O homem a minha frente era igual ao que meu tio havia mencionado no café da manhã.. forte, grande e possuía uma barba rala. Meu tio havia mencionado também que ele tinha por volta de 40 anos, não era muito velho. Quando o vi simplesmente paralisei e fiquei sem expressão, enquanto pensava no que fazer fui chamado novamente.
- Quem é você? E por que está no meu território garoto? Me responda agora! — Já percebi quem o outro mimado puxou.— Oh, me desculpe eu sou novo aqui, não fui informado que a floresta era proibida, nunca mais voltarei eu prometo! — Espero que ele caía na minha mentira — Novo? Bem que eu ouvi meu filho e seus amigos comentando algo a respeito de um garoto que mal havia chegado ao vale e já arrumou confusão com eles. Por acaso é você? — puta que pariu cara, o que eu vou inventar pra esse homem agora!? —Não sou eu não senhor, eu cheguei a pouco tempo... Mil desculpas, mas está ficando tarde e acho que deveria ir para casa, até mais. — Disse virando as costas e quando comecei a andar o homem me parou.
— Espere aí. — Disse colocando seu cavalo a minha frente impedindo a passagem — Você não me disse seu nome. — Oh inferno viu, toda hora essa palhaçada. — meu nome é Luiz bontempo.
Assim que disse meu nome o senhor arregalou os olhos e em seguida abriu um sorriso maldoso — Nossa a quanto tempo eu não escutava esse sobrenome, você conhece benjamin? Disse descendo do cavalo em minha direção, o mesmo fez um gesto com a mão e seus companheiros começaram a me cercar com seus cavalos, isso dificultaria a minha fuga.
— Ele é meu tio. Você conhece? — Sim, temos uma longa história. — Disse se aproximando mais ainda.
— Sabe, eu até ficaria para bater papo com o senhor e tudo mais, mas eu realmente preciso ir para casa, meu tio é meio chato com horários e ficará preocupado...
— Qual o motivo de tanta pressa garoto? Durma no castelo essa noite e amanhã bem cedo você poderá voltar para casa, prometo. Além disso meu filho irá adorar conhecê-lo.
O senhor disse se aproximando e eu fui recuando para trás até um dos seus companheiros me segurar e colocar uma espécie de pano em minha boca, em segundos já comecei a ficar sonolento e logo em seguida desmaiei sem me lembrar de muita coisa.
Algumas horas depois acordei com algumas dores de cabeça em um lugar escuro, assim que abri meus olhos não demorei muito para perceber que não estava na casa do meu tio e sim em um lugar completamente diferente...
Logo me levantei um pouco sonolento ainda e comecei a lembrar do que havia acontecido na floresta, depois de alguns segundos já me recordava bem de tudo.
Olhei em minha volta e parecia estar em uma espécime de masmorra ou algo do tipo, assim que vi os dois guardas na porta os chamei. — Olá? - disse em um tom alto que dava para os dois me escutarem, porém não tão alto a ponto de gritar. Foi uma tentativa totalmente falha pois fui ignorado, decidi tentar mais uma vez.
— Ei! —Dessa vez só um dos guardas se virou. — Que é garoto!? —Disse em um tom grosseiro. —Você poderia me dizer onde estou? —Na masmorra e por ordem do rei você não poderá sair. —Após isso se virou e voltou a sua posição.
Me deitei novamente e fiquei encarando o teto enquanto me xingava mentalmente por ter entrado naquela maldita floresta, custava eu não ter ido ajudar o coelho e ter obedecido meu tio?
Um bom tempo se passou e agora eu estava andando pela cela enquanto olhava tudo ao meu redor, o sol que iluminava um pouco aquele lugar foi embora com o fim de tarde e logo veio o anoitecer, conseguia ver algumas estrelas pelo pequeno buraco que havia no teto.
—Ei garoto, hora de comer. — Um dos guardas disse batendo nas grades da cela para chamar minha atenção.
Me levantei desanimado e fui para perto das grades enquanto o guarda me olhava de cima a baixo enquanto me entregava uma tigela com algo gosmento dentro. —Eu não vou comer essa nojeira. —Disse olhando aquela gosma com receio até de tocar. —Eu até deixaria você passar fome e morrer, mas o rei foi bem claro ao dizer que minha função era manter você vivo. Ele tem planos para você e se você não comer por bem vai ser por mal! —Disse abrindo a cela e entrando. Recuei para trás e encostei na parede enquanto o guarda vinha rápido até mim.
O mesmo pegou a tigela de minhas mãos e colocou um pouco na colher, logo depois pediu para que eu abrisse minha boca e obviamente que eu recusei
— ABRE! - Disse apertando minhas bochechas fazendo com que abrisse minha boca , colocou aquela gosma em minha boca e parou de apertar minhas bochechas - mastiga e engole se não vai receber uma punição!
Comecei a mastigar com algumas lágrimas no rosto e com uma expressão de medo, logo engoli e o guarda enfiou outra colherada em minha boca. Assim foi por alguns minutos torturantes, quando terminei de comer aquilo o guarda saiu e trancou a cela, ele sumiu e o outro guarda ficou de vigia.
Me deitei colchonete que havia ali e comecei a chorar baixinho até pegar no sono e dormir...
Após isso o guarda subiu e foi até o salão de jantar onde o rei e algumas pessoas estavam, entre elas Robin e seus amigos.
O guarda foi andando até o rei e se abaixou a altura de seus ouvidos e começou a sussurrar — Ele teimou em comer. Então, tive que usar a força e agora ele está descansando.
—Fez certo, você tem que o manter vivo, ele não é um prisioneiro qualquer... Você sabe de qual família ele pertence, esse garoto é um tesouro e agora aquele Benjamin irá me pagar. —Traga o garoto aqui, quero apresentar ele a meu filho. —Sim, meu senhor. —Disse o guarda se retirando do local.
Robin que estava escutando a conversa de longe ficou sem entender nada, mas permaneceu calado. O guarda voltou para masmorra e abriu a cela, pegou o garoto pelos braços o acordando com sua brutalidade. — Vira! — O que? Pra que? — Disse Luiz sem entender nada e assutado. — Só vira, o rei quer te ver! —Disse o guarda colocando as algemas em Luiz e logo o levando para cima.
Assim que chegaram ao salão principal o guarda aproximou o garoto para perto da mesa, enquanto o mesmo dizia coisas como "me solta" e "está machucando" que obviamente chamou a atenção de todos para si. Assim que Robin o olhou automáticamente já veio um sorriso em seu rosto, já no rosto de Luiz a única expressão era de tensão.
Continua...
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O vale da lua
RomanceReencontros, provocações e descobertas... Luiz, um menino da cidade grande, com uma vida um tanto quanto difícil, um dia enquanto está voltando da escola recebe uma ligação e é informado que seu pai acabara de falecer e ele terá que morar com seu ti...