Amor e a dor

73 28 0
                                    

Amor e a dor andam lado a lado em uma rua estreita e longa. Andam de mãos dadas e nunca se afastam, são almas gêmeas.
O grande abismo que havia dentro do peito de Victoria e Charles era notado, de longe por qualquer um que passasse perto deles. Juntos eram um só, lutavam por um objetivo em comum, separados não funcionavam, seus problemas aumentavam e nada parecia estar em seu devido lugar.

A noite foi conturbada, Victoria passou a madrugada a enfermaria, havia tentado fugir e quando foi pega, resistiu, o que a fez ganhar alguns hematomas pelo corpo. Charles por sua vez, gritava sozinho no quarto, sua medicação foi aumentada, afim de controlar seus ataques de raiva e suas falas por impulso. Ele era uma bomba relógio.

O dia amanheceu úmido e quente. O sol brilhava forte no céu que estava azul com algumas nuvens, e as aves migratórias estavam voltando ao seu local de origem.

Nada estava diferente, a não ser o fato de que Charles estava próximo mas ao mesmo tempo distante. Era como se seu corpo estivesse ali, porém sua essência já estivesse em outro lugar.

— Bom dia docinho. — Victoria disse se aproximando de Charles que estava sentado em um dos bancos do jardim, ela podia dizer que ele estava alterado, pois sua perna estava sendo sacudida de uma maneira estranha. — Aconteceu algo durante a noite?

— Sim. — Ele respondeu seco, estava ansioso. Suas mãos tremiam e estava começando a desenvolver bruxismo por causa do uso contínuo de Sais de Lítio. — E não. Na verdade, nada mais sentindo. — Ele disse e levantou o olhar, encarando os olhos escuros de Vic.

— Vamos, se abra comigo. — Ela sorriu gentilmente. Estava cheia de dor, e com alguma dificuldade se juntou a ele no banco. Ela o olhou nos olhos, que estavam em um tom acizentado naquele momento. — Você está agitado. Aumentaram sua dosagem? — Ela questionou pegando na mão de Charles. Um era apoio do outro, quando um caia, consequentimente apenas o outro era capaz de levantar.

— Fada. Sim. Eles aumentaram. — Ele falou pausadamente. — Eu quero quebrar eles no meio, na base da porrada. — Charles se levantou, estava respirando forte.

— Charles, senta. — Pediu Victoria calmamente, olhando para ele. Charles estava no meio de uma de suas crises, e por mais que Victoria sentisse medo, ela e sentia obrigada a ajudar. — Vem, senta aqui no banco. Vai ficar tudo bem.

— Mas.. Mas... — Charles se sentou, tinha medo de machucar Victoria no impulso. — Eles precisam pagar pelo que fizeram. — Ele a olhou, a mesma o encarava. — Ms desculpe por isso, é que as vezes eu perco a noção..

— Não precisa se desculpar. — Victoria respondeu o interrompendo. — Todos nós, temos o direito de jogar tudo pro alto e querer se vingar de algo ou alguém. Alguma vez na vida. — Ela passou a mão no cabelo de Charles que estava solto, e todo bagunçado. — Você acaba de andar cinco casas. — Ela disse baixinho e beijou a bochecha de Charles.

— Vic. — Ele falou, olhando os braços da mesma que estavam cheios e hematomas. — O que aconteceu? Eles fizeram algo?

— Não.. — Victoria negou com a cabeça. — Isso não importa agora. O que importa é você.

Talvez o amor seja isso, se colocar no lugar do outro, tomar as dores do outro e se colocar em segundo plano. E se o amor fosse isso mesmo, Victoria havia aprendido o básico de como amar alguém, e seu coração agora, estava feliz, por estar ao lado de seu primeiro e verdadeiro amor. Charles.

The AsylumOnde histórias criam vida. Descubra agora