Problemas

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As costas de Victoria doíam muito, ela mal conseguia deitar em sua cama, ou achar um jeito confortável para tentar dormir. A cama era dura, o que piorava a situação de seus músculos que estavam inchados e latejando de dor.
Quando amanheceu, Victoria não havia dormido nem se quer dois minutos, as olheiras a baixo de seus olhos, estavam escuras, e a mesma havia perdido cinco quilos na última semana, pois de tanta dor, não sentia fome.
Quando Victoria chegou no refeitório, se deparou com Charles sentado, em uma das mesas, sua aparecia estava péssima, ele estava mais pálido que o normal, e seu cabelo estava todo bagunçado e preso em um coque. Victoria sorriu fraco ao perceber que seus olhares se encontraram, então ela pegou sua bandeija, e se sentou com ele.

— Meu Deus do céu! — Ele exclamou, olhando para o rosto de Victoria. — Levou dois socos na cara? — Ele riu baixinho da própria pergunta.

— É! — Ela respondeu e fez um certinho com o polegar levantado, enquanto ria. — Você saiu na rua? — Ela apoiou os cotovelos na mesa e o encarou, enquanto arqueva uma de suas sobrancelhas.

— Por que? — Ele deu de ombros sem entender nada. — Não faz sentido essa pergunta. — Ele riu.

— Sei lá, parece que você foi atropelado por um caminhão carregado de lenha. — Ela gargalhou, o que fez todos olharam para a mesa.

— Não tem graça! — Ele riu junto, e assim que percebeu que todos olhavam para ele, aproximou seu corpo de Victoria. — Ri baixo maluca. — Ele se afastou e a mesma havia mudado sua expressão.

— Não brinco mais contigo. — Ela falou se levantando da cadeira. — Vou indo. Até mais. — Ela sorriu fraco, não gostava de ser controlada desse jeito, então ela saiu andando sem deixar Charles falar nada.

O dia estava correndo de maneira normal, e Victoria estava radiante, porque agora podia ir de volta para o jardim, fazia tanto tempo que observava de longe, que mal se lembrava como era tão belo. A mesma estava perdida em seus pensamentos quando uma voz desconhecida a tirou de seu transe, a trazendo direto para sua triste realidade.

— Oi. — Um garoto, havia sentado ao lado dela. — Me chamo Tyler. – Ele estendeu a mão para Victoria, que a apertou com educação.

— Oi. — Ela respondeu, e o olhou. — Victoria. — Ela deu um sorriso pequeno e olhou para o outro lado. — É novo aqui? — Victoria não estava afim de conversar, estava feliz sozinha, solidão e isolamento sempre foram o seu forte.

— Sim, e não. — Ele suspirou, a garota parecia estranha, mal falava duas palavras. — Eu quase não saio do quarto.

Victoria olhou para o lado contrário, e viu Charles, que balançava a cabeça ao ver que ela tinha "mudado seu alvo".

— Te entendo. — Ela coçou a cabeça pensativa. — Olha, eu não tô muito afim de conversar, se é que você me entende. — Ela deu de ombros e observou o garoto se afastar.

Charles não entendia Victoria, uma hora estava tudo bem, e do nada, ela se transformava em outra coisa é jogava tudo pro alto como se não houvesse amanhã. Ele odiava isso, se sentia usado. Pois agora, ela conhecia seu lado mais obscuro e também seu lado mais belo, a mesma o tinha em suas mãos, o que não facilitava a vida para ele, pois ela sabia o que ele sentia, ou deixava de sentir.

— Quero todos aqui dentro! Já! — Uma voz feminina, vinda do portão do jardim fez com que todos se assustassem. — Temos atividades hoje! — A enfermeira, ficou parada na porta até que todos entraram, e então a trancou.

As atividades da noite, seria novamente um jogo, era apenas isso que aqueles enfermeiros sabiam fazer, eles não se tocavam que esses tipos de jogos mexiam com a cabeça de todos ali. Ou era jogos de tabuleiro ou cartas, algo desse mesmo tipo.
Charles e Victoria formaram uma dupla, e como ambos já imaginavam o que estava por vir, iriam brigar, eles ficavam muito exaltados,  quando se trata de competições.

— Você começa, docinho. — Disse Charles debochado, ele sorria de uma maneira sórdida e infeliz. — Então, já achou um garotinho para se relacionar? — Ele alfinetou.

— O que eu faço, ou deixo de fazer na minha vida, é responsabilidade minha, ok? — Ela o encarou e revirou os olhos, e se perguntou, porque ele era tão difícil de lidar. — Está  revoltado por que hoje?

— Eu não estou revoltado. — Ele respondeu seco. — Só acho bobagem da sua parte, ficar me beijando e depois dar em cima de outros garotos por aí. — Ele abaixou a cabeça. — É coisa de vadia.

— Eu... — Victoria engoliu seco, odiava essa palavra "vadia". — Vadia é a sua mãe, e toda sua família. — Ela o encarou, o mesmo não a olhava, e agora sua respiração estava totalmente acelerada.

— Não fale da minha mãe! — Ele gritou, e socou o tabuleiro, fazendo o mesmo rachar. — Da próxima vez eu te quebro no meio. — Ele bufava, e sua respiração estava acelerada.

— Eu... Eu.... — Victoria se assustou e seus olhos marejaram. — Eu não tive a intensão. — Ela falou se levantando, estava assustada, e com medo, ela apenas saiu correndo, deixando Charles sentado no chão, e todos os outros enfermos sem entender nada.

Quando a mesma chegou em seu quarto, ela se trancou, e sentada em sua cama, a mesma se perguntou o porque era assim, o por que de sempre estragar as coisas, e se algum dia, Charles ia conseguir controlar sua raiva e nunca mais fazer mal a ninguém, nem a ele mesmo.

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