Quando Annie for

Essa é a próxima vida?

— Olá Annie! — Deby Susan gravava uma mensagem de voz no número antigo de Annie. — Sinto saudades. Muitas saudades. Se você não estiver me respondendo por eu ter te xingado nas últimas 928 mensagens que deixei, te peço desculpas. Estou deixando essa mensagem para que você saiba que eu estou desistindo de continuar com isso, quer dizer… faz quase dois anos que você se foi! E em todos esses meses eu não deixei de mandar uma mensagem, não deixei de chorar um dia lembrando de tudo o que aconteceu. Meu Deus, às vezes acho que você não sobreviveu ao câncer e o sentimento de ficar nesse escuro me mata aos poucos. Não estou desistindo da nossa amizade, eu só estou abrindo mão dessa dor. Gostaria que você soubesse que minha marca cresceu muito, e o nome se tornou famoso…Alexa sente saudades, todos nós sentimos… — silêncio. — Bem, espero que você esteja orgulhosa de mim. — Silêncio novamente, pôde-se ouvir um fungar ao fundo e então, Deby se despediu: — Adeus Annie!

— Você deseja repetir a mensagem? Aperte um! — a voz eletrônica do telefone ecoou pelo apartamento aconchegante. — Ok! A mensagem será repetida.

— Olá Annie…

Annie tirou o cachecol sentando-se em uma pequena parte da sala que ela chamava de escritório, mas a verdade é que a sala vivia cheia de sapatilhas de balé, talcos e Collant. A sala ficava de frente para uma linda vista do centro de Londres, Blush vendo a movimentação caminhou até a dona, ele estava gordo e vestia um tipo de pijama que ela havia comprado.

Ela o pegou no colo enquanto ouvia mais uma vez a voz de Deby.

— Você está orgulhosa dela, Blush? Eu estou! — Annie nem sabia o que sentir, estava imensamente feliz por Deby, mas ainda não poderia dizer. Não poderia voltar para a Califórnia ainda, não sem ter notícias de Kevin, e se ele tivesse seguido em frente? E se ele não tivesse esperado todos esses meses por ela?

Seu telefone tocou, ela olhou o nome do contato. Ela sempre esperava que fosse Kevin, mas aquele era seu novo número, ele não poderia saber.

— Bom dia, Gina! — ela falou. Durante aquele tempo, Annie criou um grande laço com sua nova médica, doutora já nem era mais usado por ela.

— Querida! Como você está nessa manhã fria de dezembro?

— Me sinto bem...

— Bem? Você está curada e só se sente bem? — Annie riu.

— Me sinto maravilhosamente bem.

— Ah, assim está muito melhor. — Gina brincou, para então tocar num assunto sério. —Liguei para saber se você já fez o requerimento do processo contra aquele médico de quinta?

— Eu…— Tudo começou no dia em que Spencer não soube dizer a notícia de um câncer, Annie nem desconfiou já que estava abalada demais com a notícia. Mas dois meses depois, quando ele gritou em alto e bom tom que ela iria morrer independente do que fizesse, Annie abriu seus olhos.

Luana nunca havia lhe tratado assim, nenhum outro médico. E ele era tão novo. Quando Gina a encontrou no hospital de Londres fez o possível para manter Annie viva.

Alguns dias depois Gina e uma bancada de médicos fizeram a operação em Annie. Isso mesmo, Annie podia ser operada desde o início e nada teria lhe acontecido, por que seu câncer era só no pâncreas e o fígado e os nódulos não estavam com o tumor. Spencer queria somente tirar dinheiro de Miguel e conseguiu, tirou muito dinheiro, e ainda poderia ter feito Annie morrer com sua ganância.

— Eu sabia que você iria enrolar, então eu mesma já desenrolei esse processo. Espero que ele seja preso.

— Você já…?