Último capítulo!!

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Emily narrando

Passei o dia todo arrumando o espaço, tava grávida e não doente, queria tudo do meu jeito. Alexia não ligava muito pra isso, então decorei tudo, de uma forma que ela ia amar também. Nessa reta final lembro muito do João, como eu queria ele aqui comigo, acho que ele ia ficar bem feliz. A Dafiny voltou para o Rio, e a Sofia tá enorme já com 8 meses, ela é a cópia do PH, é até engraçado porque ela não tem nada da Dafiny. Espero que a Maju puxe ao João, ia sempre lembrar dele quando olhasse pra ela.
Terminei de arrumar as coisas e desci pra me arrumar, quando eu cheguei em casa a Dafiny tava lá me esperando.

- Ainda não tá pronta? - perguntei estranhando porque ela é sempre a primeira a se arrumar

- Eu queria te fazer uma pergunta, quero que você seja bem sincera.

- Tá, fala logo que eu sou ansiosa - falei sentando

- É isso mesmo que você quer? Ser dona de tudo isso só pra ficar presa em algo que lembre o João?

- Sim, eu sinto que devo fazer isso, sabe? Algo em mim gosta e quer ficar lá,  eu sei que se ele tivesse vivo, não ia gostar nem um pouco.

- Ainda bem que você sabe, eu só quero que tome cuidado, esse morro é sempre invadido, então se você for comandar tem que tá pronta pra tudo, só não esqueça que tem uma pessoa que vai depender de você pra tudo.

- É eu sei, isso um dia vai ser dela, e ela pode lembrar sempre do pai nesse morro, mesmo que ela não tenha conhecido. Não quero ir pra longe e tirar as raízes dela. Não quero que ela seja mimada com tudo que nem eu, quero que ela corra atrás das coisas, acho que foi isso que seu pai ensinou a vocês.

- Sim, ele ensinou isso e muitas outras coisas que eu tenho certeza que o João ia querer ensinar pra Maju.

- Ele ia mesmo - sorri lembrando

- Você sabe que pode contar comigo pra tudo, vocês são parte de mim, e sempre vão ser.

- Você é muito importante pra mim. - nos abraçamos e ela foi embora.

Os meninos se preocupam demais por eu tá comandando o morro, eles querem me preparar pra tudo. E com a Maju vindo, eu tenho a maior certeza que é isso que eu quero continuar com o que o João deixou.
Fui me arrumar e a Maju não chutava, isso é bem estranho porque ela sempre tá chutando ainda mais quando alguém fala sobre o pai, parece que sente, e hoje ela não fez isso, nenhuma fez.
A cada dia que passa eu fico mais ansiosa, tá perto dela chegar, eu já deixei tudo pronto, até o quarto e como a Dafiny tá aqui ela vai me ajudar nos primeiros dias, porque eu não sei nada. Fui me arrumar e coloquei um vestido que deixava minha barriga enorme.
O chá de fraldas tava lindo, tudo do jeito que eu e Alexia queria. Só de imaginar tudo que eu passei e agora grávida, é, o destino foi bom comigo.

- E ai, meninos, cadê as meninas? - perguntei sentando do lado do PH e HR, meus dois melhores amigos.

- Se arrumando, já não sabe. - HR falou sem paciência - Agora vou buscar a Alexia, marca um 10.

- PH, tem um tempo que eu quero te falar isso, mas não sabia se você ia querer. Você quer ser o padrinho da Maju? Sei que era o melhor amigo do João e sei que ele ia fazer o mesmo.

- Que honra, aceito sim. - me abraçou

- Tá abraçando meu macho dona Emily, vou deixar você careca - A Dafiny chegou

- Me respeita sua maluca - rimos - O PH vai ser padrinho da Maju

- Tão fofa, e eu vou ser a tia mais babona desse mundo - beijou minha barriga

A tarde foi assim, agradável, tinha poucas pessoas, algumas que fizemos amizades no morro e alguns chefes de outros morros que vieram por causa do João, até agora a Maju era sua única herdeira, a Yasmin sumiu muito antes dele morrer e até hoje não deu sinal de vida.
As meninas inventaram uma brincadeira estranha lá, quando eu tava respondendo as perguntas eu comecei a fazer xixi quando eu olhei pra Alexia ela também tava.

- A bolsa estou - falamos juntas

- Vão nascer - falei rindo e na mesma hora veio uma contração, a Alexia tava gritando de dor, ela era muito sensível, eu tava aguentando as contrações dentro do carro de boa, quando chegamos na maternidade bateu o medo.

- Dafiny não entrar, tô com medo, me leva pra casa - falei com um pouco de dificuldade por causa da contração - AAAAAAAA tá doendo

- Alguém ajuda aqui, ela tá parindo, socorro - a Dafiny falou chamando atenção de todo mundo.

Uma médica me levou pra sala de parto, e só tinha eu, ele, a Dafiny e duas enfermeiras.

- Empurra -  a médica pediu

- EU TO EMPURRANDO, VOCÊ É CEGA! - falei com raiva - AAAAAAAAAA

- Empurra de novo - Eu já tava ficando sem paciência, eu tava empurrando, essa médica é cega, só pode.

- AAAAAAAAA- segundos depois o chorinho que ia mudar minha vida, a Maju tava ali no meu colo, a cópia do João.

E é essa hora que eu e você agradecemos a Deus, pois mesmo um sem o outro temos a Maria Júlia que é um pedaço de nós dois. Vou fazer o possível e impossível por nós três.

No morro da maréOnde histórias criam vida. Descubra agora