éramos um casal não oficial. A falta de definição não era um problema para mim. Fazíamos a noite dos jogos uma vez por mês,  que envolvia eu e ela, Marcus e Rafa e Manu e Igor, em casais. Claro que ganhávamos a maioria, éramos bem competitivas.
Eu comecei a procurar, em segredo, lugares para morar. Não estava dando certo, eu, Rafa e Marcus no mesmo apartamento. E também surgiu a necessidade de ter o meu próprio canto, fazia parte da construção da minha vida. Quando Marcus soubesse ficaria muito irritado, pois moramos juntos por muito tempo, mas, talvez, quem sabe agora, ele convidaria Rafa para morar com ele?  Eles chegaram nesse nível, certo?

FaíscasOnde histórias criam vida. Descubra agora