Estava em meio a mais uma aula de matemática, uma das matérias que mais odeio, a minha sorte é que me sento no fundo da sala, bem ao lado da janela. O que me dá possibilidade de ver as árvores e os pássaros, tenho a oportunidade de desenha-los enquanto ouço minhas músicas e na maioria do tempo esqueço das pessoas ao meu redor.
Assim que a aula acaba vou para a biblioteca ler um pouco enquanto a maioria se dirigia para o refeitório. Sabe, gosto de ter esses momentos de paz e poder explorar minha imaginação, é algo magnífico e sinceramente me sinto em uma realidade completamente diferente. Nesta outra realidade tudo é tão calmo e bonito...
O sinal bateu depois de 35 minutos, o que para mim é uma completa injustiça, só queria mais tempo para aproveitar meu "mundo mágico". Volto para as aulas e o dia continua chato, como sempre. Depois de mais 3 horas infernais nós finalmente somos liberados.
Estou caminhando para casa escutando musica, quando recebo uma ligação e vejo que é de um numero desconhecido, mas por algum motivo decido atender e ouço uma voz grossa falar ao outro lado — Olá, gostaria de falar com o Luiz bontempo.
— Oi, pode falar, eu sou o luiz. Perdão, mas quem é?
— Ah, Olá senhor luiz, meu nome é fernando, sou um grande colega de trabalho de seu pai e infelizmente... Bom, seu pai acabou de sofrer um infarto e veio a falecer, sinto muito.
Por alguns segundos simplesmente não consegui dizer nada, não sabia o que sentir. Como alguém consegue dar uma notícia seco dessa forma? — Ainda está aí? - perguntou o moço me trazendo de volta a realidade. — Oh, sim. Aonde ele está?
O senhor fernando me disse a qual funerária meu pai havia sido levado e fui correndo para a mesma.
Assim que cheguei, vi alguns de nossos empregados e alguns colegas bem próximos de papai, pelo visto o velório seria só para os mais íntimos, ótimo.
Me aproximei e todos me cumprimentaram com olhares entristecidos, assim que cheguei perto do caixão fiquei sem reação, eu não podia acreditar, não tinha palavras para falar a verdade...
Me sentei em um banco um pouco afastado de todos e fiquei refletindo em tudo, acho que estava em estado de choque.
Lembrei de surras e traumas, às vezes em que me colocava no porão como castigo, apenas por flertar com outro garoto... ainda tenho sequelas da primeira vez em que contei a ele sobre minha sexualidade e ele simplesmente surtou. Disse que eu o faria passar vergonha.
Por incrível que pareça não estou triste dele ter falecido, isso na verdade me da um certo alívio... Agora poderei ser livre e gostar de quem quiser sem levar surras ou punições.
Depois do funeral e do enterro um moço de terno e gravata se aproximou de mim.
— Olá, sinto muito pela sua perda, mas tenho um assunto serio a tratar com você. Sou advogado do seu pai e ele deixou alguns assuntos pendentes para se resolverem, deixe me apresentar, meu nome é Carlos, prazer.
— Oii prazer, tudo bem... vamos lá.
Fomos para seu escritório resolver os tais assuntos pendentes.
— Bom, primeiro de tudo, agora que você infelizmente está órfão irá ter que morar com seu tio, já que ainda não atingiu a idade necessária para morar sozinho. - Disse o homem se sentando em sua cadeira.
— Entendo, mas eu tenho um tio? Papai nunca chegou a falar sobre isso...
— Sim, voce tem um tio que mora no interior, ele é irmão de seu pai e é só isso que sei a respeito, desculpe.
— Tudo bem, mas do que se trata o outro assunto? Alguma herança, talvez?
— Desculpe, garoto. Seu pai vendeu a casa antes de morrer e não deixou nenhuma herança a voce.
— Não sei por que ainda me surpreendo.
Em meus pensamentos estava xingando até os fios de cabelo do meu pai, mas mantive a classe em frente ao advogado.
Assinei algumas papeladas antes de ir embora pra arrumar minha malas. Ainda hoje irei para a casa de meu tio, lá pras 19:30 virá um motorista.
