Oito

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Natal, 4 semana de 20 restantes.

Kevin na garagem trocou o óleo do carro velho que ainda insistia em não ligar. Cloé na cozinha lavava a louça do café enquanto pensava no que faria para o jantar daquela noite.

Max Willian e Samantha Oliver passariam o natal na casa de praia com suas famílias. Deby iria se instalar na casa de Annie naquela ceia, enquanto os pais viajariam para um resort em algum lugar.

E a família Smor daria uma ceia de grande luxo, ou pelo menos era isso que Sofia, a mulher da casa, estava planejando fazer. Não teria ninguém além deles, mas ela queria surpreender a filha de algum jeito.

Miguel que lavava seu carro àquela manhã, viu Kevin na varanda levando o lixo pra fora e então pensou em se aproximar.

— Kevin, bom dia!

— Bom dia, senhor Smor! — o garoto respondeu com o rosto indecifrável como sempre.

— Estava pensando, onde você e sua irmã vão passar o natal?

Kevin parou, ele já sabia da novidade de que a mãe de Annie estava em casa, e não sabia se queria entrar naquela confusão. Por outro lado, pensou na irmã, Cloé merecia um pouco de socialização, só por que ele era um isolado ela não merecia ser. Entendam, Kevin não ia na casa de ninguém, as pessoas é quem sempre o procuravam. Sempre queriam tirar alguma coisa dele, as pessoas queriam a fama.

— Eu é...

— Seria ótimo! — Cloé completou aparecendo na varanda.

— Ah, que maravilha! Não se preocupem com nada só estejam em casa às sete, o jantar vai ser às nove.

Dito isso o homem deixou os dois para trás sorridente. Kevin olhou para Cloé e viu o sorriso empolgado no rosto dela. A menina o desfez ao olhar o irmão.

— O que foi?

— Cloé, você não aceita convites de estranhos com frequência, aceita?

— Ele não é um estranho, é pai da Annie. E você vai estar lá comigo...

— E-eu é...

— O quê? Eu sei que você quer estar lá, vi da última vez como você olhava para Annie Smor.

— Cloé...— repreendeu

— Você quase nunca fica sem palavras. E olhe só! Annie parece tirar todas de você, o que quer com ela?

— Nada. E você está muito espertinha para uma garota de onze anos! Não estou gostando daquelas suas amigas.

— Nem eu, mas o assunto não morreu, Livens! Estou de olho em você e na Annie...— a menina saiu fazendo um código com os olhos e dedos para ele que riu.

Kevin parou no meio do quintal e pensou no que Cloé havia dito, ele parou suas mãos na cintura deixando o saco de lixo cair ao chão, seu peito tremeu e ele começou a rir de si mesmo. Sua irmã sempre era a primeira pessoa a perceber os sentimentos dele e Kevin nem sabia ao certo o que ele sentia, mas Cloé parecia saber ou desejar intensamente que algo entre os dois acontecesse. Da janela de seu quarto Annie via aquela cena inusitada, aquilo era novo pra ela, Kevin nunca ria facilmente e Annie estava vendo outro lado dele. O sorriso tornava-o outra pessoa, combinava tanto com ele, ela pensou.

Annie sorriu também, lembrando de que ele parecia um louco, um louco muito feliz daquele jeito.

— Kevin Livens...

Ouviu a voz de sua mãe no quarto e virou-se as pressas para ela que estava na porta, olhando-a de uma maneira que Annie nunca viu, aquilo era afeto?

Quando Annie for Onde histórias criam vida. Descubra agora