Era estranho ver Charles tão afetivo com uma garota, porque se ela tivesse entrado na vida a três anos atrás, o veria na sua verdadeira forma, e com a verdadeira raiva exalando de seus poros.
Depois de tudo que foi falado, Charles se sentia no direito de contar para Victoria a verdadeira história, tirando aquilo de "Eles mereciam morrer", não teria porque esconder a história, se ela havia falado abertamente sobre o que aconteceu com ela.— Olha... Eu quero te contar a minha história agora. Eu sei que não é um dos melhores momentos, mas tá afim de escutar? — Ele sorriu fraco, e se afastou, se sentando com a coluna reta em frente a Victoria.
— Tem certeza de que, é o momento? Não vai se arrepender? — Ela secava as lágrimas, seu rosto estava todo vermelho e seus olhos inchados de tanto chorar. — Eu vou te ouvir, afinal, é a melhor coisa que faço desde que nasci.
— Tá bom... Então te ajeita que lá vem história. — Ele fez uma pausa dramática, tipo aquele atores de drama, só faltava colocar a mão na testa. — Te lembra que eu falei que fui criado pela minha tia, porque minha mãe morreu parto, meu pai não aceitou e sumiu no mundo. — Victoria concordou com a cabeça. — Então, eu sempre fui meio sozinho, e quando eu fiz sete anos, eu comecei a ter um amigo imaginário sabe? — Victoria sorriu fraco. — O que foi?
— Eu também já tive uma amiga imaginaria, e olha.. não tem problema nenhum, afinal acho que todos nós em alguma parte da vida, ficamos tristes e solitários o suficiente pra inventar alguém perfeito, que nos escute, e converse com a gente, tudo pra não nos sentirmos sozinhos. — Victoria, disse e cruzou os braços, na altura do peito, o olhando. — Continue.
— Ok.. Só que diferente dos outros amigos imaginários ele não era 100% bonzinho, ele pedia pra mim fazer e falar coisas horríveis. Então quando eu estava com treze anos, eu me tornei o "malvadão" da escola, eu não tinha amigos, não tinha namorada, nem mãe. O que resultou em sempre ser temido na escola, e tem mais, o pessoal achava que eu era louco. — Ele passou a mão no cabelo.
— Você fazia bullying com os outros? — Victoria estava intrigada, porém não estava surpresa.
— Não.. Eu nem falava com eles, mas eles tinham medo, só porque eu não tinha ninguém, eles achavam que eu tentaria matá-los. — Ele tossiu seco. — Depois que eu parei de ver o "amigo imaginario" ele se tornou a minha consciência, digamos assim. — Victoria arqueou uma das sobrancelhas. — Ele alimentava uma raiva e força que nem eu sabia que eu tinha, eu poderia explodir a qualquer momento, e levar uns três ou quatro junto comigo. — Ele mexeu no uniforme, ele tinha desgosto por tudo aquilo, talvez estivesse arrependido de seus atos. — Então, o verdadeiro motivo, de estar aqui hoje, é que em treze de julho, a dois anos atrás eu matei cinco caras. — Victoria arregalou os olhos, estava surpresa, ele não parecia ser tão ruim assim. — Eu estava caminhando sozinho uma noite, indo pra casa, quando cinco caras me abordaram, perguntando o que eu fazia na rua, eles tinham uma faca, e tentaram me assaltar... E eu reagi, levei um facada entre as costelas, mas foi "de raspão" e eu matei todos, com essa mesma faca, depois de ter batido tanto neles.
— Meu Deus Charles... mas foi legitima defesa.. — Victoria tinha um tom de voz calmo e seguro.
— E foi.. Então quando fui julgado, me julgaram por isso, e viram todo meu histórico de problemas e me jogaram aqui.. Só que depois de tanto tempo que isso aconteceu, eu ainda tenho quase que total certeza de que eu queria matar, qualquer um, e eles tentarem fazer aquilo, alimentou a minha raiva e eu fiz o que tanto queria. — Ele mordeu o lábio. E sorriu. — Mas eu nunca vou te fazer mal. Na real, era pra mim te odiar, porque tu quase me deixou sem poder ter filhos, sua doida.
— Olha aqui, foi você que começou, ninguém mandou rir de mim querido. — Ela sorriu.
Talvez agora, que todas as barreiras estavam quebradas entre os dois, ambos poderiam se dar uma chance de viver algo, ou talvez agora que poderia os afasta-los de uma vez. Victoria se encontrava em um estado, que retrocedia com os dias, e Charles estava querendo melhorar. E tentar de uma vez por todas, mudar.
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The Asylum
Novela Juvenil"Do amor para o ódio, é um passo". Em um manicômio localizado no interior de NY, acontecia coisas que ninguém conseguia imaginar, afinal, depois que você entrava para tratamento era quase que impossível sair. Naquele local, que tinha suas paredes pi...