POV Gizelly
A noite de São Paulo louca e as vezes eu não conseguia acompanhar, as pessoas iam em busca de prazer, pessoas em busca de esquecer mágoas e pessoas em busca de apenas diversão. Nessa noite eu queria apenas me divertir. Consegui os ingressos através da agência. Quando você é do meio publicitário, com certeza, vão te oferecer coisas, ainda mais quando você está no comando. Então juntei o útil ao agradável.Desde o jantar com Marcela, sentia-me outra. Realmente as dicas dela despertaram uma mulher que estava morta em mim. Eu me sentia uma estátua, porém, após algumas dicas e presentes de Marcela, eu me sentia em contato com comigo mesma, com uma Gizelly que eu não conhecia. Manu tinha razão quando dizia que eu possuía personalidades diversas. E eu estava gostando dessa Gizelly sedenta por balada.
Lembra que Marcus disse que se vingaria de mim? Então, ele apareceu com uma campanha publicitária para Ivy, aquela modelo que eu fiquei a algum tempo atrás. E ainda tentava empurra-la para mim. Eu ainda era a mesma Gizelly traumatizada que não queria nenhum tipo de relacionamento. Mas Ivy era uma boa amiga. Engraçada, divertida e sempre pronta para qualquer tipo de conversa. Eu gostava da companhia dela. Mais do que gostaria de admitir.
E gostava dela enquanto mulher. Quem não olharia para aquela mulher linda?
E aqui estava eu nessa festa barulhenta avistando Rafa incrivelmente linda em sua roupa despojada. Parecia que cada roupa sua era forjada para enfeitiçar meu olhar e atrair todos os imãs do meu corpo até ela. Por isso eu a abracei. Só assim para me aproveitar em doses homeopáticas daquela mulher, já que ela estava com Marcus.
- Oi, Gi, você tá bonita. Fica muito bonita sem aquelas roupas do trabalho. – disse avaliando meu visual. Foi Ivy que ajudou a escolher. Ah meu Deus, ivy, eu tinha que apresenta-la para Ivy.
- Ivy, essa é Rafa. Ela é chef num restaurante muito bom. Posso te levar um dia desses.
- Vou tá querendo viu amiga. – disse ela sorrindo. E depois se virou para Rafa. – prazer, Rafa. Sou Ivy. Gizelly falou muito bem de você.
Quase pisei no pé de Ivy nesse momento. Debochada.
- Gizelly falando bem de mim? – Rafa perguntou surpresa.
- Ué, eu enalteço e valorizo as mulheres, oras. – justifiquei bebendo minha cerveja.
Marcus, que até então foi buscar uma bebida para a namorada, apareceu ao nosso lado entregando a bebida a Rafa.
Foi então que tocou uma música que Ivy conhecia e ela me puxou pra dançar. Eu era muito desengonçada para dançar e preferia fazer isso no aconchego do meu apartamento. Mas Ivy insistia rebolando sua bunda na minha frente.
Bebi um gole da minha cerveja e ensaiei uns passos tímidos. Rafa observava minha interação com Ivy e de vez em quando nossos olhares se encontravam.
- Ê, Gizelly, vai secar desse jeito! – a mineira praticamente gritou no meu ouvido.
- O que?
- A namorada do seu amigo tá te olhando de um jeito. Vai secar, fia.
- Para de viajar, Ivy. A bebida já alterou seus sentidos, doida? – disse tocando no ombro esquerdo dela.
- Ainda não, por isso vou tá pegando mais. – ela me deixou sozinha. Foi quando Rafa e Marcus se aproximaram. Rafa começou a dançar e cantar “ Tremendo Vacilão”.
- Agora chega, eu tô bolada, agora quem não quer sou eu. Não te dou bola, senta e chora, porque você já me perdeu. – ela cantava me olhando de vez em quando. Marcus não percebeu nada dos seus olhares em minha direção. – Deu mole pra caramba, tremendo vacilão.
Aquela música parecia alguma indireta pra mim? Se fosse, não fazia o menor sentido.
Ela rebolava ao ritmo da música. Tentei não ficar observando por muito tempo. Meu olhar desviou do seu corpo e procurou Ivy em algum canto. Ela conversava com um rapaz e ria muito. Revirei os olhos vendo que eu estava sozinha nessa.
Quando Dennis DJ começou a tocar, já era quase duas e meia da madrugada e meus companheiros de festa se encontravam totalmente alcoolizados, incluindo eu. Já não sabia mais a quantidade de cerveja consumida. Só sabia que Ivy e Rafa ficaram super amigas conversando sobre diversos assuntos.
As duas fizeram um sanduíche comigo no meio. Rafaella começou a rebolar sua bunda contra mim enquanto eu esfregava contra Ivy e o tarado do meu melhor amigo filmava e ria. Não podia negar que aquele movimento era completamente tentador. A bunda da Rafa causando uma fricção contra minha virilha fez meu corpo esquentar. Prendi meu cabelo num coque na tentativa de diminuir o calor que irradiava por todo meu corpo, mas ele só iria embora quando aquela mulher desencostasse de mim. O que eu não queria que acontecesse tão cedo.
Mas ela se afastou e eu dei um gemido baixo de frustração. Porém, ela voltou e se posicionou de frente pra mim. Sua coxa direita entre minhas coxas e seus braços rodearam meu pescoço.
- Sei que todo mundo quer um pedacin, é que a menina faz gostosin. – começou a cantar rebolando.
Nesse momento só existia eu e ela, nossos olhares se encontrando em meio as luzes da boate. Ela desceu aos poucos de acordo com o que a música pedia e eu fechei os olhos sentindo a fricção dos nossos corpos. Meu corpo tinha vida própria, então peguei na sua cintura firme, sentindo os movimentos.
Nem lembro quando a música acabou, só sei que Rafa saiu de perto de mim e eu amaldiçoei aquele momento em que percebi o mundo real voltando a apitar na minha mente. Além dos sinais. Ela é namorada do seu amigo.
Olhei para o casal que agora dançava juntos.
O calor ainda dominava meu corpo e eu me direcionei ao banheiro para me refrescar. A fila estava grande, então aguardei encostada na parede que separava o banheiro do resto da boate. Estava tão distraída que não percebi Rafa ao meu lado me observando.
- Rafa?
Ela se pôs a minha frente. Seu olhar me deixava com a sensação de nudez total.
- Você sentiu o que eu senti? – ela questionou.
- Do que você tá falando? - me fiz de desentendida. Eu sabia muito bem do que ela estava falando e senti sim.
- Dançando. Você sentiu alguma coisa?
- Assim você me deixa numa situação complicada. – disse coçando a cabeça e evitando seu olhar.
Ela segurou meu queixo.
- Você tá começando a me irritar, Gizelly! – a mulher alta em minha frente esbravejou.
Que merda, eu me sentia contra a parede e realmente estava contra uma. E não tinha escapatória.
- Eu preciso fazer xixi. – virei nossos corpos colocando ela de costas pra parede. Com isso nossos corpos ficaram mais próximos, nossas testas quase juntas.
- Então você não vai me responder!
- Não. – disse num sussurro. - Como você pode cheirar tão bem mesmo suada?
Ficamos nos olhando por segundos que pareciam horas. Até que ouvi uma voz estridente.
- Gizelly, porra! – Ivy gritou. Nos sobressaltamos e nos separamos, mas já era tarde. Ivy nos viu. Juntas.
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Faíscas
Fiksi PenggemarGizelly é uma ambiciosa publicitária que juntamente com seu sócio de Marcus Vilaverde forma uma dupla imbatível nos negócios. Porém Marcus é famoso por suas confusões. Numa tentativa de mudar a imagem do amigo e sócio, ela percebe que a melhor soluç...