⊱Vinte e um⊰

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enrique me prometera um hambúrguer.

Saímos antes do jantar. Tinha comido alguns aperitivos, mas aquilo não dava para tapar nem o buraco do dente. Depois de passarmos algum tempo abraçados até que ele tivesse desabafado totalmente a sua tristeza, finalmente conversamos e eu disse que estava faminto, então ele prometeu me levar até uma lanchonete para comer alguma coisa, afinal ele já havia me prometido bastante comida grátis quando me convidou para o casamento da sua irmã, não podia me deixar voltar para casa de barriga vazia.

Acabamos parando no burguer king. Já havia provado o hambúrguer de lá e era simplesmente maravilhoso. Amava o gosto do queijo cheddar derretendo na minha boca. Aquela sensação de um paladar preenchido com a explosão de sabores dentro da minha boca era algo pelo qual valia a pena pagar. As batatas fritas com bacon de lá eram ainda melhores. Mal podia esperar para comer alguma coisa ali.

Descemos do carro e seguimos para dentro do estacionamento. O estacionamento era exclusivo para os clientes e haviam alguns carros ali. Henrique conseguiu uma vaga, pois uma mulher com duas crianças estava indo embora, provavelmente depois de comerem, portanto acabamos pegando a vaga que a mulher abrira.

Lá dentro era bastante iluminado. Haviam muitas mesas com um tampo de madeira polida, enquanto seu pé central era de ferro. As cadeiras tinham assentos e escoras de madeira, no entanto as pernas eram de ferro. Muitas pessoas estavam ali reunidas provando daquela comida. Haviam famílias, amigos, casais de namorados, tudo junto e misturado, compartilhando a mesma coisa. O sabor.

Henrique foi até a fila para fazer os pedidos, enquanto eu o esperava em uma das mesas vagas, olhando-o de longe esperando a sua vez. Havia apenas um casal na sua frente. Uma mulher baixinha com shorts jeans e uma camiseta básica. Ela tinha cabelos escuros e cacheados e usava óculos de grau. O rapaz que segurava a sua mão o tempo todo era cheinho e usava uma camisa básica verde e uma bermuda jeans verde lodo. Ao longe, Henrique e eu trocávamos sorrisos e falas mudas, nos divertindo bastante com aquilo tudo.

Logo chegou a vez de Henrique e ele fez os pedidos que havíamos combinado antes dele sair dali. Eu pedi para ele comprar um hambúrguer para cada e um balde de batata frita com bacon e queijo cheddar. Ele pagou o lanche e pegou a nota fiscal para esperar a vez de ser chamado. Ele caminhou em minha direção e juntou-se à minha na mesa.

― Você pediu tudo? ― perguntei ansioso pela comida.

― Pedi sim! ― revelou Henrique fazendo um gesto positivo com a cabeça. ― Agora é só esperar ser chamado, não vai demorar muito!

― Tudo bem! ― dei de ombros com o estômago roncando. Pus a mão sobre a barriga para abafar o barulho do ronco. Esperava que Henrique não tivesse escutado. Pareceu que não havia. Estava distraído pensando.

― Olha, obrigado por tudo o que fez por mim hoje no casamento! ― disse ele por fim com um tom um tanto distante.

Pus a minha mão sobre a sua, o que fez ele elevar os seus olhos até que encontrasse os meus.

― Eu só fiz o que você me pediu!

― Eu não estou falando disso! ― falou contraindo os lábios. ― Falo de ter me abraçado e ficado comigo depois que eu desabei. Foi muito importante para mim. Não queria ter desabado daquele jeito na sua frente, mas eu não consegui me controlar.

― Henrique, todo mundo acaba desabando em algum momento. Você não tem que fingir ser forte o tempo todo. Eu sei que palavras machucam bem mais que uma ferida externa, pois é difícil tratar o que se está longe dos olhos. Isso só demonstra que você é humano!

Ele deu um meio sorriso colocando a outra mão livre sobre a minha que estava sobre a outra dele.

― Você já pensou em ser um psicólogo?

Quem dá mais por ele?Onde histórias criam vida. Descubra agora