Capítulo 10

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      As noites de domingo são sempre entediantes

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      As noites de domingo são sempre entediantes. Connor e Gabe costumam não sair, e Grace fica na casa da avó para a auxiliar. Desse modo, normalmente fico sozinho. Apenas eu, nesse enorme apartamento.

Geralmente pinto telas e desenho, mas hoje não estou muito bem disposto. O desânimo resolveu me consumir, e só quero comer um hambúrguer enorme enquanto assisto alguma série de ação na TV.

O mundo está caindo lá fora. Tempestades sempre me acalmam e me inspiram, mas hoje não é um bom dia.

Bufo de irritação ao olhar a geladeira e não encontrar nada que me agrade. Só tem comida congelada e pedaços da pizza que comprei a dois dias atrás. É, eu literalmente preciso limpar esse lugar.

Por fim, decido sair para comprar alguma coisa. O problema é achar um lugar que esteja aberto em um final de semana.

Visto um moletom confortável e quente e desço os elevadores. O recepcionista está quase caindo no sono, mas desperta quando ouve meus passos.

— Você... O senhor... Precisa de algo? — ele pergunta gaguejando e se levantando de vez da cadeira giratória.

— Não, mas obrigado. Uma boa noite pra você, senhor. — Falo, tentando não rir de seu estado.

— Boa noite, rapaz.

Sorrio, e então, saio do lugar e entro em meu carro, tentando me acostumar com a ideia de ter que andar quarteirões até encontrar uma lanchonete disponível.

O transito está razoável, e agradeço aos céus por não haver nenhum engarrafamento no caminho.

As gotas de chuvas batem forte no teto do meu carro, e o barulho me deixa, de alguma forma, mais calmo. Há algo em tempestades que não consigo explicar, mas que sempre me deixa inspirado.

Passo por algumas ruas, entretanto, nenhuma com uma lanchonete aberta. Tento não criar expectativas ao virar a esquina de um quarteirão escuro.

Sem lanchonete também. Apenas lugares para fazer tatuagens — aliás, estou pensando em fazer mais algumas — e um bar cheio de homem bêbado.

Estou distraído quando o rádio toca The Neighbourhood aleatoriamente. Sinto meu coração apertar e solto uma lufada de ar. Eu passei um bom tempo tentando não escutar a banda, pois todas as músicas me lembravam ela. Era como se sua presença mudasse para perto de mim novamente, e de repente, estavamos indo a algum lugar aleatório enquanto escutávamos as músicas que Sophia tanto amava, e ela estava dançando e cantando enquanto eu estava a admirando e fazendo de tudo para não perder a atenção no trânsito.

Eu podia até falar que odiava aquele estilo de música, mas hoje, as canções descrevem completamente meus sentimentos e é impossível ignorar o quão boa é a batida e as letras, todas com algum significado. Cada palavra dita na música me leva a uma lembrança dela. Seja no dia de sua apresentação de balé, que percebi o quão maravilhosa e esforçada ela era e ainda é, ou simplesmente no cotidiano, quando Sophia fechava os olhos para saborear alguma comida que gostava muito ou quando eu a pegava me encarando com os olhos cheios de brilho, extasiada.

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