Capítulo 4

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         Preencho minha prateleira pequena com o último livro que trouxe de casa

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         Preencho minha prateleira pequena com o último livro que trouxe de casa.
As coisas aqui são bem diferentes do que eu estou acostumada.
O quarto é médio, com duas camas, um closet parcialmente grande, duas escrivaninhas e um banheiro. É simples, mas aconchegante.

A garota que divide o quarto comigo é bem desleixada. As roupas dela estão jogadas de qualquer jeito em cima da cama e a toalha molhada também.
Sinto vontade de tirar de lá e colocar no banheiro, onde deveria estar, mas não vou mexer nas coisas dela.

Minha última aula foi a poucas horas atrás, e acabei de chegar de um restaurante italiano com Kim, — minha colega de quarto — seu namorado Jason e Sean. Eles insistiram para eu ir, mesmo sabendo o quanto estou tentando me acostumar com a ideia de morar em um país diferente, longe de todos os meus familiares e amigos.

Para falar a verdade, nem sei como acabei convencendo minha mãe a me deixar fazer faculdade em Seattle.
Quando finalmente disse que queria parar de fazer balé, ela literalmente surtou. Começou a jogar na minha cara o quanto sou ingrata e a fiz desperdiçar dinheiro por dezessete anos em algo que não iria pra frente. Ficou sem falar comigo por uma semana após isso.

Callum havia me dito que a Seattle University tinha o aceitado, e que eu deveria tentar uma vaga lá também. Isso plantou uma semente de esperança em meu coração.
É claro que seria desafiador, pensei. Mas também exatamente o que eu estava precisando: um lugar diferente com pessoas diferentes, para sair do meu mundo, que até então, estava sendo horrendo.

Foi bem difícil. Minha mãe não queria que eu vinhesse sobre nenhuma circunstâncias, mas eu fui forte, e me opus contra ela. Disse o que queria, mas não para ter uma permissão, e sim para simplesmente avisá-la. Já tinha dezoito anos e estava certa do que desejava.
Meu pai já tinha dito que pagaria pela universidade, mas que não poderia fazer o mesmo com o alojamento. Uma parte já estava certa, pelo menos.

Fui aceita na faculdade três dias depois da conversa com mamãe. Fiquei em êxtase, animada com as novas possibilidades.
É claro que havia uma parte de mim aflita em deixar o Canadá e todos os meus amigos, mas eu senti que isso era o certo a se fazer.

Depois de um bom tempo, minha mãe decidiu pagar o alojamento. Admitiu que eu estava certa em correr atrás dos meus sonhos e que não me impediria. “É como uma garota que carrega o sangue da família Bent faria" ela disse.
Foi um dos sorrisos mais verdadeiros que já dei depois dos acontecimentos daquele dia. Daquele terrível dia.

Do dia em que meu coração foi partido pelo meu primeiro amor. Max me deixou com uma dor indescritível. O sentimento me puxava para baixo cada vez mais com suas garras afiadas. Quando pensava que já estava superando, ele me atacava de novo, deixando os machucados cada vez mais longe de cicatrizarem.
Eu me apeguei a esse garoto com mente, corpo e alma. Me senti no topo do mundo. Mas quando ele foi embora, fui jogada para baixo com uma força impressionante.

Marcante como a Lua [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora