Vai ter que aceitar

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POV RAFA

Ciúmes é um sentimento egoísta. É o reflexo de um sentimento de posse de algo que às vezes nem é seu. Ciúmes é um sentimento explosivo, delirante, que te faz ver a vida de um lado só. E esse sentimento fazia parte de mim nesse momento.

Marcus foi visitar a mãe, ele preparava o terreno para me apresentar a ela. Eu já conhecia o irmão dele por vídeo chamada, ele tinha um amor por esse irmão incondicional, tal qual seu amor pela melhor amiga.

Por falar em Gizelly, ela ainda morava ali e eu devia satisfações a ela. Não queria sair daquela forma, mas ao saber que ela dormiu com Bianca, uma fúria cresceu em mim. Aquilo me incomodava. Eu pensei que com o tempo a atração por Gizelly ia passar, mas ela só aumentava. Desde aquela maldita viagem, eu não tinha paz.

Saí do quarto, indo em direção a cozinha. Ela estava lá se servindo de um copo d’água. Me lançou um sorriso fraco.

- Desculpe o drama mais cedo, você faz o que quiser. Sabe se proteger.

Minha amizade com Gizelly era valiosa. Eu não tinha vergonha de admitir que fiz besteira e me precipitei.

- Tudo bem, eu entendo, em partes. Você saiu de um jeito estranho, estava brava.

- Eu quero te proteger, mas você não é mais um bebê. É um mulherão.

- Obrigada. Eu não tenho nada com a Bianca.

- Do mesmo jeito que não tinha nada com a Marcela. – revirei os olhos.

- Não da mesma forma. Eu fiquei com a Marcela, porém com a Bianca tive algo mais profundo. É diferente. Com a Marcela não tem sentimento, além de amizade. Já com a Bianca, tem algo ali.

- Sabe que com a quantidade de mulher que você ficou dá para fazer novela? Galã.

- Eu não sou galã. Nem saí com tantas mulheres assim.

- Você é muito sonsa , Gizelly! – exclamei. Gizelly era uma conquistadora, só não percebia isso. O mistério em torno dela deixava tudo mais interessante. Sem contar o fato de ser uma pessoa dinâmica na hora de conversar.

- Sonsa? Vou te mostrar a sonsa.

Ela fez cócegas em mim, seus braços envolveram minha cintura e por um momento eu ia me render, mas consegui fugir.

Fui até o primeiro lugar aberto, que por coincidência, era o quarto dela. Tentei fechar a porta, mas ela era rápida e conseguiu me pegar. Jogou-me na cama e voltou a fazer cócegas em meu abdômen, tocando na pele exposta. Eu só conseguia rir e acabei me rendendo. Meu corpo já se contraindo de tantas cócegas.

- Eu sou sonsa, Rafaella?
- Não, não é.

- Mais alto, Rafaella. Eu sou sonsa?

- Pare, Gizelly, você não é sonsa. – ela então parou, já com os braços cansados. Seu corpo estava em cima do meu numa posição bem sugestiva.

Observei como ela ficava por cima. Essa posição acabou de ser tornar minha favorita.

Minha mão foi parar no seu rosto, enquanto minha respiração se acalmava. Sua pele era macia.

Gizelly se aproximou de mim. Nossas respirações estavam próximas. Eu sentia meu corpo responder aos movimentos dela e somente a ela.

- Rafa, eu... – aquilo ia acontecer, meu corpo todo já estava amolecido na expectativa de seus lábios nos meus.

- Você ...

- Estou morrendo de fome. – ela disse se levantando e saindo de cima. Gemi baixo com perda do seu contato. - Vamos pedir uma comida japonesa?

- Pode ser... – levantei frustrada. O que eu esperava ? Que ela me beijasse? Completamente.

Enquanto esperávamos o pedido chegar, nós escolhemos um filme para assistir. Mas o clima não era o mesmo. Gizelly se encontrava inquieta ao meu lado. Combinamos de assistir uma comédia romântica, Amizade colorida.

- Você está bem? – perguntei, preocupada.

- Eu estou ótima, por que?

- Está pálida.

Talvez fosse a culpa, quase nos beijamos minutos atrás e agora estávamos próximas novamente.

Nos distraímos um pouco assistindo o filme.

- Eu não sei se conseguiria transar com um amigo. – ela pontuou.

- Você transou com a Ivy, quase transou com a Marcela. Mas como eu disse, você é sonsa.

- Você não aprende, Rafaella. Quer chuva de cócegas de novo?

- E se eu quiser? – ameacei ela sabendo que teria volta.

- Você não vai querer open cócegas.

- Eu quero open de outra coisa. – murmurei mais para mim mesma do que pra ela. Gizelly fingiu que não ouviu, pois soltou uma risada tímida e voltou a prestar atenção no filme.

- Não é possível ser só amiga da Mila Kunis. Olha essa mulher?! – Gizelly comentou numa cena que a atriz estava com roupas mínimas.

- Não é possível ser só amiga da Gizelly Bicalho. Olha essa mulher?! – Brinquei. Ela corou com a brincadeira. Era uma brincadeira que possuía todo um contexto por trás, um contexto de verdade.

- Está palhaça hoje, não é, Rafinha? Eu sou uma piada pra você?

- Aprendi com a melhor. A mais palhaça de todas.

Depois do filme, comemos e ela tentou me ensinar a jogar videogame. Fizemos um bolo. Rimos das fotos antigas dela com Marcus e de algumas histórias das viagens deles. Quando meu namorado voltou, nos tornamos três, bebendo, conversando e brincando.

Aquilo me deixava mais culpada ainda. Então, preferi guarda meus sentimentos para mim mesma.

Na segunda, Manu passou no restaurante para me ver , Thelminha estava lá ajeitando as coisas do estoque e reparou que eu não estava muito bem.

As duas então se sentaram comigo em uma das mesas do restaurante, que ainda estava fechado.

- Gizelly dormiu com a Bianca. Ela me contou tudo. Só não contou detalhes porque eu pedi a versão resumida.

- Você está com o melhor amigo dela. Foi uma escolha, não foi? Ela fez a escolha dela. – Thelma argumentou. Ela tinha um ponto válido na discussão.

- A pergunta é: você vai fazer algo sobre isso? – Manu me questionou. - Se não for fazer nada, deixe a Gizelly ser feliz com a Bianca ou com quem ela quiser. 

Pensei mil vezes se deveria intervir. Imaginava mil cenários na minha mente. Provavelmente Gizelly nunca magoaria Marcus e nunca passaria por cima da amizade deles por minha causa. E eu não queria essa responsabilidade comigo.

- Eu deveria fazer o que, então? – Questionei sem saber como agir.

Thelminha e Manu se olharam.

- Ou continue sendo amiga dela e dando força ou decida por terminar com o Marcus e se declarar pra ela. São suas duas saídas. – a sensatez de Manu veio como um tapa, era apenas a verdade.

E eu só sabia de uma coisa:  em qualquer uma das situações, alguém sairia ferido.

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Mimos Girafa pra vocês! Tem muita água pra rolar ainda debaixo dessa ponte.

FaíscasOnde histórias criam vida. Descubra agora