Dia de limpeza

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O dia amanheceu úmido, o sol brilhava fraco no horizonte, e revelava diversas nuvens brancas no céu.
Victoria e Charles estavam limpando o terceiro piso já fazia horas, o que para os dois parecia uma pequena eternidade.

— Eu não aguento mais! — Resmungou Victoria chorosa. — Quero voltar para cama e dormir. — Ela se jogou na cadeira enquanto bocejava.

— Olha, eu também. — Charles respondeu se escondendo na parede suja. — Está tudo bem? — Ele estava preocupado, Victoria parecia tão distante.

— O que? — Ela perguntou, a mesma estava tão distraída, com o pensamento longe e parecia não estar ali. Na cabeça de Vic, se passava um turbilhão de coisas, porém em sua face, não havia expressão alguma.

— Eu perguntei se está tudo bem. — Charles refez a pergunta, é logo pegou a vassoura. — Vamos limpar isso logo. — Ele virou de costas para Victoria e começou a limpar a parede que estava escorado.

— Não, não estou. — Ela respondeu olhando para os ombros de Charles. — Com o eu ficaria bem, sendo que tenho que ficar nesse inferno. — Ela se levantou e voltou a limpar o outro lado.

— Sabe. — Ele fez uma pausa, e passou a mão no cabelo que estava suado. — Acho que tem outra coisa que te aflige.

— Tá louco é? — Ela rebateu na mesma hora, rindo fraco. — Não tem nada não. — Ela engoliu seco, pois ela tinha noção que existem coisas na vida que não se sai por aí dristribuindo aos outros, ainda mais se são coisas pessoais.

Depois disso, Victoria se calou, não resmungou, nem reclamou de cansaço. Agora estava ainda mais nítido que havia algo de errado com ela. Logo chegou a hora do almoço, e como de costume sentaram-se juntos.

— Quer ser verdadeira comigo, uma vez na vida?  — Charles falou esmagando a batata que estava em seu prato. — Que mal que te aflige?

— Não tenho nada. — Ela sorriu fraco e voltou a mastigar sua comida.

— Eu te conheço o suficiente para saber que você não é assim. O que aconteceu contigo? — Ele a olhou, e percebeu que a mesma estava desnorteada. — Vic, pelo amor de Deus, se abre comigo.

— Tá! Tá! — Ela resmungou já ficando brava. — Hoje faz três anos que estou aqui, jogada, e abandonada. — Ela suspirou baixinho. — E nesses três anos, ninguém, e quando eu digo ninguém, é ninguém mesmo, veio me ver, para ver se eu ainda estou viva. — Ela tossiu fraco, era chato falar sobre isso, mesmo depois de tanto tempo, ela ainda não havia se conformado.

Charles sorriu, não sabia que era algo tão chato e pessoal, estava explicado a demora dela em falar o que realmete estava acontecendo.

— Achei que era pelo nosso beijo. — D
Ele brincou. — É como foi difícil resistir à mim. — Ele colocou a língua para fora.

— Cachinhos dourados. — Ela disse com calma e revirou os olhos devagar. — Você é como um melhor amigo para mim, nada mais que isso. — Ela fez um biquinho. — Só te beijei para ver uma coisa.

— Que coisa? — Ele colocou a mão embaixo do queixo para apoiar a cabeça.

— Eu queria ver, qual seria a sua reação bobinho! — Ela sorriu e se levantou, para levar a bandeija no devido lugar, mas ao invés de voltar para a mesa, a mesma sumiu no meio da multidão, ficando Charles sem entender nada para trás.

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