ℋenrique acelerou o carro.
Assisti o restaurante ficando cada vez menor no espelho retrovisor, até finalmente desaparecer por completo do meu campo de visão. Tinha a certeza de que aquela seria a última vez que eu veria aquele restaurante na minha vida. Respirei fundo, enquanto assistia pela janela os prédios ficando cada vez mais altos e tinha certeza de que estava bem longe de casa.
Henrique apontou para o cume de um dos prédios mais altos contidos naquela região, fazendo com que eu direcionasse o meu olhar na mesma direção em que ele apontava com o seu indicador, vislumbrando uma construção enorme, que daria facilmente para ser vista de Marte pela sua magnitude. Ficava cada vez mais assustado a medida que nos aproximávamos do prédio, pois ele parecia cada vez maior como se a qualquer momento fosse ultrapassar as nuvens e tocar o céu.
― Eu moro nesse prédio aí! ― disse ele por fim com um sorriso aparentemente orgulhoso no rosto.
― É um belo prédio! ― disse ainda assustado com o tamanho daquela construção. Como o homem era capaz eu de fazer algo tão grandioso assim?
Eu tinha contado apenas dez minutos desde que saímos do restaurante até aonde estávamos agora. Talvez fosse por isso que Henrique comia ali sempre. Não era longe da sua casa, além de ser um restaurante com uma comida maravilhosa. Nunca havia provado algo tão divino até aquela noite. Provavelmente aquela seria a primeira e última vez que comeria tão bem, mas guardaria o sabor daquela comida para sempre comigo.
Ao chegar na frente do prédio em que Henrique morava, olhei-o de baixo para cima e senti uma tontura invadir minha cabeça por um instante. O céu se movia acima do prédio dando aquela sensação de movimento, como se à qualquer momento aquela estrutura fosse desabar sobre mim, portanto voltei a abaixar o olhar encarando o retrovisor. Henrique entrou pela garagem do prédio e estacionou o seu carro. Haviam dezenas de carros das melhores marcas estacionados ali. Fiquei completamente embasbacado com tudo ao meu redor e ainda nem tinha entrado no prédio.
Assim que descemos do carro, Henrique anunciou que teríamos de pegar o elevador e assim foi. Esperamos alguns minutos até que as portas do elevador se abrissem para nós e finalmente entramos. Henrique apertou o botão para o último andar. Fazia total sentido ele morar numa cobertura, tendo em vista todo o dinheiro que o fazia levar o título de bilionário.
Assim que as portas se abriram, um pequeno corredor a nossa frente era visível. Caminhamos até uma porta cinza com um olho mágico na altura de nossas cabeças. Tínhamos praticamente a mesma altura, talvez apenas alguns centímetros de diferença. Eu media cerca de um metro e oitenta. Gostava da minha altura. Eu não era uma aberração colossal e também não era um anão. Costumava pensar que tinha a altura certa.
Henrique abriu a porta e me convidou a entrar. Passei primeiro, dando os primeiros passos para o interior de seu apartamento e ele logo em seguida fechando a porta atrás de si. Fiquei completamente estupefato com o que os meus olhos vislumbravam. Uma grande sala com uma lareira e um belo sofá de três lugares ocupavam o canto esquerdo da sala. Havia também alguns quadros na parede de pintores que eu não conhecia e nem me daria o trabalho de perguntar quem eram. Algumas plantas enfeitavam os cantos das paredes de tijolos amarelos. Havia também alguns vasos e quadros com fotografias sobre a lareira, além também de uma bela televisão que poderia facilmente ser confundida com uma tela de cinema.
― Sinta-se em casa! ― disse ele com um sorriso polido. ― Mi casa es tu casa!
Ele me convidou a sentar no sofá de cor preto carvão e assim eu fiz. Ele tirou o blazer deixando-o sobre o seu antebraço e folgou a sua gravata, tirando-a em seguida e segurando em suas mãos. Eu o assistia fazendo tudo aquilo e nem me dei conta de que estava-o olhando mais do que deveria. Apenas me perdi em suas ações e nem sequer havia percebido. Ele sorriu para mim de maneira amigável.
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Quem dá mais por ele?
RomanceQuem dá mais por ele? É o que eu escutava aquela noite inteira. Estava quase chegando a minha vez de ser leiloado. Confesso que eu estava bastante nervoso com o fato daquela licitação, mesmo sendo vendido em benefício daquela instituição para gays d...