Joguinho particular.

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Charles e Victoria odiavam o clima ruim que ficava entre eles. A tensão era quase palpável, notável, porém disfarçada de uma maneira nada normal. Ambos não se falavam, ou sentavam juntos. Porém, eles estavam cientes que sua atitude correspondia a de uma criança de quatro anos de idade que briga com a mãe, e fica emburrada em um canto da sala.
Victoria se encontrava sentada no banheiro masculino, o banheiro feminino era um tumulto e cheio de movimento, já o masculino era mais tranquilo, então Vic sempre usava o masculino, ela estava lendo uma das revistas de Rocco. A mesma estava super distraída, até que uma voz familiar a tirou de seu transe. Era Charles, e o mesmo falava dela.

— Você não sabe a melhor. — Ele disse se escorando na pia do banheiro. — A Vic me beijou, e ontem tava de rolo com aquele carinha todo estranho. — Havia indignação em sua voz, o mesmo estava chateado.

— Vai me dizer que tá com os quatro pneus arriados pra louca da Victoria? — Disse Rocco rindo. — Toma cuidado com a menina velho. — Rocco alertou enquanto levantava as mãos.

Um silêncio torturante, entre a pergunta de Rocco e a resposta de Charles, fez Victoria sentir suas mãos suarem. Porque ela estava com medo da resposta? Porque seu corpo aclamava pelo toque das mãos de Charles? Victoria sabia as respostas para todas perguntas, porém tinha medo.

— Ah... sabe como é né? — Ele riu baixinho, e ajeitou o cabelo. — Não sei se estou apaixonado. Mas tem algo de diferente nela. — Os olhos de Charles brilhavam, e ele deixou escapar um sorriso bobo.

— Algo de diferente? — Rocco rebateu, sem entender. — Olha, eu conheço a Victoria a muito tempo, e o que ela tem de diferente, é a cabeça problemática dela, tanto que já disse várias vezes isso pra ela. — Ele deu de ombros.

— Ah Rocco. — Charles bufou, não gostava que tratassem ela desse jeito. — O jeito dela, de lidar com as coisas, de falar merda, e foda-se, é uma maneira que me encanta. — Ele caminhou até o mictório. — Vai parecer estranho, mas você vai sair do banheiro pra mim poder mijar, ou tu vai ficar aqui pra ver meu pintinho? — Ele falou rindo, parecia uma criança descobrindo a sexualidade.

— Tá achando que eu quero ver essa micharia? — Rocco riu, e parou na porta do banheiro. — Estarei no jardim, fumando a minha ervinha, naquele canto escondido, me encontra lá. — Ele falou, e saiu do banheiro, deixando Charles sozinho.

Victoria sentia deu rosto queimar de vergonha, era a primeira vez que Charles falava desse jeito dela. Ela respirou fundo, e abriu a porta do banheiro e se deparou com Charles de costas para ela urinando.

— Que pequeninho. — Ela riu do susto que Charles tomou. — Achei que fosse maiorzinho. — Ela sorriu sarcástica e abraçou as revistas que estavam lendo.

— Inferno.. — Ele resmungou, e virou para ela, fechando a calça. — Garota, quando eu começar, tu não pode pedir arrego. — Ele deu um passo em direção. — De onde você saiu Victoria?

— Como se essa piroquinha fizesse grande estrago. — Ela riu fria, e deu um passo para trás. — Saí das profundezas do inferno, acabei um buraco de dentro chão, até esse banheiro. — Ela passou uma das mãos no cabelo, o mesmo estava todo bagunçado. — Para quem diz que eu sou diferente, me trata igual a todas.

— Peraí. — Ele respirou e colocou as mãos nos bolsos da calça, a desgraçada ouviu tudo. — Você estava me espionando? — Ele arqueou uma de suas sobrancelhas, e a encarou fixamente.

— Não.. teoricamente, você que entrou onde eu estava. — Ela fez um bico. — É bom saber que eu te tenho na palma da mão. — Ela sorriu, passando a língua entre os dentes.

— Aiaiai, era só o que me faltava agora. — Ele riu e balançou a cabeça em forma de negação. — Uma menininha dessas achar que tem potencial para me ter na palma da mão. — Ele desviou o olhar, para a parede.

— Quer apostar quanto? — Ela se aproximou dele, e colocou as mãos dela, sobre o peito dele. — Vem cá gatinho. — Ela aproximou seu rosto, e sentindo suas respirações se mesclarem, a mesma o chutou certeiramente no meio de suas pernas.

— Filha da puta... — O mesmo ofegava, e a olhou. — Você vai ver, espera eu me levantar. — Ele a encarou, sentindo uma dor terrível.

— Cuida bem do nosso, porque depois dessa pancada, vai saber se ainda levanta. — Ela sorriu e deu um beijo na bochecha de Charles, e foi até a porta. — Aqui começamos tudo, e aqui recomeçaremos o nosso joguinho particular. — Ela sorriu de canto. — Um a zero para mim. — Ela sorriu e jogando o cabelo, deixou charles gemendo de dor.

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