Passei praticamente o dia todo arrumando minhas coisas e o tempo passou até que bem rápido. Quando pisquei já eram 19:00 horas e já estava quase na hora, então, desci minhas malas até a porta e me despedi de todos os empregados, saí e fiquei à espera do carro, assim que ele chegou o motorista colocou todos meus pertences no porta malas e eu entrei no carro.
Como a viagem era longa decidi ler um livro para distrair minha mente, se passou duas horas e já havia acabado de ler o livro, como a viagem ainda iria demorar eu decidi dormir um pouco.
5 horas depois acordei e ainda não havíamos chegado, olhei no relógio e já era quase 3 da manhã!
nossa que tarde e que demora para chegar, esse homem mora no fim do mundo? Só pode. — Senhor, já chegamos. - Disse o motorista.
Quando olhei para fora, era simplesmente lindo, havia uma floresta e estava tudo silencioso e sem sinal de vida, havia um portão imenso na entrada da cidade.
Logo o carro parou e eu fiquei sem entender.— Senhor, daqui pra frente eu não tenho permissão para passar, me desculpe.
— Tudo bem, vou caminhando então, é uma vila pequena não dá para se perder. — É o que eu pensava. O portão se abriu e eu entrei na cidadezinha com minhas malas na mão, enquanto caminhava e olhava a linda floresta, estava tão escura e silenciosa, do jeitinho que gosto.
Continuei a olhando e algo brilhante me chamou atenção, então decidi entrar dentro da floresta.
Enquanto andava mais ainda para dentro dela ouvi uma voz atrás de mim, isso fez meu coração disparar. — Olha oque temos aqui rapazes, está perdido garoto?
Assim que me virei vi 3 garotos altos, um era loiro, o outro ruivo e o que falava comigo tinha cabelos escuros. — Não, eu não estou perdido. — Disse gaguejando um pouco. — Você não sabe que essa floresta é proibida, garoto? — Perguntou o ruivo. — Eu sou novo na cidade, acabei de me mudar e achei a floresta muito linda! — E tem alguém com você, garoto? — Disse um deles se aproximando.
Fui recuando até encostar em uma árvore, o garoto de cabelos escuros colocou uma das mãos acima da minha cabeça e me prensou contra a árvore, enquanto ficava com seu rosto a apenas alguns centímetros do meu.
Estava com meus pensamentos tão confusos e o coração tão acelerado que não sabia o que fazer.— Qual é seu nome? Você até que é bonitinho — Ele disse com um sorrisinho de canto de boca.
Eu nada disse e fiquei em silêncio o encarando, mas isso o deixou irritado. — Se eu te fiz uma pergunta, você responde! — Credo, pra que gritar? Meu nome é Luiz bontempo. — Respondi finalmente.
— Que falta de educação a minha, meu nome é Robin, prazer. Já tem lugar para ficar? Por que não fica lá em casa, em gracinha? — Disse me alisando. — Ó o abuso em Robin — Gritou um de seus amigos enquanto o outro ria.
— Não, obrigado. Mas eu tenho um tio aqui na cidade, agora será que dá para você parar de me assediar? —Disse dando um tapa em sua mão e o fazendo rir. — Ah, entendi — Disse se aproximando mais um pouco.
Ele continuou a me alisar e em poucos segundos já começou a me beijar, me deixando mais uma vez sem reação, quando ele foi subindo sua mão eu sem pensar duas vezes lhe empurrei e dei um tapa em seu rosto. Seus amigos começaram a rir, enquanto ele ficou extremante puto, assim apertando meus braços. — Quem voce acha que é pra bater em mim. Você se quer sabe quem eu sou?
— Pouco me importa quem você é, você estava me assediando e eu não sou bobo de deixar! — Nossa, que garoto abusado, acho que você deveria dar uma lição nele — Outro de seus amigos gritou.
Robin me olhou com um olhar perverso e começou a se aproximar novamente, até que...
Continua...
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O vale da lua
RomanceReencontros, provocações e descobertas... Luiz, um menino da cidade grande, com uma vida um tanto quanto difícil, um dia enquanto está voltando da escola recebe uma ligação e é informado que seu pai acabara de falecer e ele terá que morar com seu ti...