Os amigos de Sophia foram embora a poucos dias atrás, e foi difícil ver seus olhos se contorcerem para não deixarem lágrimas caírem. Ela ficou bastante triste com a ida deles, e entendo. Sei que a garota sente falta do Canadá, da família e dos amigos.
Hoje é o dia da festa de aniversário da minha prima mais nova, e não estou tão animado para ir. É claro que Sophia vai me ajudar, porque a presença dela já faz uma diferença enorme, e estou feliz por ela ter decidido ser meu par. Mas ao mesmo tempo aquela casa não me trás boas memórias. Depois de meu pai ter decidido abrir uma sede no Canadá, a três anos atrás, ele decidiu que Tia Alice e suas duas filhas - Hannah e Ellie - poderiam ficar em nossa casa, pois a mesma é enorme e não fazia sentido ficar parada. Bem solidário, mas o grande problema é que aquele lugar me trás as piores memórias. Quando eu voltei do hospital depois do acidente, ou até mesmo antes, quando meu pai se irritava e usava isso como motivo para me nocautear.
Fui apenas duas vezes pra lá depois que voltei para Seattle, uma no jantar de ação de graças assim que cheguei aqui e em meu aniversário de vinte e um no começo do ano. Minha tia teve de insistir muito, mas eu acabei indo por pena. Fiquei por vinte minutos. Esse foi o tempo recorde.Espero que a presença de Sophia alivie um pouco a tensão dessa noite, mas acho bastante difícil. Amo essa garota pra caramba, mas ela não pode tirar a minha dor e muito menos apagar o meu passado.
Estou sentado no sofá do meu apartamento repassando alguns e-mails quando meu celular toca.
Engulo em seco ao ler o nome na tela. É o meu pai.
Respiro fundo na vã tentativa acumular o ar em meus pulmões.A voz dele é firme quando atendo o telefone.
- Já terminou tudo o que tinha pra fazer?
- Já sim, pai. - respondo, não tão seguro.
- Por incrível que pareça não ouvi muitas reclamações suas nos últimos meses. Do jeito que você é, não vai demorar muito pra isso acontecer.
Sinto meu peito doer, como se ele tivesse enfiado uma faca enorme em meu coração com suas duras palavras. Deus sabe o quanto tenho me esforçado para não ser uma decepção. De novo.
- Aconteceu algo? - mudo de assunto.
- Não. Só liguei porque sua tia me disse que você vai a festa de aniversário de Ellie. É um baile, né? - pergunta, e eu respondo secamente - Sei que tem que ir acompanhado. Quem foi que você arranjou? Não me diga que foi sua secretária. Ela pode ter um corpo legal, mas fica feio pra você.
- A secretária tem idade pra ser minha irmã mais velha. Ou seja, sua filha.
- Não seja tão dramático. É normal, eu sou homem. Reparo nessas coisas.
Sinto vontade de vomitar. Ele falou mesmo isso?
- Certo, pai. Você me ligou pra falar da minha secretária, foi isso?
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Marcante como a Lua [✓]
RomanceLivro 2. [É necessário ler "Forte como o Sol" primeiro] Dois anos se passaram desde a terrível tarde que determinou o futuro de Max com a garota que amava. Ele se vê de volta em seu país natal, trabalhando na empresa multimilionária de seu pai...