Garotas inocentes e estátuas.

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Os lábios de Charles eram quentes e macios, já os de Victoria eram rápidos e fortes. Suas línguas dançavam um tango, onde quem tocava a música eram os os estralos de seus lábios, hora desajeitados.
Na cabeça de Victoria passava um filme de como ambos haviam se tratado esses últimos dias, não havia motivo pra tal beijo, então porque continuar? Se não estava bom pra ela, para ele também não deveria de estar, então só restava uma opção, que era interromper o beijo.

— Charles, olha.. — Ela abaixou seu olhar, não sabia como o mesmo iria lidar com aquilo. — Não temos motivos para continuar, você sabe muito bem, que eu não estava no clima.

— Victoria. — Ele fez uma pausa dramática. — Você tava afim não tava?  — Ele pegou suas mãos, e agarrou as de Vic.

— Não, eu não estava afim. — Ele gargalhou, Victoria não tinha achado graça, mas talvez ele estava rindo de nervoso. — Você não pode sair por aí beijando garotas inocentes contra a vontade delas.

— O que? Perai. — A respiração de Charles estava tão rápida e forte que Victoria teve a certeza que estava no meio de um fogo cruzado. — É claro que estava, não fica se fazendo, desde de o primeiro dia tu me quis, eu sei, você não resistiu a esse corpinho sexy. — Cada palavra saia fazendo pausas, era como se ele pegasse fogo por dentro, mas por que ela iria mentir? Então, ela apenas negou com a cabeça. — Como assim não? Garota você tá vendo a gravidade disso? — Em um movimento certeiro, ela socou a parede ao lado da cabeça de Victoria.

— Eu... Eu... que-quero ir embora. — Ela estava em pânico, assustada, e com os olhos marejados, ele quase a acertou. E se tivesse errado a parede? Ela estaria morta no chão agora. — Amanhã conversamos, você não tá bem para falar disso agora. — Ela cheirava a medo, e engolia seco.

— Não! A hora de falar disso é agora! — Ele a prendeu com o seu corpo, por que todos agiam assim como ele? Ninguém gostava dele? Nem o queria por perto? — Diz que queria, vai... é só dizer.

— Pra que? Pra inflar esse teu ego medíocre? Porque você me falou coisas horríveis, e um beijo, que foi dado a força, não vai mudar nada, apenas piorar. — Ela falava com calma, apesar das palavras duras e o medo que sentia. — Agora me deixa ir. Por favor.

Charles a soltou, ela havia o tratado mal, sendo grossa com ele, e agora que começou a revidar um pouco ela não gostou. Talvez era assim que as coisas funcionassem mesmo. Não deveria te -la beijado, nem iniciado qualquer tipo de contato, afinal, ela era estranha demais para um cara como ele.
O dia amanheceu, parecia que aquele local filtrava a beleza do sol, deixando só as nuvens brancas serem vistas da janela.

— Todos no salão principal. — Ecoou uma voz através das caixas de som.

Vic foi uma das últimas a chegar, ela conseguia sentir o olhar de Charles em suas costas, a fuzilando com os olhos e sua reprovação no ar.

— Bom dia! — Um grande eco de "bom dia" se espalhou pela sala. — Com a ajuda de quatro psiquiatras e cinco psicólogos que acompanham vossos tratamentos, foi notado um grande avanço, que todos nós acreditamos ser verdadeiro.

O silêncio era tão grande e apreensivo que chegava a doer os ouvidos.

— Então resolvemos abrir o pátio, que ficou trancado tanto tempo. Para que vocês possam ter o mínimo contato com a natureza. — Todos gritaram de felicidade. Fazia tanto tempo que Charles não via uma árvore que temia não reconhecer quando visse uma. — Porém, os que retrocederem no tratamento terão que enfrentar um período sem ir na rua, e só poderão sair quando demonstrarem mudança, estamos entendidos? — Um grande sim, ecoou pelo cômodo.

Todos foram alinhados em uma fila indiana para que pudessem chegar ao pátio. Quando chegaram, o mesmo estava sujo, mas nada que uma bela limpeza não resolvesse. Ele tinha balanços que estavam lá a um século e estátuas gregas/romanas cobertas de limo.

— As regras são as mesmas, se divirtam, não se machuque e estamos de olho. — Ela gritou, saindo do pátio.

Chalés se sentou junto as estátuas e Victoria em um dos balanços. Ambos não conseguiam tirar da cabeça o que tinha acontecido entre eles.

— Ah estátua, ela queria não é? Ela queria até mais que um beijo eu sei. O que você acha? — Charles falava sozinho.

E alguns metros dele, se encontrava Victoria perdida em seus pensamentos.

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