O banheiro no fim do corredor

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Lá estava o garoto que ficará quase dois anos preso numa cela que o mesmo mal cabia de pé. Agora ele estava "livre", andando pelos corredores com um sorriso sarcástico como um lobo que espreita uma criação de ovelhas.
Quando o mesmo se aproxima do saguão principal, também conhecido como sala de atividades recreativas seu olhar vaga por todos os 30 pacientes que ali se encontram.
Passado cerca de dois minutos ele segue em direção ao banheiro que fica no final do corredor, pois o que ficava no saguão estava interditado, pelo pouco tempo que estava ali ele ouviu que que alguém teria tentado se matar usando a corda da descarga do vaso sanitário.
O garoto entra no banheiro, e começa a se "aliviar" , então ele escuta um ruído vindo do box ao lado.

— Quem tá aí? — Ele grita, já ficando estressado.

Ele sai do box e vai em direção ao local que emita tals sons, quando ele abre a porta, se depara com uma garota sentada no vaso, se cortando com um pedaço de papel. Ele perplexo da um risada seca e dispara:

— Você está no banheiro masculino meu anjo... — ele respira fundo, sentindo o peso do olhar da garota — Que atitude estranha, esperava algo mais de vocês aqui, se cortando com um papelzinho? Isso mais arde do que sangra.

A garota por sua vez apenas levanta o olhar e o fuzila com os olhos, a mesma contava até dez mentalmente para não avançar nele, então ela apenas fala, com toda a calma que existia naquela lugar:

— O que te importa? Virou fiscal agora? — Ela revirou os olhos e se levantou, parando na frente dele — O que eu faço ou deixo de fazer não te diz respeito, estamos entendidos, estranho?

Depois de tanto tempo preso em uma cela, sem contato com outros seres humanos, o garoto havia guardado muita coisa dentro de si, e em um movimento rápido, a segurou pelos pulsos e a arrastou até a pia do banheiro, se naquele local tivesse um espelho, ele estava a ponto de joga-la contra.

— Olha aqui garotinha, quer sentir dor? Eu te mostro a dor com todo prazer! — cada palavra que saia por sua boca, era terminada com um sorriso de canto nada disfarçado, enquanto ele a encarava sem piedade. — Eu se fosse você, ficaria bem quietinha e sairia pela porta e fingiria que isso nunca aconteceu. E antes que se vá, se apresente, não seja mal educada.

A garota simplesmente gargalhou, naquele momento ele se perguntou qual era o problema dela, porque ela não parava de rir. Mas de repente uma dor correu por ele, atingindo todo seu corpo, ela havia dado uma ajoelhada certeira no meio de suas pernas, o que o fez cair de joelhos no chão, ela se aproximou, passou delicadamente a mão em seu rosto e disparou:

— Eu não preciso de você, para encontrar o caos. E outra me chame de Fada, meu nome verdadeiro não te importa. — Ela se afastou, e parou na porta, ainda de costas fala — Se eu fosse você, pediria gelo na cozinha, vai que isso da caxumba, ne, cachinhos dourados. — disse saindo do banheiro e batendo a porta atrás de si.

O garoto no chão, sem reação apenas sussurra:

— Filha da puta, vai me pagar por isso.

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