Capítulo 2

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         "— O que acha que posso fazer? A criança não está mais respondendo! Anda por aí com os olhos marejados e nem brinca mais como costumava

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     "— O que acha que posso fazer? A criança não está mais respondendo! Anda por aí com os olhos marejados e nem brinca mais como costumava. Max nunca foi desse jeito, Alice. — Papai murmura para minha tia no corredor do meu quarto. Ele acha já estou dormindo.

Queria saber porque ele está tão furioso. Fiz algo de errado?
Quando eu fazia bagunça em seu escritório ou barulhos quando sua cabeça estava doendo, ele me mandava ficar quieto e ir para o quarto, se não eu sofreria as consequências. Mas agora estou como ele sempre manda. Calado e na minha cama. Não entendo o porquê de isso o irritar.

— Joseph, Max ainda é muito pequeno. Você acha mesmo que uma criança de dez anos voltaria ao normal tão rapidamente depois de presenciar a morte da própria mãe? — Titia pergunta, em um sussurro. Acho que ela não quer que eu escute.

— William já voltou ao normal. Está saindo até com os amiguinhos, mas esse garoto fica choramingando o dia todo. O que há de errado com ele? Já faz dois meses desde o acidente.

— Não há nada de errado com ele. Pare de ser grosseiro, e fale mais baixo, se não irá acordá-lo.

Saio da minha pequena cama e me sento no chão. Estou com sono, mas não consigo dormir.
Tapo meus ouvidos com as duas mãos. Eles estão falando de como sou um garoto mal. É o que todos estão falando.
Mas é mentira. Eu amo a mamãe e nunca a machucaria.

Sei que ela não vai mais voltar, por mais que eu grite, chore ou quebre alguma coisa. Eu queria não ter ido ao cinema naquela noite, queria ter ficado em casa com ela ao meu lado contando minha história preferida do Batman. Mamãe não se incomodava em ler para mim todas as noites.

A casa não é mais a mesma sem a presença dela. Tudo está em seu exato lugar, mas sem vida. Até eu estou assim.
Porque eu tive que ser um mimado? Porque não fiquei quieto? As coisas voltariam a ser as mesmas e eu estaria me preparando para o ótimo dia amanhã.

Mas a verdade é que estou jogado no chão gelado do meu quarto tapando os ouvidos para não ter que ouvir pela centésima vez como estou depressivo e descuidado.

É tudo por sua causa. Você é uma pessoa horrível. Quem será o próximo a se machucar por sua culpa? Você faz tudo errado. Nem o seu próprio pai consegue te suportar.

Uma voz diz em minha mente. Balanço a cabeça, tentando tirá-la. Ela não estava aqui antes. Por que apareceu? Por que não me deixa em paz?
Tenho vontade de gritar, mas não posso. Papai vai ficar irritado. Ele está sempre irritado.

Não entendo porque tudo isso tinha que acontecer comigo.
Se você ainda está me escutando, por favor, mamãe, te imploro para voltar pra casa. Eu passarei a mão em seu cabelo como você gosta e deixarei você colocar as gravatas divertidas que compra pra mim. Eu prometo. Apenas volte. Não me deixe sozinho. Eu preciso de você."

Marcante como a Lua [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora