Victoria exalava felicidade, era a primeira vez em anos que conseguia se abrir para alguém que não era sua psicóloga. Mas o medo ainda não havia passado, sempre que sentia as mãos de Charles abraçar seu corpo, a mesma sentia calafrios, e as famosas "borboletas no estômago". Não estava pronta para amar, não sabia amar, mas estava disposta a aprender.
Charles por sua vez, parecia mais calmo, começou a cuidar mais da aparência física, por mais que a sua cabeça estivesse em uma constante tempestade.— Você não precisa ser forte o tempo todo. — Victoria falou, e sorriu. — Conversar sobre o que acontece dentro da nossa cabeça, com alguém, que não seja um médico, que está sendo pago para ouvir, não tem preço. — Ela acariciou o cabelo de Charles. — Posso fazer trancinhas? — colocou a língua para fora, em forma de brincadeira
Charles estava sorrindo bobo, lembrando de como Victoria estava disposta a ouvir, e se dedicar a ele.
Quando o jardim foi aberto pela manhã, Charles foi o primeiro a chegar no mesmo. Ele correu de um lado para outro a procura de uma flor especial para Victoria.— Bom dia, "flor do dia" — Ele sorriu, enquanto escondia a flor atrás de suas costas. — Adivinhe, o que eu tenho aqui atrás.
— Hummm..— Victoria estava sonolenta, os remédios para dormir, eram fortes demais, e junto com os anti-depressivos a deixavam zonza o dia todo. — Você tem, uma toalha? — Ela fez cara de pensativa e começou a rir — Porque parece que alguém andou tomando banho esses últimos dias.
— Toalha? — Charles perguntou e logo começou a rir. — Não bobinha, é uma flor. — Ele revelou a flor, que era azul, igual ao céu daquela manhã, que não tinha nuvens. — Porque o que nós sentimos é azul. — Ele deu um beijinho na cabeça de Vic, e colocou a flor atrás da orelha da mesma.
— Ah.. você está fofo hoje. — Ela sorriu, e o olhou, o sol pegava em seu rosto, o que fazia seus olhos verdes, ficarem com um toque acizentado. A mesma pegou na mão dele, e se assustou ao sentir o tremor e o quão frias estavam. — Porque está tremendo tanto?
— Vem comigo, dai te explico. — Ele a puxou para um dos bancos, e quando estavam perfeitamente acomodados, ele respirou fundo. — Novo tratamento, se chama sais de lítio. — Ele engoliu seco. — É pra me dar estabilidade emocional, me deixar mais tranquilo e também controlar a agressividade. — Ele a olhou, como ela era linda, ele agradecia a Deus por ter encontrado com ela, mas se ela descobrisse toda escuridão, ainda ficaria com ele?
— Mas pra que? — Ela falou e o olhou, ainda estavam de mãos dadas. — Por que tanto remédio diferente?
— Fada.. Eu tenho muitos problemas aqui dentro. — Ele apontou para a cabeça dele. — E esses problemas me fazem mal, me fazem ser um manipulador de merda, um egoísta que só pensa em mim. — Ele sorriu fraco, não gostava de falar sobre isso. — E eu tenho medo de te machucar, e não conseguir controlar, essa coisa que tem dentro de mim.
— Você não vai me machucar. — Victoria o interrompeu, ele respirava forte. — Não vai mesmo, e eu tenho certeza disso. — Ela sorriu e o abraçou, colocando sua cabeça no pescoço de Charles.
— Fada, me tira uma dúvida. — Charles perguntou, enquanto passava a mão pelo cabelo de Vic. — O que te chamou tanta atenção em mim?
— Olha, eu não sei. — Ela respirou contra o pescoço do mesmo. — Você é um bom ouvinte, é uma pessoa boa também, só não é quando sai por aí agindo como um louco.
— Mas eu sou louco, se não fosse, estaria livre não acha? — Ele riu olhando para as árvores.
— Puta merda cara. — Ela falou e riu também. — Você me entendeu. — Ela sorriu e desejou que aquele momento nunca acabasse .
A felicidade dos dois era contagiante, não havia nada, nem ninguém que pudesse estragar os momentos mágicos que estavam tendo. A semente que havia sido plantada em seus peitos, agora já começava a crescer, forte. Lutando contra seus demônios internos, a fim de, um dia poderem ficar finalmente juntos.
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The Asylum
Ficção Adolescente"Do amor para o ódio, é um passo". Em um manicômio localizado no interior de NY, acontecia coisas que ninguém conseguia imaginar, afinal, depois que você entrava para tratamento era quase que impossível sair. Naquele local, que tinha suas paredes pi...