O vale da lua

décimo primeiro capítulo ✨

Antes do anoitecer Luiz e Benjamin chegaram em casa. Luiz foi direto para seu quarto tomar um banho enquanto Benjamin se sentou perto da lareira para tomar uma taça de vinho.

Depois que Luiz terminou seu banho colocou uma roupa e desceu até a sala onde seu tio estava para conversar.

Assim que chegou, Benjamin lhe ofereceu uma taça de vinho — Eu não tenho idade para beber. — Uma taça não faz mal a ninguém e além do mais ninguém vai brigar com você se beber um pouco.

Serviu uma taça de vinho ao seu sobrinho que bebeu um pouco e logo depois se sentou. Após alguns minutos de silêncio finalmente alguém falou alguma coisa. — Ei, tio...

— Fala garoto — Bebeu um pouco de vinho. — Você ainda gosta do pai do Robin?

— Sim, mas não quero falar sobre meu relacionamento com ele agora, vamos mudar de assunto.

— Tá bom... Como conseguiu essa cicatriz? — qual cicatriz? — Essa aqui — apontou para o braço de Benjamin.

— Ah, havia me esquecido dela, o bastardo do meu irmão que a fez quando descobriu que eu gostava do Noir.

— Ele também bateu em você!? Nossa, achei que ele era um escroto só comigo...

— Em qual lugares ele te bateu? Ele era um homofóbico de merda mesmo, não me surpreende.

Luiz retirou sua blusa e mostrou suas costas a Benjamin que ficou sem reação com o que estava vendo. Luiz contou desde o começo como tudo aconteceu deixando seu tio com muita raiva e quando terminou de contar seu tio disse:

— Eu realmente espero que ele esteja queimando no inferno e esteja sendo castigado da pior forma possível! Na época que vivíamos juntos ele só chegou a me bater uma vez, ele realmente não mudou nada. Não acredito que ele pôde fazer algo assim com seu próprio filho, aquele doente psicopata. — Bebeu em apenas um gole todo o vinho que estava na taça e logo se levantou — Gostaria de o ressuscitar e fazê-lo pagar por tudo que fez.

— Já faz tanto tempo que nem dói mais, não precisa ficar tão nervoso assim... — Disse Luiz colocando sua camisa novamente e se sentando, estava tentando fazer a situação se acalmar.

Luiz tomou mais um gole de vinho enquanto seu tio o encarava. — Me perdoe.

— Por que está se desculpando, tio?

— Por tudo, quando você chegou aqui eu te tratei de um modo muito seco e mal educado, eu não estava acostumado a ter mais alguém nessa casa. Eu também queria me desculpar por não ter ficado ciente da sua existência antes, se eu soubesse de tudo isso antes eu teria lhe tirado de lá.

— Eu te desculpo, as pessoas mudam e eu entendo você ter me tratado daquele jeito no começo. Aliás, quem vai querer cuidar de um garoto que mal conhece? Ele já morreu e não podemos deixar que as lembranças com ele continuem nos assombrando.
Não podemos mudar o passado, mas podemos viver melhor no presente.

Benjamín se levantou e abraçou Luiz com força — Vou começar a te tratar do jeito que eu deveria ter tratado desde o início. Vou ser um tio melhor!

Depois de um momento super fofo entre tio e sobrinho, os dois ficaram conversando praticamente até às 2h da manhã e depois cada um foi para seu quarto dormir. Assim que Luiz chegou no seu quarto se deitou com um sorriso no rosto e ficou olhando as estrelas pelo teto do seu quarto que era transparente.

Enquanto olhava as estrelas ouviu um barulho vindo da janela, era como se alguém estivesse jogando pedras em sua janela.

Quando se levantou e foi olhar viu Robin lá embaixo — É quase 3h! Por que você está aí fora?

— Vim te ver, meu amor. Agora abre a porta, pois está muito frio!

— Pirou? Meu tio vai ouvir, escala.

— Eu até escalaria, mas é muito alto e se eu cair eu posso morrer.

— Já tô descendo, espera um minuto. — Desceu as escadas no maior silêncio para que seu tio não percebesse.

Abriu a porta, Robin entrou e Luiz fechou a porta em seguida. Os dois subiram sem fazer barulho... Quando chegaram no quarto trancaram a porta e Luiz se virou para o Robin que sem esperar muito já o beijou

— Ei, ei, ei, tá doido? Você veio até aqui por que?

— Tava com saudades — Disse abraçando Luiz. — Mas a gente se viu hoje! Você é uma criança mesmo, viu... — Luiz retribuiu o abraço e deu um beijo em Robin. — Ah, você conversou com seu pai?

— Conversei sim. — E como foi?

— Foi bom, a gente resolveu e esclareceu as coisas, mas eu não vim para falar sobre isso... Você sabe o motivo de eu vir né  — Estava com um sorriso malicioso no rosto.

— Nem vem, aqui não, meu tio está no quarto ao lado!

— E daí? No castelo tinha todos aqueles guardas e isso nunca impediu a gente Luizinho.

— Ah, mas lá era diferente... Eu prometo que quarta eu faço o que você quiser, mas hoje não.

— Trato feito! Como está tarde eu vou dormir aqui com você, ok? — Robin se deitou na cama e arrancou uma risada de Luiz  — Você é folgado, né? Só não faz barulho então — Luiz se deitou na cama e logo depois colocou sua cabeça por cima do peito de Robin enquanto os dois observavam as estrelas e conversavam baixinho.

No dia seguinte Luiz acordou e percebeu a ausência de Robin na cama, pensou que ele já havia ido embora para que Benjamin não o visse. Trocou de roupa e desceu para tomar café, quando chegou na sala de refeições viu seu tio e Robin conversando.

Se sentou na mesa ao lado de Robin que lhe deu um sorriso e ofereceu um bolinho. — Bom dia, obrigada. — Luiz aceitou o bolinho sorrindo e o comeu. — Dormiu bem? — Perguntou Benjamin tomando seu café.

— Dormi muito bem e você tio? — Dormi bem também, mas achei estranho ontem a noite porque ouvi um barulho e umas risadinhas na escada, aí percebi que eram vocês.

— Você ouviu? Desculpa tio, é que o Robin apareceu do nada e eu não podia deixar ele lá fora... — Tudo bem, mas dá próxima vez me avisem antes. E Robin, não apareça assim no meio da noite, é perigoso mesmo para você que conhece a floresta como a palma da sua mão.

— Pode deixar — Disseram os dois fazendo um coro

Assim que terminaram de tomar café Robin levou Luiz para o castelo e os dois passaram o dia todo juntos enquanto Benjamin tirou o dia para andar a cavalo.

Continua..