Marcante como a Lua [✓]

Capítulo 22

4 anos depois.

       Eu estou vivendo o melhor momento de toda a minha existência. Me formei, consegui um emprego de tradutora de livros em uma editora muito conhecida na região e estou morando em um lindo apartamento com Max.

Se eu falasse para a Sophia de quinze anos que tudo isso aconteceria, eu iria rir até ter dor de barriga, porque sempre achei que meu futuro seria balé, balé e balé. Felizmente, consegui mudar as coordenadas da minha vida, e fiz dela o que sempre sonhei.

Max parou de trabalhar para o pai a cerca de dois anos atrás. Ele não aguentava mais Joseph o pressionando o tempo todo, e acabou saindo da empresa para fazer o que ama: pintar.
No começo, a galeria de artes não estava indo muito bem, mas depois de conversar com o meu pai — que viaja o mundo fotografando — conseguimos vários contatos de pintores ao redor do mundo, alguns muito famosos, outros que nós mesmos descobrimos. E é claro, Max também não deixou de pintar. Há mais de vinte quadros dele na galeria no momento, e trinta e três já foram vendidos por um preço muito bom. Ele está tão feliz. Seus olhos prateados estão brilhando de alegria e seu sorriso se tornou algo fixo em seu lindo rosto.
Max finalmente voltou a ir ao psicólogo, então acredito que esse seja um dos motivos também. Doutor Samuels virou um grande amigo durante esses anos de consulta, ele é um homem muito gentil e engraçado quando não está em seu turno de trabalho.

Agora, estamos em um jantar para comemorar o aniversário de um ano do bebê de April e Pierre, o pequeno Zander. Ele é uma criança tão adorável e calma, que é como se fosse um bonequinho. Apesar disso, tem seus momentos de choro e birra. Ele tem ciúmes da mãe com o pai, e sempre que os dois demonstram afeto perto do pequeno, ele faz um chilique.
Eu adorei saber que April estava grávida. Fiquei muito emocionada. Ela me contou quando fui passar minhas férias de verão no Canadá, e fui a primeira a saber. No começo, minha amiga ficou bastante apavorada. A frase: "não sei cuidar nem de mim mesma, como vou cuidar de um bebê?" não saia de sua boca, mas fiz o possível para tentar a acalmar. Para April, ser mãe aos vinte e três era muito cedo. Todavia, a alegria de Pierre quando recebeu a notícia foi tão grande que fez a garota reconsiderar seus pensamentos.

O único problema disso tudo foi a minha mãe. Ela ficou tão feliz quando soube que minha melhor amiga estava grávida, que começou a tagarelar sobre ter um netinho. Toda vez que eu ou Max estamos perto dela, ela joga indiretas do tipo: "se eu tivesse um netinho, talvez começasse a fazer crochê, assim poderia fazer sapatinhos para ele", o tempo todo e eu tenho que aguentar o blá blá blá. Teremos um bebê. Eu e Max já discutimos isso. Só acho que ainda não estou pronta para ser mãe. Talvez quando eu receber um aumento no trabalho, ou um descanso na academia de dança — estou treinando as crianças aos sábados e dançando normalmente durante a semana — comesse a planejar melhor um novo membro na família. Por enquanto, as coisas estão boas do jeito que são.