Nada nunca vai mudar

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Todos os quartos do manicômio eram padrões, e para evitar que possíveis danos acontecessem, neles continham um botão de emergência.
Era 02h30m quando Victoria acordou em choque, faltava ar suas veias e seu pulmão parecia estar cheio de água. Ela estava sucumbindo, seu corpo pegava fogo, não conseguia dormir. As vozes de suas lembranças a atormentavam cada vez mais, e agora que ela estava disposta a tratar Charles de uma maneira "moderada" as coisas aconteciam. Os flashes de suas lembranças obscuras, das mãos de seu padrasto passando em seu corpo contra sua vontade, seria apenas um sonho? Ou ela estava entrando em um colapso, então, sem pensar duas vezes ela bateu no botão, e esperou que os enfermeiros viessem a salvar.
Amanheceu, Charles andava pelo refeitório, procurando por Victoria, ele queria conversar com ela, pois talvez no fundo de seu coração, acabou se formando um amor, ou seria apenas um carinho? Ele não sabia a resposta, mas estava afim de jogar os dados e deixar a sorte e o humor de Vic guia-los, nem que fosse para o abismo de seus corpos. A sensação de ver Victoria chegar no refeitório, era louca, ele tinha acabado de contar um pouco de sua história e ela não havia fugido, nem questionado.

— Oi.. Bom dia.. — Havia algo de errado com Victoria, ele percebeu quando chegou perto e sem querer esbarrou no seu braço e ela se retraiu totalmente. — Quer sentar comigo?

— Oi.. — Ela falou baixo, olhando para as bandeijas, quando ele sem querer esbarrou nela, as emoções ruins voltaram. — Pode ser.

Quando ambos se sentaram, um de frente para outro, Charles percebeu os olhos inchados de Victoria, parecia que ela havia tomado dois socos no meio da cara, e foi aí que ele percebeu que ela teve uma noite ruim.

— Quer falar sobre o que aconteceu contigo durante essa noite? — Ela permaneceu quieta, parecia uma boneca de pano sem vida. — Sua cara de acabada te entrega.

— Nada.. foi só algumas coisas que eu cheguei a conclusão e acabei não gostando. — Ela passou o indicador na borda do copo de plástico. — Sabe, eu tô aqui a tanto tempo, e quando eu acho que as coisas estão se modificando e aí eu volto pro mesmo lugar, sempre nesse luping.

— O que? O seu tratamento? Pra mim você parece a mesma de quando te encontrei. — Havia dor nos olhos de Victoria e na sua voz havia mágoa. — Talvez seja hora de me contar as coisas, e desabafar um pouco.

— Talvez você tenha razão. Mas antes de tudo, vamos para rua, e eu não quero julgamentos. — Ela se levantou e saiu andando, deixando a bandeija para trás, então Charles saiu correndo atrás dela.

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